O economista Roberto Gianetti da Fonseca foi afastado nesta quinta-feira (26) da campanha do pré-candidato João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo nas eleições de 2018. O afastamento foi anunciado após Gianetti ser alvo da Operação Zelotes da Polícia Federal.
Gianetti era coordenador-geral do programa de governo de Doria. Ele teve endereços revistados por policiais federais nesta quinta-feira.
Segundo a Polícia Federal, a empresa Paranapanema repassou R$ 8 milhões à empresa de consultoria de Gianetti, a Kaduna. Investigadores apontam que ele teria ficado com R$ 2,2 milhões. O restante do dinheiro teria sido repassado a dois escritórios de advocacia, que encaminharam parte do dinheiro a ex-conselheiros Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O repasse para ex-integrantes do Carf serviu, segundo o Ministério Público, para manipular julgamento no conselho e a decisão ser favorável à Paranapanema. A empresa conseguiu se livrar de uma multa de R$ 650 milhões.
O procurador Frederico Paiva, responsável pelo caso, informou que os conselheiros que votavam a favor da Paranapanema mantinham contato frequente com os suspeitos. O procurador também levantou dúvidas se a consultoria de Gianette foi de fato executada.
“A participação do economista citado, ela precisa ser melhor esclarecida, ela precisa ser melhor aprofundada. Mas é evidente que os valores foram repassados – ainda que se alegue, [como]em todos os casos da Zelote vai se alegar – que a consultoria foi feita, a consultoria foi realizada. Mas a gente não tem nada, uma reunião, um relatório… Nada concreto”, afirmou o promotor.
Gianetti foi secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) no governo Fernando Henrique Cardoso, é presidente da Kaduna Consultoria e ex-diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A 10ª fase da Operação Zelotes apura irregularidades em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O que dizem os investigados
Em nota, Gianetti afirmou que as suspeitas levantadas contra ele e sua empresa são “totalmente infundadas” e que vai colaborar com as investigações. (veja a íntegra da nota ao final da reportagem)
A Paranapanema informou que “a companhia tampouco seus administradores ou gestores atuais foram alvo ou notificados oficialmente [na operação desta quinta-feira]”. “A Companhia repudia quaisquer atos de ilegalidade e conta com rigorosas políticas de controle e conformidade, que têm sido permanentemente”, completa a nota.
De acordo com nota da campanha de João Doria, Gianetti “decidiu se licenciar da função” para que possa “se dedicar à elaboração de sua defesa nas investigações da Operação Zelotes.”

10ª fase da Operação Zelotes mira fraudes em julgamentos do Carf
Veja a íntegra da nota da campanha de João Doria:
A coligação Acelera São Paulo informa que o economista Roberto Giannetti da Fonseca, coordenador geral do programa de governo, decidiu se licenciar da função. O objetivo do afastamento é se dedicar à elaboração de sua defesa nas investigações da Operação Zelotes.
Veja a íntegra da nota de Gianetti:
“Kaduna Consultoria e Roberto Giannetti da Fonseca declaram que estão abertos a prestar qualquer informação e a colaborar integralmente com a Justiça Federal para elucidação de qualquer fato relacionado a investigação Zelotes. Ele reafirma que aqueles que o conhecem sabem que ele sempre se pautou pelos princípios éticos e legais no relacionamento com seus clientes e com as autoridades públicas, sendo totalmente infundadas as suspeitas levantadas contra si e sua empresa.”
G1