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Caixa vai mudar crédito imobiliário e entrar no ramo das maquininhas de cartão

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Equipe Focus
focus@focus.jor.br

Em visita a Fortaleza para encontro/almoço do Lide Ceará, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que o banco vai fazer mudanças de grande impacto no crédito imobiliário. Na platéia e na mesa principal, muitos empresários do setor ouviram atentamente o relato do economista ao projetar a substituição da Taxa Referencial (TR) pelo IPC. “Não posso falar, mas eu quero fazer crédito imobiliário com IPC mais um [por cento de juros]. Hoje é TR mais 10 [por cento de juros]. Isso vai fazer uma diferença brutal”, disse.

Focus apurou que a Caixa passará a usar o IPCA como indexador para novos contratos até o início de julho, o que será uma “mudança de paradigma”, segundo o presidente da instituição. O presidente da Caixa revelou também que o Banco vai entrar pesado no mercado das maquininhas de cartão de crédito, a nova febre do mercado financeiro nacional.

Numa palestra recheada de momentos em que Guimarães se emocionou ao relatar contatos com cidadãos humildes e sua vida familiar (o pai faleceu nos anos 1990), a platéia ouviu o presidente da Caixa Econômica dizer que a instituição terá em 2019 um lucro superior ao do Bradesco e, em 2020, superior ao do Itaú.

Pedro Guimarães é sócio do banco de investimento Brasil Plural e especialista em processos de privatizações. Assessorou, por exemplo, a privatização do Banespa, antigo banco estadual do estado de São Paulo. Tem 20 anos de experiência no mercado financeiro e é doutor em economia pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Na tese, discutiu o processo de privatização no Brasil.

No Rio de Janeiro, sua formação universitária foi na famosa escola de economia da PUC, cujo corpo de professores era formado por respeitados economistas como Gustavo Franco, Edmar Bacha, André Lara Resende, Persio Arida, Pedro Malan e Winston Fritsch.

Veja a seguir alguns pontos da fala de Pedro Guimarães.

Privatizar o Palácio do Planalto
–  Minha tese de doutorado é sobre privatização. Quando o ministro (Paulo Guedes) me chamou para fazer parte do time, eu, o Roberto Castelo Branco [hoje, presidente da Petrobras] e o Ruben Novais [presidente do Banco do Brasil]montamos o plano de privatização. A ideia era privatizar tudo. A começar pelo Palácio do Planalto. O presidente da República iria morar de aluguel. Não ia ter mais carro, não ia ter mais avião… depois, teve um choque de realidade.

Como chegou à Presidência da Caixa
– O presidente (Bolsonaro) deixou claro que tinha três empresas que não seriam privatizadas em hipótese nenhuma [Petrobras, BB e CEF]. Aí, o ministro falou: “Como não tem privatização, cada um de vocês, vai ficar no comando de uma”. Os dois não queriam ficar perto da Caixa, que tinha uma imagem muito ruim, e eu avaliei que era exatamente a que tinha o maior valor.

Caixa com ações da Petrobras: Coisa meio maluca
– Desde então, o que a gente fez na Caixa? O ministro falou: você vai abrir o Capital e vai deixar a Caixa focada naquilo que importa para o banco. Tanto que ontem a gente ficou até de noite na Bolsa de Valores por que fizemos a venda de R$ 7 bilhões da Petrobras. Uma coisa meio maluca. Como é que um banco tem ações em uma empresa petrolífera em seu patrimônio líquido? Isso deveria ser proibido no Brasil. Acho até que é proibido, mas, por acaso, para os bancos estatais federais em especial, as proibições não valem.

Saímos do tapete
– A Caixa não tinha uma governança muito clara. Trocamos 12 vice-presidentes, 20 dos 22 diretores e 74% dos superintendentes regionais em 20 dias… Começamos um processo de sair do conforto do ar-condicionado de Brasília.

A premissa de vida
– Tenho um axioma, só vou a Curitiba a trabalho ou a passeio. Preso eu não vou. 

Quem precisa de dinheiro da Caixa não é o Flamengo é a Rocinha
– Ano passado, a Caixa gastou R$ 1,1 bilhão em publicidade. Sabe quanto que a gente gastou até hoje? R$ 30 milhões. R$ 2 milhões por decisão de minha gestão. R$ 28 milhões foi decisão do ano passado. Agora, o chefe [Bolsonaro] do meu chefe [Paulo Guedes] está pedindo para eu investir um pouco. Mas não é patrocínio para clube de futebol. Sou sócio do Flamengo e o primeiro clube que comentei que não ia ter publicidade foi o Flamengo. Para que o Flamengo precisa ter dinheiro da Caixa? Quem precisa ter dinheiro da Caixa é a Rocinha.

Lucro maior que Bradesco e Itaú
– Esse ano vamos ter um lucro provavelmente maior que o do Bradesco e ano que vem provavelmente maior que o do Itaú. Temos agora outro problema: O que a gente vai fazer (com o lucro)? A gente vai ter que ver com a sociedade.

Crédito imobiliário
– Vamos transformar o crédito imobiliário via a troca do indexador. Hoje, você faz seu crédito imobiliário via TR, a Taxa Referencial de juros, que é uma jabuticaba… O crédito imobiliário é o coração do banco em qualquer economia do mundo, menos na brasileira. Temos um trilhão de reais de crédito imobiliário. 450 milhões de nossa carteira e 550 do FGTS. Se a gente securitizasse 10% de nossa carteira, a gente dobraria a oferta de crédito imobiliário. Ia de 50 para 100 bilhões. Não posso falar, mas eu quero fazer crédito imobiliário com IPC mais um [por centro de juros]. Hoje é TR mais 10 [por cento de juros]. Isso vai fazer uma diferença brutal.

Um dia por mês numa agência do Norte e Nordeste
– Nosso cliente é aquele que nenhum banco quer. Vou passar um dia por mês fora do banco e vai ser no interior do Norte e Nordeste. Não vai ser São Paulo e Rio não. Quero ir para dentro de uma agência na hora do dia mais cheio de pagamentos do Bolsa família. Vou ser caixa. Me disseram que tem que ter um curso (para ser caixa). Eu vou fazer esse curso.  As pessoas andam 20 km para receber 50 reais. O presidente vai estar lá. Ué, a Caixa não é o banco dos pobres? Para estar lá em São Paulo ou Brasília recebendo prêmio, nunca se vê problema.

Veja fotos do evento (com imagens cedidas pelo Balada In, de Pompeu Vasconcelos)

         

 

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