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Disputa de Fortaleza: reunião Camilo/Luizianne e outras costuras na reta final antes das convenções

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A imagem que compõe este texto não é recente. É parte de um entre tantos eventos internos do PT cearense. A peculiaridade está no fato de o governador Camilo Santana ser fotografado ao lado da deputada federal Luizianne Lins no exato momento em que os dois se cumprimentavam. Pois é. Na semana passada, provavelmente na última quarta-feira, Camilo recebeu Luizianne em seu gabinete no Palácio da Abolição. Pauta: sucessão para a Prefeitura de Fortaleza.

O governador ainda trabalha com ardor uma saída que deixe o seu PT aliado ao (também seu) PDT. Não é costura fácil. Luizianne impõe condições que, para o PDT, seria quase uma rendição. Ou seja, impõe que o PDT abra mão da candidatura própria a favor de Nelson Martins, um petista raiz, disciplinado, oriundo do sindicalismo, articulado com o PT nacional e fiel assessor do governador.

No entanto, as conversas se desenvolvem. No mínimo, o governador quer estabelecer uma relação civilizada entre a candidatura de Luizianne, se esta se concretizar, e a candidatura pedetista, seja ela qual for. Camilo ainda insiste no lugar de vice para o PT numa aliança com o PDT. Não é só Luizianne que não gosta da ideia. Chama-se Lula o grande estimulador da candidatura da ex-prefeita em Fortaleza. A cidade é grande demais e é estratégica no jogo de xadrez nacional com Ciro Gomes.

Por sua vez, a ex-prefeita vai tentando abrir o leque de conversas. Um de seus interlocutores é o ex-senador Eunício Oliveira, que dá as cartas no PMDB do Ceará. Compor uma chapa com a sigla é uma das tratativas à mesa. Uma saída, para uns, indigesta. Mas é bom lembrar que Camilo mantém ótima relação com Eunício e foi o único do grupo comandado por Cid e Ciro Gomes a lamentar a sua e sequelante não reeleição para o Senado, em 2018.

Para a campanha de prefeito, o sonho dourado de Luizianne Lins é compor uma chapa que agregue valor à sua candidatura. Um nome respeitado. Heitor Férrer, por exemplo. Se o PMDB se unir a esse propósito, a coisa toda ganha outra dimensão. Por enquanto, isso não se configurou, mas há movimentos.

O interessante é que os protagonistas vão se comportando como se fosse uma disputa para ver quem tem mais fôlego debaixo d´água. O negócio é segurar a respiração até o limite das possibilidades. Enquanto isso, o jogo vai sendo jogado. Os coadjuvantes a tudo assistem e esperam para ficar ao lado dos que têm pulmão forte. Os mais fracos começam a engolir água e a se debater. Ou seja, quem demonstrar não ter fôlego sai do jogo e fica sem alianças. Nessas horas, predomina o pragmatismo e não há salva-vidas à disposição.

Nesse jogo, percebe-se que a ideia do lado do PDT e do PT é deixar o Capitão sem folego já para a largada da campanha. O oxigênio que não pode lhe faltar é uma boa aliança que lhe dê amplitude social, tempo na propaganda e uma graninha extra oriunda de fundos partidários. Sem isso, o deputado federal terá dificuldades de chegar ao pódio. Ainda há tempo para reverter, mas a decisão do PSL de lançar candidato próprio e a notória debandada do PSDB e DEM para os lados dos Ferreira Gomes são péssimas notícias para o Capitão.

 

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