Biografia de Belchior será lançada em Fortaleza nesta quinta-feira

Unir os fragmentos da múltipla personalidade de um artista de coração selvagem foi a escolha principal do autor, mais do que descortinar o homem recluso e cheio de mistérios da vida pessoal. “O livro buscou a unicidade dessa personalidade múltipla. Toda biografia faz algumas escolhas, e minha escolha foi mais dimensionar a importância estética dele, do que as coisas da vida mundana que, possivelmente, tenha vivido”, aponta Medeiros.

Após um ano e meio de pesquisa e redação, Medeiros define a biografia como “concentrada”, e diz que alguns fatos da vida do cantor sem relação com a obra são dispensáveis. “Tem muitas coisas que são apenas fatos, mas não têm relação direta com a produção, e também não servem para dimensionar a personalidade dele. O que quero mesmo é a essência”, diz o jornalista, que acredita ter alcançado o objetivo.

“Vão ter divergências de muitas naturezas, porque biografia é isso. Mas o espectro básico da vida e trajetória dele estão lá. É um projeto de fôlego, carinhoso. Tentei fazer uma biografia que fosse justa.”

Para o jornalista, Belchior é um dos principais nomes da Música Popular Brasileira (MPB). A admiração do autor vai além da constatação do talento e importância de Belchior para a música e a difusão da cultura cearense no país. “Como ele, sou migrante. E como diz [a música]‘Fotografia 3×4’, também sou jovem que desceu do norte para a cidade grande. Tinha só 3 anos quando vim da Paraíba para o Paraná, batalhei, fiz o percurso da solidão na cidade grande”, conta Medeiros.

Movimentando fãs e admiradores pelo país, o lançamento da biografia passou por Vitória, São José dos Campos, Santos, São Paulo e Rio de Janeiro. Depois de Fortaleza, vai até Recife, Belém e Porto Alegre. O jornalista acredita que a resposta do público tem sido positiva.

Sobre a recepção na capital cearense, Medeiros espera pela emoção de uma cidade que considera Belchior um poeta-herói. “As pessoas daí têm um carinho muito grande por ele. Belchior andou por essas ruas, viveu nos bares, tem amigos que não são famosos, mas fizeram parte da intimidade dele.”

“Vão querer saber mais, questionar as histórias, incluir suas percepções particulares de quem ele era. Acho bacana, é parte do processo.”

Segundo Medeiros, o projeto da biografia foi uma aposta independente, após 21 anos trabalhando em uma redação de jornal em São Paulo, movida pelo apreço pela obra do cantor.

O encontro vai ter um bate-papo mediado pelo urbanista, letrista e cantor Fausto Nilo, que era amigo e parceiro de Belchior. E, após a conversa, haverá uma leitura poética com Ricardo Guilherme, e pocket show em homenagem ao artista sobralense. O acesso é gratuito, sujeito a lotação do teatro.

No show, a Orquestra Popular do Nordeste (OPN), que este ano participa do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes, escola de artes gerida pelo Instituto Dragão do Mar, acompanha as interpretações de clássicos de Belchior pelos artistas cearenses Rodger Rogério, Lorena Nunes, Nayra Costa, Fausto Nilo e Lúcia Menezes. O show contará com a direção artística do instrumentista e compositor Pedro Madeira.

Após as apresentações musicais, o escritor Jotabê Medeiros estará disponível para autografar os exemplares, postos à venda no hall do teatro, com valor de R$ 49,90. Serão aceitos cartões de débito e crédito no local.