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Paciente que vive há mais de 40 anos em hospital com pólio alerta: ‘vacinem seus filhos’

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Paciente que vive há mais de 40 anos em hospital com polio alerta: 'vacinem seus filhos'

Paciente que vive há mais de 40 anos em hospital com polio alerta: ‘vacinem seus filhos’

Erradicada no Brasil desde 1990, a poliomielite era tratada como assunto resolvido. A doença tem vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e último caso registrado foi há quase 30 anos.

Talvez por desconhecer a gravidade da doença, ou também por falsas informações sobre a vacinação, uma parte dos pais não chegou a vacinar seus filhos. Mais de 300 cidades brasileiras estão com uma baixa cobertura para a polio.

Mas o que causa a pólio?

Eliana Zagui confunde a própria trajetória com a história da doença (assista ao vídeo acima). Ela já foi ao Jô Soares contar como é ter polio, já deu entrevista para diferentes jornais do país, mas continua morando em um quarto do Instituto de Ortopedia do Hospital da Clínicas, em São Paulo.

Ela não consegue respirar sem a ajuda de um aparelho. Nem se mexer sem a ajuda dos enfermeiros do hospital. Mesmo assim, aprendeu a pintar com a boca, escreveu um livro e conseguiu inventar uma forma de acessar a internet pelo celular.

Eliana aprendeu a pintar no hospital, além de escrever um livro (Foto: Eliana Zaguie/Arquivo Pessoal) Eliana aprendeu a pintar no hospital, além de escrever um livro (Foto: Eliana Zaguie/Arquivo Pessoal)

Eliana aprendeu a pintar no hospital, além de escrever um livro (Foto: Eliana Zaguie/Arquivo Pessoal)

Ela hoje tem 44 anos e chegou ao lugar com 1 ano e 9 meses de idade. Foi por falta de informação que foi parar lá no HC: os médicos diziam que criança com dor de garganta não podia tomar a vacina da polio. E já era a infecção.

“Eu era do interior de São Paulo. Toda vez que meus pais iam me levar pra tomar a vacina, eles falavam que não podiam vacinar crianças com febre e garganta inflamada”, contou ao G1.

O quadro foi se agravando e ela foi obrigada a morar no hospital. Hoje, tem planos de sair e para viver em outro lugar, chegou a tentar uma vaquinha para pagar as despesas. Até o final do ano quer arranjar um meio de ir para Sumaré, município no interior de São Paulo.

“A pólio é um vírus que se pega no ar. Ele afeta o Sistema Nervoso Central. No meu caso, foi do pescoço pra baixo. Mas tem gente que afeta um braço, uma perna”, contou Eliana.

De acordo com o diretor do instituto onde está Eliana, Jorge dos Santos Silva, os “avós e avôs de hoje fizeram a sua parte”. Uma geração inteira não foi afetada pela doença. Os pais de hoje precisam ter a mesma noção.

“As mães têm que levar os filhos para vacinar. As pessoas não sabem o que não é andar, não poder respirar direito”, completou Eliana.

Eliana Zagui em foto desta quarta-feira, 25 de julho, no Hospital das Clínicas (Foto: Arquivo Pessoal) Eliana Zagui em foto desta quarta-feira, 25 de julho, no Hospital das Clínicas (Foto: Arquivo Pessoal)

Eliana Zagui em foto desta quarta-feira, 25 de julho, no Hospital das Clínicas (Foto: Arquivo Pessoal)

A vacina

Não há novos casos de poliomielite no Brasil. No entanto, os casos da doença aumentaram em outros países, como alertou a Organização Mundial da Saúde.

A única forma de evitar a infecção é vacinando. A partir do dia 6 de agosto uma nova campanha vai começar no Brasil – a ideia é aumentar a divulgação sobre os riscos da doença. Todas as crianças com menos de cinco anos precisam ser vacinadas.

Cobertura vacinal da poliomielite no Brasil (2017)
70,370,377,1877,1875,7275,7283,2583,2581,1981,19NorteNordesteSudesteSulCentro-oeste020406080100
Fonte: Programa Nacional de Imunizações

A volta de outras doenças

Além da preocupação com o risco de poliomelite, o Brasil sofre com um surto de sarampo no Amazonas e Roraima. O Brasil recebeu certificado de erradicação do sarampo em 2016, mas registra 822 casos da doença em 2018.

Além disso, com baixa cobertura vacinal da tríplice viral e da pentavalente, outras doenças cobertas por estas vacinas podem voltar a circular.

“É o caso da difteria. Estamos acompanhando os casos na Venezuela porque a pentavalente também está com baixas coberturas vacinais. Há uma necessidade que se olhe para as questões de baixa cobertura vacinal porque temos doenças erradicadas e outras doenças que tem a situação controlada e podem voltar”, explica Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

G1

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