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Papa dedica missa no Chile às vítimas da ditadura de Pinochet

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O Papa Francisco dedicou a missa que realizou nesta quarta-feira (17) em Temuco, no sul do Chile, às vítimas da ditadura de Pinochet.

O pontífice lembrou que no aeródromo de Maquehue, onde foi celebrada a missa, “tiveram lugar graves violações de direitos humanos”. No local, funcionou um centro de detenção e tortura durante os anos da ditadura de Augusto Pinochet.

Algumas organizações de direitos humanos pediram que a celebração conduzida pelo Papa não fosse realizada no aeródromo, por causa das lembranças negativas que o lugar evoca.

Segundo a agência Efe, Francisco cumprimentará na quinta-feira, antes da missa em Iquique, duas pessoas que sofreram na ditadura de Pinochet e que lhe entregarão uma carta.

O Papa começou a homilia falando em mapudungun, a lingua do povo original: “Mari, Mari” (Bom dia) e “Küme tünngün ta niemün” (a paz esteja com vocês), disse.

Diante de dezenas de milhares de pessoas, agradeceu por ter visitado a região da Araucanía, elogiou sua beleza e cumprimentou “de maneira especial os membros do povo mapuche, assim como também os demais povos originais que vivem nessas terras austrais”. Ele dedicou o restante da homilia aos problemas indígenas da Aracaunía.

Temuco é o coração da terra dos mapuches, a etnia mais importante do Chile, que denuncia discriminação e abusos e reivindica a restituição de territórios ancestrais hoje em mãos privadas.

Francisco também se posicionou contra o uso da violência na luta pelo reconhecimento dos povos. “É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, afirmou, acrescentando que “não se pode pedir o reconhecimento aniquilando o outro, porque isso o único que desperta é mais violência e divisão”.

“É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, disse o Papa.

A “missa da integração dos povos” em Temuco reuniu uma multidão. Desde a madrugada, milhares de fiéis iniciaram a vigília no local, depois de percorreram mais de três quilômetros a pé.

Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco, nesta quarta-feira (17) (Foto: Vincenzo Pinto / AFP) Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco, nesta quarta-feira (17) (Foto: Vincenzo Pinto / AFP)

Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco, nesta quarta-feira (17) (Foto: Vincenzo Pinto / AFP)

Envoltos em mantas, ou em sacos de dormir, com gorros e parcas para suportar o frio do sul do Chile, os peregrinos aguardavam por horas a missa que oficiará o papa Francisco, o segundo pontífice que visita esta cidade depois de João Paulo II em 1987.

Ataques

Na madrugada desta quarta-feira (17), ataques com artefatos incendiários a templos católicos e a três helicópteros de empresas florestais foram registrados na região de Araucanía, onde fica Temuco, horas antes da visita de Francisco. Um dos conflitos deixou um policial ferido a bala, informa a agência EFE citando a polícia.

Almoço com mapuches

Após a missa desta quarta, o Papa almoçou com oito membros dos mapuches e conheceu as problemáticas e reivindicações da população. O almoço aconteceu na Casa Madre de Santa Cruz, a poucos quilômetros do Aeroporto Maquehue. O bispo de Temuco, Héctor Eduardo Vargas Bastidas, também esteve presente no encontro.

Fiéis esperam pelo Papa Francisco em Temuco, no Chile (Foto: Edgard Garrido/Reuters) Fiéis esperam pelo Papa Francisco em Temuco, no Chile (Foto: Edgard Garrido/Reuters)

Fiéis esperam pelo Papa Francisco em Temuco, no Chile (Foto: Edgard Garrido/Reuters)

G1

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