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Uma forma de vencer os sintomas da ansiedade

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A ansiedade foi algo com que Ingrid* precisou aprender a lidar há cerca de um ano, em uma viagem entre amigos para Jericoacoara. O que deveria ser um momento divertido tornou-se angústia para a jovem, que teve sua primeira crise de ansiedade quando estava subindo o Serrote, um dos pontos turísticos da Cidade. “Eu parei no meio da trilha e comecei a chorar, faltava o ar. Fiquei pensando em formas de descer, mas eu tava no meio daquilo, eu tinha que subir. Então eu subi engatinhando e chorando muito, achando que ia escorregar e morrer”, conta.

 

Depois desse episódio, a jovem passou a ter preocupações excessivas e pressentimentos ruins, até que chegou um momento em que já não queria sair de casa. Foi então que ela, com ajuda da mãe, passou a se consultar com um psiquiatra. “O médico me receitou dois remédios. No início, não me senti muito confortável para tomar, mas percebi que tinha que ser. Aí, com o passar do tempo, fiquei ótima”, conta, ressaltando que, com isso, conseguiu retornar à rotina. “Graças aos medicamentos, à terapia, aos psicólogos e à minha força de vontade.”

O caso de Ingrid é mais um dos caracterizados como transtorno de ansiedade. Taquicardia, medo, preocupação excessiva e tremores são sintomas do problema, que atinge pouco menos de 10% da população brasileira, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com esse quantitativo, o Brasil é o país com maior taxa de pessoas com o transtorno no mundo. Procurar ajuda psicológica e praticar atividades físicas são ferramentas para aliviar as crises.

Raíssa Serpa, psicóloga do Hapvida, destaca que cada pessoa pode sentir o transtorno de forma diferente, assim como reagir a ele. “Uma pessoa com esse diagnóstico pode ter medo de sair de casa e o alívio dos seus sintomas ser o conforto do seu quarto. Mas para outra pessoa com esse mesmo quadro ansioso a forma de aliviar seus sintomas físicos e emocionais pode ser sair de casa e se comunicar com pessoas”, explica. A profissional destaca que o problema pode ter causas multifatoriais, englobando meio social, experiências de vida e questões fisiológicas e psicológicas. “É importante analisar cada área da vida do sujeito com esse transtorno para as intervenções serem voltadas para o que está sendo mais prejudicado no momento”, pondera.

Formas de aliviar o problema

Raíssa explica que o ser humano tende a encontrar diferentes estratégias para melhorar os sintomas do transtorno. No entanto, realizar atividade física contribui positivamente, uma vez que promove sensação de bem-estar e distração dos sintomas ansiosos. O profissional de educação física Vilson Borges, coordenador do Hapvida + 1k, explica que os exercícios físicos liberam endorfina, o que causa relaxamento pós-exercício e que algumas atividades específicas podem gerar bons resultados.

“Têm atividades que geram autocontrole e exigem concentração, como yoga e o treinamento de corrida. A OMS, por exemplo, indica realizar 150 minutos de atividades físicas semanais. Isso quer dizer três sessões de 50 minutos. É interessante que você esteja em dia com essas atividades. Pode ir alternando em um dia sim e outro não.” A natação, segundo Borges, também é uma atividade que alivia os sintomas de ansiedade. “Quando a gente se concentra nadando é como se estivesse sozinho naquele momento. O ambiente da água e o silêncio fazem com que você se concentre apenas em você”, destaca. “Quando você se olha e se avalia, percebe em qual nível você está na ansiedade.”

Borges frisa que realizar exercícios que estimulam o contato com a natureza, como ciclismo, também é uma alternativa válida. Além disso, há outras formas de melhorar os momentos de tensão, explica a psicóloga. “Leitura, escrita ou algum tipo de trabalho manual também podem servir para contornar desconfortos físicos. Apesar de não ‘curá-los’, pode gerar distrações momentâneas, o que pode deixar a pessoa exercer sua autonomia e funcionalidade.” Raíssa pondera que é possível lidar com a ansiedade de forma mais saudável, pois é um sentimento inerente a todos. “Porém, é importante que haja continuidade ao acompanhamento psicológico e que o sujeito encontre as estratégias com as quais mais se identifica para conseguir manejar os sintomas ansiosos.”

Dia após dia

Ingrid, diagnosticada com transtorno de ansiedade em 2017, ainda sente alguns sintomas e, para cuidar da saúde, modificou a rotina. “Ainda lido hoje com uma batalha constante, mas tento pensar positivo, como meus terapeutas me ensinam. Graças a Deus, a minha família tem condição pra me dar tudo que preciso, como acesso a terapias e remédios.”

Ingrid também conta com um personal trainer, que passa exercícios que a ajudam a vencer os sintomas do transtorno. “Tenho muita ansiedade. Então, descarrego nos exercícios. Corro, faço flexão, abdominais, exercícios de agachamento. É um funcional. Alivia a minha tensão, frustração e raiva.” Ingrid acrescenta que também costuma realizar atividades na piscina. “É muito relaxante.”

*Foi usado nome fictício, pois personagem preferiu não ser identificada.

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