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O fim do anti-aging: é hora de rever a maneira como enxergamos o envelhecimento

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Fulana está ótima para a idade que tem!” Certamente você já falou ou ouviu esse tipo de comentário sobre alguém que já passou dos 50 anos, sem perceber que existe aí um preconceito de que a mulher que já cruzou essa barreira etária fatalmente não pode ser atraente, linda e sexy como antes. Com os avanços da medicina e da ciência, a expectativa de vida aumentou – e tende a aumentar ainda mais. Portanto é hora de rever a maneira como enxergamos o envelhecimento para encará-lo de forma muito mais positiva.

Nas últimas temporadas de moda internacionais, modelos e personalidades com mais de 60 anos riscaram as passarelas e foram aplaudidas em todos os sentidos, caso da atriz Lauren Hutton, de 74 anos, que participou da apresentação da Bottega Veneta, e da top Maye Musk, de 69 anos (mãe de Elon Musk, superempreendedor e fundador da Tesla Motors, de carros elétricos), que além de desfilar para várias marcas, foi capa da Vogue coreana e estrela de um dos nossos editoriais na edição de agosto. Por aqui, na mais recente edição do São Paulo Fashion Week, Gloria Coelho recrutou para sua passarela mulheres de idades variadas, incluindo a cantora Marina Lima, de 62 anos.
No mês passado, quem estrelou a capa e o recheio da Allure, revista americana publicada pela Condé Nast (assim como a Vogue) e que é a bíblia do setor da beleza, foi a atriz inglesa Helen Mirren, de 72 anos. A imagem foi compartilhada exaustivamente no Instagram e ganhou artigos no site do The Guardian e no Huffington Post. Mais que estampar uma senhora com cabelos brancos e rugas em seu espaço mais nobre, a publicação declarou que vai parar de usar o termo “anti-aging” em suas páginas, num apelo para a indústria da beleza – assunto que já era debatido em blogs e nas redes sociais. “Ninguém aqui está sugerindo que se pare de usar retinol. Mas mudar a maneira como encaramos o envelhecimento começa pela maneira como falamos sobre ele”, escreveu Michelle Lee, diretora de redação.

Para a Vogue Brasil, também não faz mais sentido encarar o envelhecimento dessa maneira e com essa terminologia– afinal, o tempo não para. Felizmente, algumas empresas já estão conectadas com o conceito e vêm lançando produtos com mensagens mais positivas (e realistas). Em vez da promessa de “combater a idade” ou “reverter o ponteiro do relógio”, a nova geração de cosméticos propaga resultados mais razoáveis como pele radiante e saudável.

Médicos e nutrólogos também observam a mudança. No último Congresso de Medicina Ortomolecular brasileiro, passou-se a usar o termo “longevidade” em vez de “anti-aging”. “No meu consultório, não ouço mais ‘não quero ficar velha’. O que minhas pacientes querem é envelhecer bem, com a libido a mil, continuar viajando, tomando o seu vinho…”, diz a médica nutróloga Esthela Conde, de São Paulo.

Se depois dos 60 a pele começa a ficar mais flácida, na meia-idade se é mais feliz, conforme um estudo publicado no Journal of Clinical Psychology. “Ansiedade e estresse atingem o pico entre os 20 e 30 anos e tendem a diminuir à medida que ganhamos experiência e resiliência”, afirma Diego Tavares, psiquiatra do Grupo de Doenças Afetivas do Hospital das Clínicas, de São Paulo.

A ideia não é deixar de usar cremes para o rosto, muito menos abrir mão dos tratamentos no dermatologista ou de cuidar do corpo e da saúde (leia a seguir as melhores dicas), mas estar feliz e à vontade em sua pele, independente do número impresso na carteira de identidade. Afinal, beleza e juventude não são (e não podem ser) palavras sinônimas.

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