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Delator detalha pagamento a deputados da Alerj

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Por Marcelo Gomes e Lilian Ribeiro, GloboNews


Em vídeo, delator detalha pagamentos de propina a deputados da Alerj

Em vídeo, delator detalha pagamentos de propina a deputados da Alerj

A GloboNews teve acesso a novos vídeos da delação premiada de Carlos Miranda, apontado como o “homem da mala” do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

Como exibido nesta sexta-feira (7), nos vídeos, Miranda detalha o esquema de pagamento de mesadas a deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) pelo então governador.

Os parlamentares investigados foram presos no mês passado na operação Furna da Onça. O que Carlos Miranda contou ao Ministério Público Federal serviu como a principal prova da operação.

A delação de Miranda foi homologada pelo ministro Dias Foffoli, do Supremo Tribunal Federal.

Na delação, Carlos Miranda, que agora cumpre prisão domiciliar, relata uma rotina de pagamentos de propina a deputados estaduais.

A ordem para os pagamentos, segundo o delator, vinha de Sérgio Cabral. O objetivo era garantir apoio político dentro da Assembleia Legislativa. Um dos citados é André Correa, do DEM, que era líder do governo na Alerj.

“O deputado André Corrêa, no segundo mandato do governador Sérgio Cabral, foi o líder do governo na Assembleia. E o wilson carlos me chamou no começo de 2011, e falou: ‘olha, o Sérgio determinou que a gente entregasse pro André Corrêa R$ 100 mil por mês, por ele ser líder do governo’, e esse pagamento foi feito até março de 2014, quando Sérgio saiu do governo”, afirmou Miranda aos procuradores.

Também segundo o delator, os pagamentos aos deputados ocorreram ao longo de todo o 2º governo de Cabral. Após o ex-governador deixar o cargo, Miranda afirma que o “compromisso” fosse relacionado, e que o ex-secretário Wilson Carlos entregasse a ao atual governador Luiz Fernando Pezão, para que a situação fosse mantida.

Miranda afirma, porém, não saber se os pagamentos foram mantidos. Ainda segundo o depoimento do delator, Wilson Carlos teria dado a ordem também para o pagamento de propina ao deputado Marcos Abrahão, cerca de R$ 80 mil.

“O Wilson Carlos me chamou no início do segundo governo do Sérgio Cabral e determinou que eu fizesse entregas mensais de R$ 80 mil pro deputado Marcos Abrahão. Essas entregas foram feitas pra uma assessora dele, chamada Alcione, no escritório particular dele, na rua primeiro de março, no Centro da cidade”, disse Miranda.

“Eu não sei precisar a importância do deputado Marcos Abrahão dentro da Assembleia. Era uma determinação do Sérgio e do Wilson pra que atendesse esse deputado, com esse valor. De alguma forma, deveria ser importante politicamente pro Sérgio pra determinar esse pagamento.”

Também segundo Miranda, o deputado estadual Luiz Martins, então líder do PDT, também recebia R$ 80 mil mensais

“No segundo governo do sérgio cabral, ele determinou que eu fizesse pagamentos mensais ao deputado Luiz Martins, que era líder do PDT na Assembleia, no valor de R$ 80 mil.”

Questionado sobre a origem do dinheiro, Miranda afirmou aos procuradores que arrecadava a propina com construtoras, fornecedores do estado e prestadores de serviço. O delator explicou que fazia um caixa único e gerenciava os pagamentos.

Outro parlamentar a receber mesada, segundo Miranda, era o deputado Coronel Jairo. Os R$ 50 mil pagos a ele, de acordo com o ex-operador de Cabral, era prestigiar o parlamentar na Assembleia.

O delator contou, também, que um dos parlamentares recebia a mesada através do doleiro Álvaro Novis. Era, segundo ele, Marcelo Simão, na época no PHS, e teria recebido R$ 20 mil por mês.

Marcus Vinícius Neskau, do PTB, também é apontado pelo delator como tendo recebido R$ 50 mil por mês. Miranda diz que o pagamento só parou quando o parlamentar deixou a Alerj para ser secretário do governo Cabral.

Quatro dos dez deputados presos na Furna da Onça pediram à Justiça a revogação da prisão. O MPF, no entanto, alega que eles devem continuar na cadeia para garantir a ordem pública e a aplicação da lei.

Os pedidos e esse parecer do MPF ainda vão ser analisados pelo relator do caso, o desermbargador Abel Gomes.

A defesa do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, negou que ele tenha recebido qualquer valor a título de propina.

A defesa de André Corrêa também negou o recebimento de propina e disse que confia na absolvição do deputado.

A produção da GloboNews entrou em contato com a defesa dos demais citados, mas ainda não teve resposta.

G1

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