Três dias após Mizael Fernandes da Silva, de 13 anos, ser morto a tiros disparados por policiais militares, na última quarta-feira (1º), no município de Chorozinho, Região Metropolitana de Fortaleza, o comércio da cidade reabriu neste sábado (4).
Mizael foi atingido por um disparo de arma de fogo, enquanto dormia, durante uma intervenção policial do Comando Tático Rural (Cotar). O garoto chegou a ser levado pelos policiais ao Hospital Municipal de Chorozinho, mas não resistiu e foi a óbito. O adolescente não tinha antecedentes criminais.
O caso gerou revolta e tensão no município. Moradores chegaram a queimar pneus em uma rodovia e a protestar com cartazes pedindo justiça. Estabelecimentos comerciais fecharam as portas e as ruas ficaram desertas.
Adolescente é morto a tiros por policiais dentro de casa
Comerciantes locais relataram ao G1 neste domingo (5) que o município está “aparentemente tranquilo”, e que os estabelecimentos puderam retornar aos poucos, já que haviam sido fechados por ordem de facções criminosas atuantes na região.
Familiares do menino narram que PMs invadiram a casa, ordenaram a saída dos ocupantes e, em seguida, atiraram contra Mizael, que dormia no quarto. Já a Polícia Militar do Ceará (PMCE) relata que ele estava armado e foi baleado por não obedecer a ordem de soltar o revólver. Um inquérito foi instaurado, conforme a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSPDS), e as circunstâncias do homicídio do adolescente seguem sendo apuradas.
Em nota ao G1, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que “já adotou as providências iniciais para apuração na seara administrativa disciplinar”.
Comércio de Chorozinho amanheceu fechado na terça-feira após o caso. — Foto: Rafaela Duarte/SVM
Versões sobre o ocorrido
Os policiais do Cotar responsáveis pela ocorrência relataram ter recebido a informação de que o responsável por vários crimes na região, como furto, homicídio e assaltos, estaria em uma casa na localidade de Triângulo, distrito de Chorozinho. Ao entrarem na casa, ainda segundo a versão dos agentes, os PMs teriam encontrado Mizael armado e efetuaram os disparos.
Um primo do garoto descreveu a abordagem como “violenta”. “Por volta de 1h45, [os policiais]chegaram arrombando o portão da nossa casa, dizendo que era a polícia. Minha mãe abriu e permitiu a entrada deles. Saímos e avisamos a eles que meu primo estava dormindo no quarto, quando escutamos os tiros. Mandaram a gente ir pro outro lado da calçada. Eles disseram que meu primo estava armado, mas isso não é verdade. Levaram meu primo, jogaram no carro e saíram como se ele fosse um bandido grande”, relata.
“Ele foi morto por pessoas que deveriam protegê-lo. O sonho dele acabou. Agora só queremos justiça”, diz outra familiar do adolescente.
Segundo ela, Mizael era “uma criança calma, tranquila, que vivia de casa para a escola e da escola para casa”.
G1 CE