Em artigo no O POVO deste sábado (23), o juiz federal, professor universitário e escritor Nagibe de Melo aponta a necessidade da construção de soluções para a corrupção, criminalidade, desigualdade e pobreza, sem mágica. Confira:
Nossos problemas são os mesmos há anos. Às vezes eles aparecem com roupas diferentes, os mesmíssimos. O que nos falta são soluções, mas soluções não são mágica. Não é coisa de se encontrar perdida e dizer: pronto, aqui está! Nossos problemas acabaram!
A solução para nossa corrupção, criminalidade, desigualdade e pobreza não é como encontrar o Graal. Essas soluções precisam ser construídas lenta e trabalhosamente. Precisamos escolher caminhos e percorrê-los longos, passo a passo, mesmo com toda a gente a nos empurrar pra trás.
Faltam apenas quatro meses para as eleições, as mais importantes em muitos anos. Estamos apáticos. Nem a Copa empolga! Tudo parece farsa. As pessoas andam desalentadas, como se estivessem de ressaca de uma festa ruim.
Descobrimos, como se não soubéssemos, que a regra do jogo é a corrupção. O jogo é deles, a bola é deles, a gente só paga a conta. Vamos deixando como está para ver como é que fica. Não há no horizonte nenhum movimento cívico ou candidato capaz de nos fazer acreditar que é possível virar o placar. E olhe que estamos sedentos por acreditar em qualquer coisa.
Mesmo os caminhoneiros conseguiram, por uma semana inteira, reacender as esperanças do povo em uma demonstração perfeita do quanto estamos perdidos. Entraram em greve com apoio de 87% dos brasileiros. A direita fez a greve. A esquerda apoiou a greve. O governo chamou os militares para reprimir o movimento, que pedia a intervenção militar. A esquerda amava os caminhoneiros que amavam os militares que não amavam ninguém. Fiquei confuso.
Todo mundo quer uma solução, mas ninguém quer trabalhar por uma (ou os donos da bola não deixam). Que ela venha dos caminhoneiros, dos militares, dos estudantes, do governo, da Lava Jato ou do além, mas que venha pronta.
Parece que a solução do momento é tabelar o preço do frete.
blog do eliomar