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O pesado Estado gaúcho e brasileiro – para prover segurança o governo precisa investir

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Rodrigo Lorenzoni*

Em recente entrevista de rádio, o secretário de Segurança Pública  Cézar Schirmer  afirmou que a sensação de insegurança é muito maior do que a violência real no Rio Grande do Sul. Convido o senhor secretário a andar pelas ruas da Porto Alegre que eu ando, que não está diferente das ruas do interior do Estado. Tenho certeza absoluta: as pessoas estão morrendo! Basta abrir o jornal ou ler os sites de notícias e ver que não se trata apenas de medo. A vida fora dos muros do Palácio Piratini e da Secretaria de Segurança Pública é real e o futuro não é promissor, infelizmente.

Para ficarmos apenas nos últimos acontecimentos, Bento Gonçalves, cidade da serra gaúcha, registrou dois assassinatos em menos de quatro horas. Um brigadiano morreu ao intervir numa briga em outra cidade do interior. Em Porto Alegre, um jovem foi morto a tiros e bandidos investiram contra agências bancárias da Capital. O que estes crimes têm em comum? A certeza da impunidade. E o que fica para a sociedade é muito mais do que a “sensação de insegurança”, mas sim o medo real de andar nas ruas. Qualquer um de nós pode ser morto a qualquer momento. Basta estar na hora certa e no local certo, sob a ótica do bandido.

A violência está descontrolada e o que o Estado tem a ver com isso? Tudo! Precisamos de policiamento ostensivo nas vias, policiais bem armados, treinados e equipados, além de dignamente remunerados. Precisamos de estratégia para combater o crime. Para atender estas necessidades não existe complexidade. Apenas vontade política e recursos públicos. Aí começam os problemas. Os governantes afirmam que não há dinheiro. Isto é fato. Portanto, diante de uma situação concreta algo precisa ser feito.

Quando o dinheiro para a alimentação começa a faltar, o que as famílias fazem? Reorganizam seus orçamentos. Cortam o tênis novo do filho, a boneca que a filha quer, adiam a troca da televisão e do sofá e assim por diante. Ou seja, cortam custos. Para um pai ou mãe de família cortar custos requer coragem, pois qual pai ou mãe gosta de negar algo que seu filho tanto quer? Porém, existe um propósito maior: a alimentação.

Pois bem, para prover segurança o governo precisa investir. Se o caixa está zerado, cortes precisam ser feitos imediatamente. Os supérfluos para o Estado precisam ser eliminados imediatamente, pois segurança pública é algo primário para a constituição de uma sociedade. As pessoas estão morrendo diariamente. A cada dia que passa o Estado paquidérmico contribui diretamente para a morte de seus cidadãos. O caos está instalado.

Por que um Estado precisa bancar a estrutura de secretarias, fundações, autarquias e sociedades de economia mista em grande número, enquanto as pessoas morrem assassinadas? Por que o Estado do Rio Grande do Sul tem uma Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para cuidar de estradas, por exemplo, enquanto os gaúchos morrem assassinados? Só no seu primeiro ano de atividade, a EGR pagou mais impostos do que investiu em rodovias. Está certo isso?

Quantos policiais, equipamentos e salários poderiam ser contratados, comprados e pagos com os recursos que hoje são mal versados nas estruturas pesadas que citei acima? Tenho certeza que os governantes já devem ter dito não para seus filhos. Acredito que o não amoroso para um filho é muito mais difícil de dar do que um não às corporações e àqueles que defendem um Estado gigantesco. Não temos mais tempo para discutir o tamanho da ineficiência.

Esta discussão está ultrapassada e o modelo do estado provedor de tudo está claramente falido, pois quem quer prover tudo não provém nada. Basta perguntar para os filhos, maridos, irmãos, pais e amigos das vítimas. Será que eles preferem a EGR ou mais segurança? Se você ainda tem dúvida, se coloque no lugar deles e imagine, por um minuto, se fosse sua mãe ou sua filha uma das vítimas.

Pois bem, precisamos exigir que nossos governantes tomem providências. Se movimentem. Tenham coragem e reorganizem o Estado afim de possuir recursos para investir no que a sociedade tem como necessidade para sobreviver. Qualquer discussão em outro sentido não passa de proselitismo e retórica política daqueles que querem chegar ao poder e defender suas teses estatistas por cima dos cadáveres de seus semelhantes.

*Rodrigo Lorenzoni é médico veterinário e empresário

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