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Acéfalo, o PSDB envergonha, afirma prefeito tucano

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Acéfalo, o PSDB envergonha, afirma prefeito tucano

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO BERNARDO DO CAMPO, SP, BRASIL, 18-07-2017, 17h00: Entrevista exclusiva para a Folha com Orlando Morando, prefeito de Sao Bernardo do Campo e aliado do prefeito de Sao Paulo, Joao Doria. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO*** ***FOTO EM TRIPLA EXPOSICAO***
Prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando diz que a ‘nova safra vem oxigenar’ o PSDB

THAIS BILENKY
DE SÃO PAULO

 

Aliado de João Doria (PSDB), o prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Orlando Morando, engrossa o coro dos descontentes com a permanência de ministros do PSDB no governo Michel Temer. Diz que o partido o “envergonha” pela indefinição e está acéfalo.

O presidente afastado, senador Aécio Neves (MG), para ele, é página virada.

Com iniciativas parecidas com as de Doria, como vestir-se de gari e usar com frequência redes sociais, Morando é citado como possível candidato a governador e deixa subentendida a pretensão do aliado de se lançar ao Planalto.

Ele nega ambas as possibilidades, mas considera ter, como Doria, vantagens competitivas para 2018.

*

Folha – O senhor disse que estava com vergonha do partido.
Orlando Morando – O PSDB simboliza o melhor, livre dos rolos. Devemos uma satisfação à sociedade sobre aquilo que representamos, e essas mudanças deixaram dúvidas. Aconteceram percalços.

Após a delação da JBS, o partido tinha de sair do governo?
Após a delação.

Ao ficarem no governo, o que ministros do PSDB sinalizam?
Essa coisa de cargo está desassociada do interesse partidário. Se o partido decidir sair e o ministro falar que não sai, você vai expulsá-lo? Não.

Por que disse que está com vergonha do partido?
Por não dar uma resposta. A impressão que dá é que estamos ligados ao governo Temer por conta dos cargos, e não é isso. A permanência se dá pelas reformas.

E por que o partido não consegue tomar uma posição?
Ter posição unificada depende de ter liderança nacional, e não tem. Estamos muito próximos do pleito no ano que vem. Acaba contaminando.

Tasso [Jereissati, presidente interino do PSDB] tem liderança nacional?
Quando definirmos o presidente, ele pode buscar ter.

E o Aécio? Deveria sair em definitivo da presidência?
Ele teve a grandeza de se afastar no momento que veio a denúncia [da JBS], esse episódio triste para a trajetória dele e do nosso partido. Não fala pelo PSDB. O fato está superado, consumado.

Doria disse que o sr. representaria os prefeitos em eventual nova Executiva. Qual cargo?
Nada mais justo do que levar os problemas das prefeituras ao âmbito nacional do partido. Fico honrado. Pode ser vice-presidente, secretário-geral, um vogal.

A que atribui as críticas de caciques a Doria? Há a leitura de que possam furar a fila?
Jamais. O que ninguém pode negar é que existe um novo formato de político, e o PSDB teve a felicidade de dar brilho a esses quadros. A safra nova vem oxigenar o partido, por mais que uma ala conservadora possa não gostar. O que nos diferencia? Nós nos atualizamos. Transparência. Não tem tapinha nas costas, sorrisinho amarelo e enganação.

O sr. também tem marketing com apelo eleitoral, faz ação com roupa de gari.
Usar uniforme me dá um baita orgulho, já fui açougueiro, padeiro. Criamos o programa Parede Limpa, que começou com voluntários. Depois, havia populares querendo participar. Isso é liderança. Trajado adequadamente, estimula. Não é só marketing.

Se o partido achar que é um bom nome para disputar o governo, o sr. aceita?
A eleição está distante. Foco no trabalho, foco na gestão.

O sr. está com o mesmo discurso que o João Doria.
Não estou, não estou…

Fará diferença em 2018 ser novo, sem citação na Lava Jato?
Lógico que faz toda a diferença. Doria e eu temos alto índice de aprovação. Mas isso não é sinônimo de que tenhamos de ser os candidatos.

E o PSDB em 2018?
Alckmin é capacitado, testado. Nome forte. E Doria também desponta. Não sei das reais pretensões dele.

A citação de Alckmin na Lava Jato atrapalha?
Tem de apurar. Meu apelo é para o partido não se desintegrar esquecendo a sociedade.

Como sustentar o discurso crítico à corrupção do PT com quadros do PSDB envolvidos?
Não dá para comparar. Na administração do PT, tinha determinação partidária para roubar dinheiro público.

*Aécio, Serra, Alckmin e Aloysio foram citados na Lava Jato. *
Ninguém denunciado, ninguém condenado, ninguém preso. Se tiver, aquilo que defendo para o meu adversário defendo para o meu aliado.

E a imagem fica prejudicada?
Você acha que o Aécio não está pagando o preço desse erro da conversa com aquela dupla de bandidos da família Batista? Tem prejuízo de imagem [ao PSDB], mas o eleitor diferencia pessoas de partido.

FOLHA

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