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A disputa econômica e ideológica que vai desenhar o futuro da Folha de S.Paulo

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Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

Reportagem assinada por Mariana Barbosa no site Brazil Journal, especializado em negócios e finanças, mostra o que pode ser o início de um drama na Folha de S.Paulo, um dos jornais mais influentes do País. É que, de forma surpreendente, na última segunda-feira, 18, a Folha trocou seu comando editorial “em meio a uma disputa entre os irmãos Frias, aumentando a incerteza sobre o futuro de um dos maiores jornais do País numa época de polarização política inédita”.

Segundo a reportagem, “Maria Cristina Frias – que assumira o cargo de Diretora de Redação há seis meses, depois da morte do irmão Otavio Frias Filho – foi ‘destituída’ pelo irmão mais novo, Luiz Frias. O jornalista Sérgio Dávila, que estava há nove anos no cargo de Secretário de Redação e tem 25 de jornal, assumiu o posto”.

O texto ressalta que a disputa, “que põe em risco a sobrevivência do jornal e deve chegar à Justiça”, envolve uma tentativa de reestruturação societária do Grupo Folha e a distribuição de dividendos dos negócios lucrativos da família.

Veja partes da reportagem que desvendou a questão.

Grupo Folha controla o UOL, que por sua vez controla a PagSeguro. Ambos os negócios foram criados por Luiz Frias enquanto Otavio e Maria Cristina se dedicavam ao jornal. A Folhapar tem 64,4% do UOL, e Luiz Frias tem dois terços da Folhapar. O outro terço pertence à Empresa Folha da Manhã, que edita o jornal. No ano passado, o UOL levantou cerca de US$ 1,17 bilhão no IPO do PagSeguro. A companhia hoje vale US$ 9,4 bilhões na Bolsa de Nova York.

Luiz nunca escondeu que não vê futuro para o jornal impresso e tem se recusado a investir na publicação. Ele defende que o jornal viva por seus próprios meios. Mas além de ser um executivo nativo do universo digital, fontes próximas à família dizem que ele também vê na postura editorial do jornal – que enfrenta um embate com o Governo Bolsonaro – um risco às ambições da PagSeguro, que dependem da regulação do Banco Central. No início do ano, Luiz assumiu o controle do banco BBN.

A disputa para que os negócios rentáveis do grupo ajudem a financiar o jornal não vem de hoje. Quando já estava com a doença avançada, Otávio tentou convencer o irmão a liberar repasses de dividendos para o jornal – sem sucesso. (Luiz sustenta que os dividendos não são devidos. Cristina e Otavio discordavam.) Com Luiz no comando, o jornal deve reduzir de tamanho. A expectativa na redação é de cortes radicais nos próximos dias.

Veja a íntegra da nota de Luiz Frias aos funcionários do grupo:

“Caro profissional,

Acionistas da empresa que edita o jornal Folha de S.Paulo decidiram por maioria nesta segunda-feira, 18 de março, pela nomeação do jornalista Sérgio Dávila para exercer a função de diretor de Redação.

“Há 25 anos no jornal, Dávila ocupava o cargo de editor-executivo havia 9 anos, por escolha de Otavio Frias Filho, com quem conviveu diariamente por 14 anos e de quem recebeu a missão de zelar pelos preceitos do Projeto Folha: prática de jornalismo independente, crítico e apartidário, assegurada por uma empresa com saúde financeira.

Dávila sucede a Maria Cristina Frias, acionista que foi titular durante seis meses.

Luiz Frias, presidente do Grupo Folha / Empresa Folha da Manhã S.A.”

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