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Trump ignora apelos e reconhece Jerusalém como capital de Israel

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na tarde desta quarta-feira, 6, que o país reconhecerá Jerusalém  como capital de Israel. A decisão irritou aliados americanos na Europa e no mundo árabe e provocou críticas nos territórios palestinos, onde o Hamas prometeu reações ao anúncio de Trump e a Autoridade Palestina declarou não considerar mais os Estados Unidos um mediador isento no processo de paz. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu nesta quarta-feira, 6, que outros países sigam a decisão americana.

“Em 1995, o Congresso aprovou uma lei que determina que a embaixada seja transferida para Jerusalém, mas em 20 anos todos os presidentes se negaram a cumprir essa medida”, disse Trump , ao exaltar o fato de ser o primeiro presidente a cumprir uma promessa relativamente comum em campanhas eleitorais, mas até então nunca cumpridas.

Segundo o presidente, seus antecessores acreditavam que não reconhecer Jerusalém como a capital de Israel contribui para a causa da paz. “Enquanto meus antecessores fizeram essa promessa na campanha e não a cumpriram eu estou cumprindo a minha”, acrescentou.

Trump disse ainda que a decisão não interfere na busca por um acordo de paz entre israelenses e palestinos, nem representa uma tomada de lado no impasse. O presidente também pediu que o anúncio não afeta a normalidade na cidade velha, que abriga locais sagrados para as três principais religiões monoteístas do mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo. “É tempo de paz e de um brilhante futuro para o Oriente Médio”, disse.

O presidente disse também que outras questões previstas no acordo de Oslo, como as fronteiras finais de Israel e de um Estado palestino, devem ser definidas num acordo final de paz.

A construção da nova embaixada começará o quanto antes, segundo Trump, e contará com “o trabalho de arquitetos e engenheiros para tornar o prédio um monumento pela paz”.

O reconhecimento Jerusalém como capital de Israel é mais uma promessa de campanha feita por Donald Trump a um dos segmentos mais conservadores de sua base de apoio, os evangélicos brancos, 80% dos quais optaram por sua candidatura na disputa de novembro de 2016. Esse grupo representa um terço dos eleitores republicanos e vê em Israel a realização de profecias bíblicas.

O reconhecimento de  Jerusalém como capital de Israel havia sido aprovado pelo Congresso americano em 1995, mas nunca chegou a ser colocado em prática. O texto dá ao presidente americano o poder de adiar a decisão a cada seis meses, sob o argumento de que ela representa uma ameaça à segurança dos EUA.

Tanto os israelenses quanto os palestinos querem que Jerusalém seja a capital de seu Estado independente e o status da cidade é indefinido desde os acordos de Oslo, em 1992. A maioria das representações diplomáticas ocidentais ficam sediadas em Tel-Aviv.

A decisão enfrenta oposição de todos os países do Oriente Médio, com exceção de Israel, e de aliados tradicionais dos EUA na Europa. Uma das promessas de campanha de Trump, a transferência da embaixada agrada a grupos religiosos conservadores que integram sua base de apoio, mas deve causar uma onda de fúria entre muçulmanos.

Assessores do presidente disseram em conferência telefônica com jornalistas que o anúncio não mudará o atual status de Jerusalém nem afetará as fronteiras aceitas pela comunidade internacional. Essa é uma indicação de que os EUA não reconhecerão a cidade como “capital indivisível” de Israel, o que respeitaria a pretensão dos palestinos de terem Jerusalém Oriental como capital do Estado que pretendem criar.

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