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Aeroportos viram palco de hostilidades contra deputados e senadores

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Os aeroportos brasileiros estão se tornando palco de hostilidades contra políticos. Um simples embarque ou check-in pode se tornar um caminho  assustador para os parlamentares que voltam para casa todas as semanas. O local é onde as pessoas encontram a oportunidade de um encontro cara a cara com alguns considerados inatingíveis. As informações são da Revista Veja.

No Aeroporto Juscelino Kubitschek, de Brasília, um dos que sofreu “bullying” do eleitorado foi o deputado cearense José Guimarães (PT), ex-líder do Governo Dilma Rousseff: “Olhem, é o deputado do dinheiro na cueca. Cadê o dinheirinho, deputado?”. Foi desta forma que ele foi recebido na última quinta-feira, ao dar os primeiros passos no corredor do pânico. E seguem os xingamentos: “safado”! “corrupto!”. Os manifestantes se referiam ao famoso caso em que um assessor do petista foi flagrado com dólares na cueca, em 2005.

Antes de Guimarães, outro assediado foi o deputado Celso Russomano, do PRB de São Paulo. Populares até ensaiaram o xingamento: “Ladrão!” “La…”! mas alguém avisou que Russomano não estava envolvido na Lava-Jato.

A passagem pelo saguão do aeroporto é inevitável para deputados e senadores. À exceção dos presidentes das Casas, que têm a exclusividade de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) à disposição, todos os demais parlamentares que quiserem viajar custeados pelo poder Legislativo têm de circular entre os demais passageiros.

Quem não quiser se arriscar tem de seguir os passos da senadora Gleisi Hoffman ( PT.-PR). Ré por corrupção, ela decidiu mudar de vez para Brasília. Hostilizada em Curitiba, ela trouxe os filhos para a capital e pretende dar um tempo de aeroporto.

Ministros do governo Temer também buscam se preservar. Entre os motivos para solicitar voos da FAB, Henrique Meirelles (Fazenda) e o enrolado Eliseu Padilha (Casa Civil) são recordistas em alegar questões de segurança. Ministro demissionário da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima recorria às mesmas argumentações quando viajava para sua residência, em Salvador.

O clima no aeroporto de Brasília anda tão pesado que a equipe da Polícia Federal que atua no saguão deixou de ser considerada suficiente para conter manifestantes mais radicais. Desde o início do mês, seguranças legislativos foram destacados para proteger os parlamentares—na surdina.

De calça jeans, camisetas e sem qualquer identificação, eles ficam à espreita. No bolso, carregam equipamentos de segurança que vão desde sprays de pimenta a pistolas. Em dias mais movimentados – normalmente às terças e quinta-feiras – quatro agentes tomam conta do curto trajeto entre o carro e o embarque. Nos demais dias, o contingente cai à metade.

As manifestações sempre são seguidas por celulares a postos para gravar o ato e lançar nas redes sociais. No início do mês, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), autor da emenda que incluiu o crime de abuso de autoridade no pacote de medidas contra a corrupção, teve um tomate esmagado no ombro por um homem que o acusava de tentar enterrar a Lava-Jato. Ele credita a ação a uma tentativa de criminalizar a política.

Não só os policiais estão disfarçados no aeroporto. Os próprios parlamentares já optam por andar “descaracterizados”: sem os broches específicos dos congressistas, gravata ou até mesmo o paletó. A caminho do embarque, o ex-ministro e deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ) transita entre os passageiros de calça jeans, camisa entreaberta e mochila nas costas. O controverso Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) faz questão de trocar de roupa em seu gabinete antes de viajar. Ele garante, porém, que o faz apenas pelo conforto. “A minha segurança está aqui”, diz, mostrando a arma que ele, que é policial federal, carrega.

Após a passagem pelo corredor polonês, os parlamentares podem enfrentar outra saia justa dentro das aeronaves, ao serem intimidados por passageiros sem ter por onde fugir ou a quem recorrer. Um dos casos recentes envolveu o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). Ele foi abordado: “Por favor, nos respeite aqui dentro. Nós estamos enojados de vocês. Evite falar de política, o povo não aguenta mais vocês”, disse um passageiro. “Se vierem dar porrada, a gente dá porrada. Quem não tem respeito, não merece respeito”, afirmou Quintão à reportagem.

Com informações da Revista Veja

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