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Análise Focus: o embate entre liberais e os gigolôs dos subsídios públicos

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Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

A vitória do protecionismo e a derrota dos consumidores no caso do leite em pó faz tocar a sirene de alerta para quem acreditava na força da vertente liberal do Governo de Jair Bolsonaro. Foi apenas o primeiro embate entre o ideário liberal e os gigolôs dos subsídios públicos que sustentam o atraso de nossa indústria e, por conseguinte, da economia brasileira. Curiosamente, um subsídio no setor mais vigoroso de nossa economia: o agronegócio.

Diante da possibilidade de entrar no País leite em pó importado com preços mais baratos para os consumidores brasileiros, o que o Governo fez? O de sempre: taxou em mais de 42% a importação desse produto fundamental no cotidiano dos cidadãos. Claro que a ideia predominante foi garantir a supremacia da chamada “produção nacional”. Como? Dizimando qualquer possibilidade de concorrência, ora. É o de sempre.

Paulo Guedes, um filho dileto na escola liberal de Chicago, berço de uma das linhas do liberalismo econômico, perdeu essa. Muitas outras batalhas do tipo vêm pela frente. Uma é pra já: a proposta de reforma da Previdência possivelmente vai propor o fim da isenção de contribuição previdenciária sobre exportação de produtos agropecuários. Uma renúncia que suga do INSS a bagatela anual de R$ 7 bilhões. O mesmo Ministério da Agricultura que venceu a batalha do leite em pó também é contra o fim da generosa isenção.

Enquanto isso, Paulo Guedes afirma que aqueles que buscam subsídios do governo quebraram o Brasil. “Todo mundo vem pedir subsídios, dinheiro para isso, dinheiro para aquilo. Eu falo: o que vocês podem fazer pelo Brasil? Quebraram o Brasil, quebraram o Brasil”, afirmou o ministro da Economia hoje, durante um evento em Brasília. Pois é.

“Somos uma sociedade fraterna, somos solidários. Não podemos ser máquina de transferência perversa de renda através da Previdência Social, impostos e subsídios”, afirmou Guedes, em discurso no lançamento do Painel de Viagens, ferramenta de controle e transparência de viagens de servidores públicos.

Que assim seja, senhor ministro. A batalha entre o velho e o novo Brasil que precisa se impor será sem tréguas. Subsídios são privilégios que renegam a concorrência e, ao fim das contas, são regiamente pagas pelos pagadores de impostos. O que construímos até hoje foram castas que precisam ser desencasteladas. Dinheiro dos cidadãos na veia para manter grandes negócios.

Não é à toa que o Brasil é um País caro. O salário dos mais pobres não consegue pagar a dignidade oferecida pelo mercado de consumo. Antes, o mantra era culpar o custo do emprego e uma legislação trabalhista engessada. O custo do emprego continua alto, mas a reforma trabalhista criou as condições para um regime de maior dinâmica no mercado de trabalho.

O fim dos subsídios e a reforma previdenciária são os alvos a serem atacados. Duas mudanças de cunho radical que atingem privilegiados e influentes. Vamos ver de Paulo Guedes sobrevive a essa dura batalha. Tomara que sim.

 

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