O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira (6) a devolução dos salários recebidos, como se estivesse dando aulas, do atual embaixador do Brasil em Praga, República Tcheca, Márcio Florêncio Nunes Cambraia.
A Secretaria de Fiscalização de Pessoal, do TCU, descobriu que o embaixador acumula seu salário, entre os mais altos do serviço público, com o de professor da Universidade de Brasília (UnB), da qual está afastado desde 1985.
O Ministério das Relações Exteriores informou que o embaixador Márcio Cambraia é de fato professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel), da UnB, mas solicitou em dezembro de 2015 a “continuidade” de sua “licença sem ônus”, tendo em vista designação para atuar como diplomata no exterior. No mesmo documento, ao qual o Diário do Poder teve acesso, o professor José Flávio S. Saraiva, diretor do Instituto, de próprio punho, concede a licença ad referendum do Irel. Apesar disso, os salários de professor continuaram a ser pagos, segundo informou a auditoria do TCU.
A informação foi divulgada em primeira mão pelo jornalista Cláudio Humberto, em sua coluna publicada simultaneamente em 45 jornais, além do portal Diário do Poder à meia-noite. Cerca de 13 horas depois, às 12h48, o site da Folha de S. Paulo também publicou a informação, mas, equivocadamente, informou que “a Folha antecipou” auditoria na verdade divulgada antes pelo nosso colunista.
O embaixador Cambraia esteve licenciado até junho de 2015, e recebe como se estivesse dando aulas a 9.600 km do seu local de trabalho. Ele ganha US$21 mil (R$67,8 mil) como embaixador, estima o TCU, e como professor embolsa R$10,7 mil mensais, mas na prática ele recebe valores que sofrem a lei do “abate teto”.
O caso ministro Walton Alencar determinou também apuração de responsabilidades na UnB, para verificar quem autorizou o pagamento de salários a alguém que se encontra fora do País.
Diário do Poder