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Governo diz que seis estados da Amazônia já pediram ação das Forças Armadas no combate ao fogo

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Por Ana Krüger e Yvna Sousa, G1 e TV Globo — G1

Ministros da Defesa e do Meio Ambiente explicam as medidas em relação às queimadas

Jornal Hoje
Ministros da Defesa e do Meio Ambiente explicam as medidas em relação às queimadas

Ministros da Defesa e do Meio Ambiente explicam as medidas em relação às queimadas

O governo federal informou neste sábado (24) que seis estados da Amazônia já formalizaram pedido para ação das Forças Armadas no combate às queimadas:

  • Rondônia
  • Roraima
  • Pará
  • Tocantins
  • Acre
  • Mato Grosso

No primeiro momento em que a informação foi passada, em uma entrevista dos ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), quatro estados haviam confirmado o pedido. Mais tarde, o governo anunciou também as solicitações do Acre e do Mato Grosso.

Os dois ministros se reuniram para tratar da ação federal nas áreas atingidas pelo fogo.

O Tenente-Brigadeiro do Ar Raul Botelho, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, é quem comanda a GLO.

Os ministros Ricardo Salles (à esquerda), do Meio Ambiente, e Fernando Azevedo e Silva (ao centro), da Defesa, deram entrevista à imprensa após reunião para tratar de ações contra as queimadas na Amazônia — Foto: Ana Krüger/G1Os ministros Ricardo Salles (à esquerda), do Meio Ambiente, e Fernando Azevedo e Silva (ao centro), da Defesa, deram entrevista à imprensa após reunião para tratar de ações contra as queimadas na Amazônia — Foto: Ana Krüger/G1

Os ministros Ricardo Salles (à esquerda), do Meio Ambiente, e Fernando Azevedo e Silva (ao centro), da Defesa, deram entrevista à imprensa após reunião para tratar de ações contra as queimadas na Amazônia — Foto: Ana Krüger/G1

O ministro da Defesa explicou que, sem um pedido oficial dos respectivos governadores, as Forças Armadas só podem atuar nas áreas federais– unidades de conservação e terras indígenas.

Nesta sexta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro assinou um decretoautorizando o envio de homens das Forças Armadas para atuar nos estados da Amazônia. Para que a medida seja efetivada, no entanto, é preciso o pedido formal de cada governador de estado.

O decreto do presidente vale para toda a Amazônia Legal, da qual fazem parte os estados da Região Norte, além do Mato Grosso e Maranhão.

As queimadas geraram uma crise no governo federal, que vem sendo cobrado nos últimos dias no Brasil e no exterior por causa da situação da floresta. Artistas, sociedade civil e líderes de outros países se manifestaram em defesa da Amazônia.

De acordo com a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), 2019 é o pior ano de queimadas na Amazônia brasileira desde 2010.

Queimadas na Amazônia - fogo consome vegetação perto de Porto Velho na tarde de 23 de agosto de 2019 — Foto: Victor R. Caivano/AP Foto Queimadas na Amazônia - fogo consome vegetação perto de Porto Velho na tarde de 23 de agosto de 2019 — Foto: Victor R. Caivano/AP Foto

Queimadas na Amazônia – fogo consome vegetação perto de Porto Velho na tarde de 23 de agosto de 2019 — Foto: Victor R. Caivano/AP Foto

Início da operação

Na entrevista, Azevedo e Silva disse que as ações das Forças Armadas começaram neste sábado (24), nas imediações de Porto Velho, capital de Rondônia. O ministro disse que há no local 700 homens das Forças Armadas que podem atuar no combate ao fogo.

Aeronaves também estão sendo enviadas para o estado, além de 30 bombeiros voluntários da Força Nacional, lotado em Brasília.

Operação contra incêndios acontece neste sábado (24) em Rondônia
Jornal GloboNews
Operação contra incêndios acontece neste sábado (24) em Rondônia

Operação contra incêndios acontece neste sábado (24) em Rondônia

Azevedo e Silva afirmou também que o efetivo atual das Forças Armadas na região Norte é de 44 mil homens. Segundo o ministro, o contingente vai ser usado de acordo com o local e o tamanho de cada missão e, neste primeiro momento, não será necessário deslocar tropas de outras partes do país.

“O efetivo é por demanda. Qual é a missão? Nós vamos usar o efetivo da área”, afirmou o ministro ao destacar que já há comandos locais das Forças Armadas na Amazônia.

“A demanda que existe até o momento, a primeira operação que estamos fazendo é no estado que já pediu, Rondônia. Temos efetivo suficiente para isso lá. E já estamos com aeronaves lá”, completou Azevedo e Silva.

O ministro da Defesa disse que, desde 1988, as Forças Armadas atuaram cerca de 8,5 mil dias em mais de 150 ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No entanto, frisou Azevedo e Silva, nenhuma teve o foco ambiental.

Questionado sobre qual o número de focos de incêndios na Amazônia, os ministros não souberam precisar e disseram que serão utilizados os dados do Sistema de Proteção da Amazônia

Apoio dos estados

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pede ajuda aos estados no combate às queimadas
G1 Política
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pede ajuda aos estados no combate às queimadas

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pede ajuda aos estados no combate às queimadas

Salles ressaltou que a efetividade das ações de combate às queimadas depende da cooperação entre estados e governo federal.

“Temos pedido aos estados, desde o começo do ano, para que nos apoiem nas ações de fiscalização e controle do Ibama e do Icmbio, porque são as forças militares estaduais que dão efetividade e apoio para que ações possam ocorrer naquele vasto território da Amazônia”, disse o ministro.

“Mais uma vez também conclamamos os estados a participarem desse esforço”, afirmou Salles.

Também neste sábado, governadores do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, formado pelos estados do Norte, além de Mato Grosso e Maranhão, divulgaram um documento enviado a Bolsonaro no qual pedem cooperação do governo federal e uma reunião em caráter de urgência para tratar de queimadas na região.

“Solicitamos à Vossa Excelência imediatas providências no sentido de viabilizar a cooperação das estruturas dos Estados da Amazônia Legal e as do Governo Federal no emprego específico de combate a focos de incêndio na Floresta Amazônica do Estado Brasileiro, com apoio material para enfrentamento efetivo ao desmatamento e incremento às ações de fiscalização de atividades legais”, afirmaram os governadores no documento.

Dinheiro

Os ministros da Defesa e do Meio Ambiente também falaram sobre a verba necessária para financiar as ações na Amazônia.

Azevedo e Silva afirmou que espera um desbloqueio de R$ 28 milhões no orçamento do Ministério da Defesa. O dinheiro foi reservado para ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como é o caso do combate ao fogo na Amazônia, mas está bloqueado pelo governo federal. Diante do crescimento da economia abaixo do esperado, todos os ministérios tiveram cortes orçamentários.

O ministro da Defesa afirmou que, em conversa com o Ministério da Economia, teve a garantia da liberação da verba contingenciada.

“Esse dinheiro, se descontingenciar dá para o início, para o primeiro mês”, afirmou Azevedo e Silva. “Está combinado [o desbloqueio]. Eu estou numa fase que só acredito quando abro o cofre e vejo”, completou.

O ministro complementou que os recursos são emergenciais e duram pouco tempo. “Eu fui responsável pela intervenção no RJ na Maré. Ali era R$ 1 milhão por dia”, lembrou.

Salles, por sua vez, disse que os cortes no orçamento do Ministério do Meio Ambiente não afetaram a capacidade da pasta atuar na fiscalização e combate a queimadas.

“Conseguimos poupar [dos cortes]as atividades-fim, fiscalização e combate ao incêndio”, afirmou o ministro. “As ações de combate às queimadas estão se desenrolando normalmente”, concluiu.

Em relação à suspensão de envio de recursos ao Fundo Amazônia pela Alemanha e pela Noruega, Salles disse que há saldo de mais de R$ 1 bilhão ainda em utilização.

Bolsonaro

Ao deixar a residência oficial do Palácio da Alvorada no início da tarde deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro comentou as queimadas na Amazônia.

Para o presidente, não é a floresta que está pegando fogo, mas sim as áreas desmatadas. Bolsonaro disse ainda que a situação está se encaminhando para a “normalidade”.

“A média das queimadas está abaixo dos últimos anos. Está indo para a normalidade, esta questão […] As unidades nossas já estão começando a trabalhar na região. Agora, a floresta não está pegando fogo como o pessoal está dizendo. O fogo é onde o pessoal desmata”, afirmou o presidente.

Repercussão internacional

O ministro da Defesa disse que, além dos Estados Unidos, outros países como Chile e Equador ofereceram ajuda ao Brasil no combate ao desmatamento e aos incêndios na Amazônia.

Os ministros também foram questionados sobre a repercussão e os impactos internacionais das queimadas na Amazônia.

Na manhã deste sábado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pôs em dúvida a ratificação do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul após os recentes incêndios na Amazônia e criticou a gestão ambiental de Bolsonaro.

Salles disse acreditar que todo acordo comercial envolve negociações e desdobramentos. “Portanto, esse é o momento em que vive a ratificação”, afirmou. Na sequência, o ministro destacou o acordo firmado na sexta-feira entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, em inglês).

O ministro do Meio Ambiente disse estar tranquilo quanto à visita ao Brasil, marcada para setembro, de comitiva da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para averiguar aspetos ambientais necessários à entrada do país no bloco econômico.

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