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UFC espera fim do ciclo de formaturas para investigar protestos contra reitor

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Segundo dia de colação de grau na UFC teve protestos contra o reitor Cândido Albuquerque

Segundo dia de colação de grau na UFC teve protestos contra o reitor Cândido Albuquerque

A Universidade Federal do Ceará (UFC) informou que aguarda o fim do ciclo de cerimônias de colação de grau para investigar os protestos ocorridos durante as cerimônias de formaturas nos últimos dias 14, 15 e 16, na reitoria, no Bairro Benfica, em Fortaleza. Segundo o calendário oficial da instituição, a última colação do semestre será realizada na próxima sexta-feira (24), no campus da UFC em Sobral.

Na semana passada, o reitor da UFC, professor Cândido Albuquerque, foi hostilizado durante os três dias de cerimônia de formaturas em Fortaleza. No primeiro protesto, estudantes vaiaram o reitor durante a outorga de grau aos concludentes. Cândido não chegou a fazer o discurso de encerramento e saiu escoltado por seguranças do local da formatura.

A situação se repetiu durante os três dias de cerimônia. Na última quarta-feira (15), após o segundo dia de manifestações, a instituição informou, em nota, que pretende executar “medidas administrativas” contra os autores dos protestos. Ainda segundo a UFC, os manifestantes serão investigados “por prejuízos materiais e imateriais pela interrupção das cerimônias de conclusão”.

Estudantes da UFC protestaram contra o reitor Cândido Albuquerque durante a cerimônia de colação de grau. — Foto: AdufcEstudantes da UFC protestaram contra o reitor Cândido Albuquerque durante a cerimônia de colação de grau. — Foto: Adufc

Estudantes da UFC protestaram contra o reitor Cândido Albuquerque durante a cerimônia de colação de grau. — Foto: Adufc

O G1 entrou em contato com a Universidade Federal do Ceará sobre as possíveis sanções, o que não foi informado na nota enviada à redação. No texto, é dito apenas: “estamos aguardando a conclusão do ciclo de colações de grau de 2019.2, em Fortaleza e no Interior, para a apuração completa de informações sobre os eventos”.

Escolha do reitor

Cândido Albuquerque foi nomeado por Bolsonaro como novo reitor da UFC. — Foto: Kid Junior/Sistema Verdes MaresCândido Albuquerque foi nomeado por Bolsonaro como novo reitor da UFC. — Foto: Kid Junior/Sistema Verdes Mares

Cândido Albuquerque foi nomeado por Bolsonaro como novo reitor da UFC. — Foto: Kid Junior/Sistema Verdes Mares

As polêmicas envolvendo o atual reitor ocorrem desde a nomeação. Cândido foi o terceiro candidato menos votado em consulta pública a estudantes e professores da UFC. Cândido, com 610 votos, ficou atrás do vice-reitor da UFC à época, Custódio Luís Silva de Almeida, que recebeu 7.772 votos. O segundo colocado, Antônio Gomes de Souza Filho, chegou a receber 3.499 votos.

Já na sondagem acadêmica para elaboração de lista tríplice, o reitor ficou em segundo lugar. Ele foi o segundo mais votado depois da desistência de Souza Filho. Custódio recebera 25 votos, contra nove de Albuquerque e oito da diretora do Campus de Crateús, Maria Elias Soares. A lista é organizada pelo Conselho Universitário (Consuni) e encaminhada à Presidência da República com indicados para assumir à reitoria.

nomeação de Cândido pelo presidente Jair Bolsonaro foi anunciada em edição extra do Diário Oficial da União em 19 de agosto de 2019, e contrariou a preferência da comunidade acadêmica, motivando protestos.

Protesto na Reitoria

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (ADUFC) informou que o protesto durante a colação de grau não interrompeu a cerimônia. “O ato de protesto, relatado como motivo da abreviação da cerimônia simplesmente não aconteceu. O cerimonial da colação de grau já havia comunicado às autoridades universitárias que o ritual seria abreviado”, informou a nota, divulgada no site do sindicato na última quarta-feira (15), após a cerimônia.

“Os protestos durante a cerimônia aconteceram de forma espontânea. Foi a plateia que puxou as vaias”, explicou o presidente da ADUFC, professor Bruno Rocha.

“A cerimônia somente foi afetada foi durante os pronunciamentos do reitor. Todos os outros momentos da solenidade aconteceram na normalidade”, completa. Segundo ele, o pronunciamento da instituição é uma tentativa de intimidação. “A reitoria está tentando diminuir o impacto da manifestação e tentando intimidar estudantes e professores através de ameaças graves”, avalia Bruno.

Medidas administrativas

A presidente da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-CE, advogada Vanessa Oliveira, explica que, apesar de existir um respaldo jurídico, caso a UFC decida tomar alguma providência em relação aos alunos ou professores, seria preciso comprovar excesso por parte dos manifestantes. “Não necessariamente as ações vão terminar em punição, mas a instituição pode analisar se houve excesso”, diz.

Vanessa Oliveira acrescenta ainda que entre as providências que podem ser tomadas estão a expulsão de alunos e o desligamento de membros do corpo docente. “No caso dos alunos, se for muito além da liberdade de expressão, ele pode vir sim a ter punições. Quem estiver estudando pode ser até expulso ou suspenso. Tudo precisa ser analisado no caso concreto”, precisa.

Pessoas não ligadas à Universidade e que participaram do protesto também poderiam sofrer penalidades, mas seria preciso levar para a Justiça Federal. “Para isso, seria preciso identificar cada um dos autores. Uma possível punição seria o pagamento de uma indenização”, explica a advogada.

G1 CE

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