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Operador preso no Uruguai pode ter ligação com setor de propina da Odebrecht

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Doleiro preso no Uruguai, ‘Juca Bala’ teria ligação com a Odebrecht

Amante de esportes aquáticos, Vinícius Claret, o homem que vivia uma rotina tranquila como vendedor de pranchas em Punta del Este, no Uruguai, foi ouvido neste sábado (4) pelas autoridades uruguaias junto com o sócio dele, Cláudio Fernando Barbosa.

Eles deixaram o Juizado Especial de Crime Organizado, no centro de Montevidéu, no início da tarde, e vão ficar sob custódia da Interpol até que o Brasil encaminhe o pedido de extradição.

O Ministério Público Federal acusa Vinícius Claret de ser o doleiro que ajudou a movimentar milhões de dólares em propina do esquema chefiado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral.

Um detalhe na vitrine da loja dele, em Punta del Este, revela que esse pacato vendedor prestava seus serviços também para empresários no Brasil. Ao meio-dia, Vinícius sai da loja. Ele deixa na porta um número de telefone para os clientes entrarem em contato.

O Jornal Nacional descobriu que Vinícius Claret não usava esse número só para vender suas pranchas. Também era o contato do doleiro com o setor de operações estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como o departamento de propina da empresa.

O número do celular na loja de pranchas é o mesmo que aparece na agenda de Maria Lúcia Tavares, ex-secretária da Odebrecht presa na 23ª fase da Operação Lava Jato, em fevereiro no ano passado.

A agenda foi apreendida pela Polícia Federal e Maria Lúcia fez acordo de delação, em que revelou como funcionava o esquema de propina na Odebrecht.

Na agenda, o número do celular de Claret aparece embaixo dos nomes Juca e Vinícius e da palavra Montevidéu. Os investigadores afirmam que Vinícius era conhecido como Juca Bala. Ao lado do telefone, a indicação de que seria o contato de um escritório. Logo abaixo, um endereço. A sala 248-b, que fica num prédio em Botafogo, na Zona Sul do Rio. As autoridades investigam a propriedade do imóvel.

O Ministério Público Federal também quer saber se Vinícius era um dos operadores da conta de nome “Tuta”, que aparece na mesma página da agenda.

A Lava Jato descobriu que a Odebrecht mantinha diversas contas secretas para esconder a propina paga em obras públicas. Mais de R$ 1 bilhão foram movimentados dessa forma.

Para os investigadores, a empreiteira utilizava doleiros para trazer dinheiro do exterior e financiar a corrupção. Vinícius Claret pode ser um deles.

O Jornal Nacional descobriu que ele usou o endereço de uma mansão num dos bairros mais exclusivos de Montevidéu para abrir uma conta num banco local. Uma vizinha confirmou que ele costuma frequentar o imóvel.

Em Punta del Este, o endereço é o de um prédio azul que fica de frente para o mar. O Puerto Lobos. Nos três dias em que o Jornal Nacional acompanhou Vinícius Claret, no começo de fevereiro, ele voltava para lá.

Segundo uma imobiliária, alugar um apartamento lá no verão pode custar até US$ 9 mil – quase R$ 30 mil. Vinícius Claret é do Rio de Janeiro, mas conseguiu a identidade uruguaia.

O Jornal Nacional não conseguiu contato com as defesas de Vinícius Claret e do sócio dele, Claudio Fernando Barbosa.

A Odebrecht reafirmou que tem compromisso de colaborar com a Justiça para esclarecer os atos praticados pela companhia.

G1

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