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Com diminuição de 95% nas corridas, taxistas devolvem carros de trabalho em Fortaleza

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Após a redução de 95% nas corridas de táxi, com procura média caindo de 3,5 mil ao dia para 175, segundo Sindicato dos Taxistas (Sinditaxi) de Fortaleza e Região Metropolitana, muitos profissionais se viram com dificuldades em meio à pandemia para manter o pagamento de seus carros de trabalho e estão devolvendo os veículos.

A categoria não sabe quantos carros foram devolvidos, mas tem conhecimento do ‘movimento’. Os profissionais relatam as necessidades enfrentadas durante o crescimento de casos do novo coronavírus em Fortaleza.

Taxista há mais de 12 anos, Silvio Vidal, 40, pagava mensalmente o aluguel de um veículo, porém, precisou devolver o carro de trabalho e suspender as atividades na metade de abril.

Antes da pandemia, o taxista arrecadava cerca de 200 reais ao dia, mas viu o número reduzir para 10, 20 e, em raros casos, 50 reais, renda insuficiente para cumprir o pagamento mensal de 500 reais pelo carro alugado. Durante algumas semanas de março, Silvio chegou a completar a renda com as próprias reservas, mas posteriormente percebeu que não teria como sustentar o pagamento.

A tristeza pela perda foi grande, principalmente por ser um serviço que percorre a rotina de vários familiares. Com pai, tio e primo no trabalho, diz ser uma atividade que vem do berço. “Foi mesmo que tirar o meu chão. Ali era a minha fonte de renda, não tinha mais como estar levando nada para dentro de casa”, compartilha.

Com a retomada gradual da economia em Fortaleza, o taxista retornou “à praça” na última terça-feira (11). Sentindo o movimento das ruas, espera ter condições de manter o pagamento de um novo aluguel.

“Ainda é uma situação muito difícil porque nós taxistas dependemos muito de eventos, de turismo, de escola, de todo o sistema estar bem para ficar bom para nós. Mas a esperança é de dias melhores”, finaliza.

Grupo de risco

 Com 33 anos de profissão, o taxista José Alberto da Cunha Júnior, 52, precisou suspender as suas atividades durante a pandemia por se enquadrar no grupo de risco — Foto: Arquivo pessoal

Com 33 anos de profissão, o taxista José Alberto da Cunha Júnior, 52, precisou suspender as suas atividades durante a pandemia por se enquadrar no grupo de risco — Foto: Arquivo pessoal

Com 33 anos de profissão, o taxista José Alberto da Cunha Júnior, 52, iniciou o serviço no final dos anos 1980. Mesmo atuando em outros serviços, o táxi permaneceu uma constante em sua vida. “Posso ir para onde vou, mas sempre estou com táxi na minha vida”, declara.

No entanto, desde o começo da pandemia, precisou se ausentar das ruas e permanecer em casa. Compondo o grupo de risco, por ser hipertenso, passou os primeiros meses seguindo rigorosamente o isolamento social. Sem a principal fonte de renda, começou a ter dificuldade para pagar o carro, comprado em setembro do ano passado de uma empresa de táxi.

Alberto pagou 5 mil reais de entrada em setembro, enquanto o restante era completado diariamente com uma taxa de 90 reais. Por 101 dias, o taxista conseguiu pagar corretamente, mas desde o início da pandemia e a dificuldade de manter a renda de casa, precisou devolver o carro.

“Quando chegou o coronavírus aqui na capital, sumiram os passageiros, eu não tive condições de arrecadar o dinheiro para honrar meu compromisso”, explica. Conforme conta Alberto, o dono da empresa não foi compreensível com o cenário socioeconômico que viviam e pediu o carro de volta.

“Eu fiquei triste, preocupado, porque a gente tem compromisso, tem família, e a situação ficou bem difícil, porque não tinha de onde tirar. Tinha dia que não tinha dinheiro nem para ir atrás de um carro”, afirma Alberto.

Em agosto, o taxista encontrou um carro para alugar e tentar voltar ao serviço. Para os próximos meses, espera um aumento das atividades nas ruas e uma melhora no cenário financeiro dos profissionais da área.

Auxílio para categoria

Considerando as dificuldades vividas pelos taxistas durante a pandemia, o Sinditaxi, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, arrecadou cerca de 6 mil cestas básicas, segundo o diretor do órgão, Messi Freitas. “Com isso, a gente estávamos tentando garantir pelo menos a alimentação dentro de casa, para nenhum taxista passar fome”. Durante os primeiros meses da pandemia, o Sinditaxi também deu isenção para a taxa do sindicato e do aplicativo de táxi.

Além disso, também tramita na câmara legislativa, o Projeto de Lei nº 1721, buscando a suspensão de cobrança de financiamentos de veículos automotores contratados pelo FAT-Taxista, linha de crédito especial, enquanto perdurar a pandemia.

Na última quinta-feira (13), foi aprovado o requerimento de urgência, da Perpétua Almeida, para o Projeto. No momento, a proposta está pronta para pauta no Plenário do Congresso Nacional (PLEN) e aguarda o Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados.

Coronavírus: infográfico mostra principais sintomas da doença — Foto: Foto: Infografia/G1

Coronavírus: infográfico mostra principais sintomas da doença — Foto: Foto: Infografia/G1/CE

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