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Escolas públicas de Fortaleza passam por adaptações físicas para possível retorno às aulas presenciais

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Escolas da rede pública municipal de Fortaleza vêm passando por reformas para garantir as adaptações físicas necessárias, como abertura de janelas e retirada de bebedouros, em um possível retorno às aulas presenciais, após as férias coletivas que ocorrem este mês. A informação foi repassada por professores e confirmada pelo prefeito Roberto Cláudio e pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute). No entanto, não foram divulgadas quantas, nem quais escolas estão sendo adaptadas.

Ceará registrou, até esta terça-feira (4), 176.998 casos e 7.778 óbitos por Covid-19. As informações são da plataforma IntegraSUS, atualizada às 9h09. Número de recuperados da doença chegou a 149.846.

Desde a última quinta-feira (30), o G1 solicita à Secretaria Municipal de Educação (SME) informações específicas sobre esse processo de mudanças físicas, bem como valor investido na ação. Mas, não obteve resposta.

Em nota, no último sábado (1º), a SME disse que “para iniciar a preparação das unidades de ensino para o retorno das aulas presenciais, quando autorizado, a secretaria já realizou um diagnóstico da rede municipal, levando em consideração as adequações dos espaços físicos, com o objetivo de atender as medidas de segurança sanitária, recomendadas pelas autoridades de saúde”. Com base neste diagnóstico, a SME elaborou um documento com orientações técnicas para as intervenções “que incluem instalação de lavatórios e abertura de espaços para maior circulação de ar, entre outras”.

Em entrevista esta semana, sem detalhar quais e quantas unidades, o prefeito Roberto Cláudio confirmou o processo de mudanças físicas. “Banheiro, álcool em gel, acesso a sabão e água, a gente já está fazendo isso independente de saber quando as aulas vão retornar. A gente fez um entendimento com o Sindicato dos Professores de dar as férias coletivas em agosto e isso permitiria, ou permitirá, que a gente volte em setembro, mas a data específica, o faseamento e os protocolos não serão uma decisão política da prefeitura, serão uma decisão sanitária e nós iremos obedecê-las fielmente”.

De acordo com o prefeito, as mudanças que estão em curso no momento devem garantir, dentre outros, espaços mais arejados nas salas de aula e oportunidades de assepsia. Na rede pública municipal de Fortaleza, até março eram cerca de 231 mil alunos, distribuídos em 582 equipamentos, entre escolas, Centros de Educação Infantil e creches conveniadas.

A presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme, reitera a ocorrência das reformas. De acordo com ela, as mudanças são demandas também dos professores. A categoria, afirma ela, no quesito estrutural, tem pleiteado a abertura de janelas, o aumento do números de pias e o fechamento de bebedouros nos prédios escolares.

Um representante do sindicato em cada escola, conforme Ana Cristina, ficou responsável por informar sobre as necessidades estruturais específicas das instituições com baixa qualidade estrutural e as questões foram apresentadas à prefeitura em maio.

Sem detalhar a quantidade, Ana Cristina explica que as escolas que mais precisam de reparos, que segundo ela, não são a maioria, já estão concluídas. “A prefeitura fez o repasse financeiro e as escolas prestam contas e recebem mais repasses de acordo com a necessidade. Na parte dos EPIs e do álcool em gel, que tem de ser uma quantidade imensa porque são 250 mil alunos, não estava previsto no orçamento e nós estamos concluindo uma pesquisa com os diretores de escolas o que já foi feito e o que precisa fazer”.

Além disso, ela relata que a categoria exigiu da prefeitura que as pessoas do grupo de risco tanto as que têm comorbidades, como idosos e gestantes, não retornem às aulas presenciais. Segundo o Sindiute, 11 mil alunos e cerca de 3 mil trabalhadores declararam ter comorbidades. A representante da entidade informa que está sendo concluída uma pesquisa com os representantes de escolas para saber o que foi feito e o que ainda aguarda nas escolas.

A Escola Municipal Professora Belarmina Campos, no Vicente Pinzón, segundo o professor de História, Pedro Monteiro, lotado na unidade, foi um dos prédios a passar por mudanças físicas. Os educadores da rede municipal, ressalta ele, debateram sobre os fatores necessários para o retorno das aulas e listaram as principais demandas de melhorias estruturais.

“Na minha escola um dos encaminhamentos foi abrir janelões, tirar os cobogós, para garantir a ventilação. O diretor está abrindo, colocou pias em vários pontos, tirou os bebedouros e colocou as pias”, comenta.

Ele trabalha nas séries finais do Ensino Fundamental – 6º e 7º ano – e define a escola como ambiente de socialização onde o controle do novo coronavírus não possui garantia. “Não tem como ter um retorno às aulas no meio da pandemia. Ainda que Fortaleza, o Ceará, esteja tendo redução do número de casos, mas se você tem um grupo de 20 alunos, falo 20 por causa da proposta de reduzir as turmas pela metade, é inviável”, ressalta.

Rede estadual retoma atividades remotas

Já a rede pública estadual de ensino do Ceará está retornando às atividades do segundo semestre de 2020. Na capital, esta rede de ensino é composta de 167 escolas e tem cerca de 119 mil alunos. A abertura oficial do semestre foi feita nesta segunda-feira (3) pela secretária Eliana Estrela, de forma virtual no youtube. O retorno às atividades remotas está previsto para o próximo dia 10.

No último sábado (1º), o governador Camilo Santana informou que, considerando a necessidade de manutenção das medidas de distanciamento social para contenção do coronavírus, todas as escolas iniciarão este período letivo exclusivamente de forma remota.

As aulas presenciais só voltarão após divulgação de decreto governamental autorizando e normatizando a retomada destas atividades. A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) disse também sem detalhar que “os protocolos de segurança sobre possível retomada estão sendo organizados pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará”.

Levantamento de dados

Nesta terça-feira (4), o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, além de informar que as escolas públicas e particulares de Fortaleza vão receber testagem em massa para diagnóstico de Covid-19, disse que a Sesa está convocando “as secretarias municipais e estadual de educação para que façamos o levantamento do número de alunos por escola, e uma revisão dos protocolos de todas as unidades municipais, estaduais e da rede privada, para que haja uniformidade”.

O mesmo procedimento, relata ele, está sendo adotado em cada região do estado. “(Para retorno das escolas) Pretendemos obedecer as quatro fases. Temos Cariri na fase 1, Sobral na fase 2, e acontecem a cada 14 dias. É importante frisar que essa estimativa de setembro foi uma medida responsável. Para tudo há fatores condicionantes. Nós esperamos que esse retorno possa acontecer em setembro, e vamos discutir se isso será faseado. O importante é a população entender que nós vencemos a luta até agora, obviamente com muitas perdas, e por isso mesmo é necessário que sejamos precavidos e responsáveis.”

Infográfico mostra quais são os erros e acertos ao usar a máscara — Foto: G1

Infográfico mostra quais são os erros e acertos ao usar a máscara — Foto: G1/CE

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