Filhos enviam serenatas virtuais em homenagens pelo Dia das Mães

• No Dia das Mães, voluntários da Cruz Vermelha prestam homenagens com aplausos em ruas de Fortaleza
• Coronavírus: idosa tem alta hospitalar e comemora 80 anos e o dia das mães neste domingo

Três músicas, uma mensagem da família e uma conversa afetuosa compõem o momento, como explica o cantor profissional Renato Assunção. “Antes era presencial e agora, com essa pandemia, eu adaptei esse serviço para ser virtual. Eu coloco flores em cima da mesa, estou fazendo a semana toda”, comenta.

O artista começou a realizar as serenatas às 6h com uma lista de 30 mães que devem receber as homenagens durante o dia. Entre as músicas mais solicitadas estão “Como é grande o meu Amor por Você”, de Roberto Carlos; “Mãe, um Pedaço de Céu”, do Leonardo Sullivan e “Um Milhão de Vezes”, do artista Rafinha.

Renato conta que a homenagem resulta em lágrimas, na maioria das vezes, mesmo nas mães mais sérias. “Todo mundo liga agradecendo depois. Eu já era cantor, mas nesse tipo de serviço é quando eu estou conseguindo mexer mais como as emoções das pessoas”, observa. A mãe de Renato foi a primeira a receber a serenata neste domingo (10).

As serenatas duram cerca de 15 minutos e são registradas para que os filhos possam ver a reação das homenageadas. Kelma Parente, de 44 anos, começou o dia vendo o vídeo da mãe que está há quase dois meses sem abraçar. “Ela se emocionou bastante. É uma forma diferente de homenagem neste momento. Se tudo estivesse normal, eu estaria lá fazendo um almoço enorme, ela gosta de música e na radiola dela estaria ouvindo Roberto Carlos”, comenta a coordenadora de merchandising.

Dona Marta Parente, de 70 anos, conta que gostaria de passar o dia ouvindo as músicas que lembram sua própria mãe, já falecida, e o seus filhos em um encontro presencial. “Jamais eu esperava coisa parecida. Quando ele começou dizendo que era dos meus filhos eu me emocionei porque tem um sentimento muito suave, muito carinhoso”, conta sobre a surpresa.

Longe dos três filhos e dos dois netos, dona Marta mora com dois irmãos e recebe as compras do supermercado na porta. Ela explica que a sensação do dia varia entre tristeza, por não abraçar os outros membros da família, e a esperança pelo reencontro. “Essa emoção que a gente tem, principalmente, porque é um dia diferente, que fica aquele vazio, aquela esperança e aquela vontade [de estar junto]que ficam voando”, conclui.

A administradora Aline Citó, de 46 anos, mantém o isolamento físico da mãe por continuar trabalhando em um serviço essencial, em farmácia, e resolveu dedicar a serenata virtual. “Vi nas redes sociais e tive a ideia de fazer para minha mãe porque o presente que eu queria dar vai ter ficar para um outro momento”, conta.

Aline destaca que sua mãe, conhecida como Zezé, de 68 anos, recebeu a homenagem ao som de “Bom dia, meu Amor”, de José Ribeiro, por ser “a sua cara”. Zezé relata a falta dos netos, dos encontros semanais com as amigas e de jogar baralho. “A minha mãe já foi acometida por câncer, mas hoje ela é uma pessoa muito saudável e, desde quando ela teve a primeira vez, ela passou a viver a vida intensamente, a ter vida social ativa”, conta.

O Ceará alcançou 16.529 diagnósticos positivos e 1.102 óbitos em decorrência da Covid-19 até as 14h15 deste domingo (10). Em relação ao boletim epidemiológico das 9h30, o acréscimo foi de 465 casos e oito mortes. O isolamento social mais rígido em Fortaleza começou na sexta-feira (8) e segue até o dia 20 deste mês.