Pais, alunos e professores do Colégio Goyases participaram nesta terça-feira (24) de um culto ecumênico em homenagem aos estudantes mortos e feridos por um colega que atirou dentro da sala de aula, na semana passada. O evento ocorreu em frente à escola, no Conjunto Riviera, teve início por volta de 18h e foi encerrado às 19h30.
Cinco representantes religiosos participaram da cerimônia, sendo dois padres, dois pastores e um espírita. Ex-aluna da escola, Elisa Marques, de 23 anos, também fará um pronunciamento em nome da instituição onde ela estudou.
A Guarda Civil Metropolitana (GCM) estimou que cerca de 400 pessoas estiveram presentes. Todos usavam roupas brancas em homenagem àqueles que foram afetados pela tragédia.
O culto foi encerrado pela ex-aluna Elisa Marques, de 23 anos. Formada em jornalismo, ela sempre estudou na escola e se prontificou a falar para a comunidade. “Eu tenho um grupo de alunos da minha turma do colégio e a gente queria fazer algo porque é um local maravilhoso é importante nas nossas vidas”, disse ao G1.
As aposentadas Isabel Barbosa, de 88 anos, e Rosilene Silva, de 70, foram as primeiras a chegar ao local do culto, às 16h30. Elas são parentes de professores e foram prestar solidariedade. “A gente fica muito abalada, a escola é uma família, dá dó dos meninos, dos pais que perderam os filhos, dos pais do menino que atirou”, disse Isabel.
Rosilene também disse que ficou tocada com tudo o que aconteceu. “A gente se solidariza. A escola é muito importante, de princípios, é uma tragédia, mas todos vão se recuperar”, afirma.
Durante a celebração, professores e funcionários se abraçaram, emocionados.
Tragédia
O crime aconteceu no fim da manhã de sexta-feira (20) em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Os tiros foram disparados no intervalo entre duas aulas.
Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos tiros disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Filho de policiais militares, ele pegou a pistola .40 da mãe e a levou para a unidade educacional dentro da mochila.
O pai do adolescente prestou depoimento à polícia e negou que soubesse que o filho sofria bullying. Disse ainda que nunca ensinou o filho a atirar e que ele pegou a arma descarregada sobre o guarda roupas e a munição em uma gaveta trancada após procurar e achar as chaves.
O aluno, que estava apreendido na Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais (Depai), foi transferido na segunda-feira (23) para um centro de internação onde irá cumprir a decisão de internação provisória expedida pela Justiça.
Mortos e feridos
Os estudantes João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, morreram ainda no colégio. Os corpos foram enterrados no sábado (21) em cemitérios de Goiânia. Outros quatro alunos foram baleados e ficaram feridos.
Uma delas é Isadora de Morais, de 14 anos, que está no Hugo sem previsão de alta. O quadro dela também é regular. Ela está em um leito da UTI humanizada. “A gente acredita que não demora uma recuperação melhor, não”, disse Odair José dos Santos, tio da menina.
A estudante Marcela Macedo completou 14 anos nesta terça-feira, também no Hugo. Ela está em estado de saúde regular, já saiu da UTI e está internada em uma enfermaria.
Já a estudante Lara Fleury Borges, de 14 anos, está internada no Hospital dos Acidentados. Na manhã desta terça-feira, ela saiu na sacada para avisar que “está bem”.
O estudante Hyago Marques, de 13 anos, também foi baleado e foi o primeiro a receber alta do Hugo, no domingo (22). Já em casa, ele afirmou que perdoa o colega autor dos disparos, mas que “nada justifica a reação dele”.
O que se sabe até agora:
Veja a sequência dos fatos:
- Colegas relatam que ouviram um barulho
- Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando
- Alunos correram para fora da sala de aula
- O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a parar de atirar
- Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais