Morre guardador de carros Capoeira, que ficou famoso após ajudar idosa em alagamento

A morte foi em 7 de maio, mas só nesta terça-feira (23) veio a público. O site Razões Para Acreditar, que capitaneou uma campanha que arrecadou dinheiro para comprar uma casa para Capoeira, postou uma mensagem lamentando o óbito. O G1 confirmou a informação com familiares.

Após passar mal na casa de parentes, Capoeira foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Costa Barros, na Zona Norte do Rio, onde já chegou em parada cardiorrespiratória. Na unidade, médicos tentaram manobras de ressuscitação, mas não tiveram sucesso. A causa da morte foi registrada como “parada cardiorrespiratória de causa indeterminada”.

Viúvo – a mulher morreu atropelada anos antes em Copacabana –, Varlei tinha um filho de 11 anos, que é criado pela irmã, a quem o menino chama de “mãe”.

Após o vídeo (veja acima) com seu gesto ganhar o mundo, uma vaquinha virtual organizada pelo Razões Para Acreditar e apoiada por vários artistas arrecadou, em menos de 12 horas, R$ 100 mil – mais que o dobro da meta estabelecida, que era de R$ 40 mil.

A atriz Fernanda Rodrigues, que ajudou na campanha, postou nesta terça-feira ao saber da notícia: “Triste com a partida do Capoeira… Feliz de ter vivido esse sonho com ele! Vá em paz querido”.

A também atriz e participante da corrente de apoio Alice Wegmann postou uma foto de Capoeira com o filho (veja abaixo): “Vamo mandar todo amor pra que ele fique em paz e pra que os corações dessas famílias sejam confortados”.

Com o dinheiro arrecadado, Capoeira comprou duas casas no mesmo terreno na Pavuna, Zona Norte. Morava em cima e deixou o imóvel no térreo para a irmã Claudilene Rocha, que criou o filho de Capoeira, viver com o companheiro e os cinco filhos – incluindo aí o sobrinho, a quem também faz questão de chamar de filho.

No temporal do dia 8 de abril de 2019, Capoeira, que trabalha como guardador de carros nas imediações da Avenida Prado Júnior com Rua Ministro Viveiros de Castro, em Copacabana, foi flagrado em vídeo montando uma ponte com caixotes para ajudar a moradora Anuzia Correa, de 86 anos, a atravessar a rua, que estava completamente alagada.

Capoeira, que há 20 anos guardava carros na região, contou já ter sido barraqueiro na praia e cortador de cana em Sapucaia, município no interior do estado.

“Eu nunca me senti tão querido pelas pessoas, assim, na minha vida. Eu me sentia uma pessoa sozinha no mundo.Só eu e meu filho”, disse Capoeira, logo após o reconhecimento com o gesto, no ano passado.