Átila Varela
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Os meses sofríveis da pandemia para o mercado de viagens, ao que parece, chegaram ao fim. Mesmo que os números fiquem abaixo do esperado antes do surto de COVID-19, o segmento já desenha oportunidades para 2021.
Pensando no futuro, mas sem tirar os pés do presente, o grupo paulista Tour House desembarca em solo cearense com a missão de mostrar expertise aos potenciais clientes. A base-satélite será Fortaleza. A ambição é grande: ganhar o Norte e no Nordeste.
A empresa, com unidades no Rio e São Paulo, aposta inicialmente no mercado corporativo. Se os números forem favoráveis, a ideia é aumentar a participação no setor de lazer e eventos.
“Nossa proposta é potencializar o conhecimento, tecnologias e processos que temos no Sudeste com os profissionais cearenses, fomentando o desenvolvimento de Fortaleza”, explica o CEO da Tour House Corporativo, Alexandre Motta. Segundo ele, a mão de obra a ser utilizada é toda local.
Ele detalhou ao Focus os motivos que determinaram a escolha da Capital cearense para implantação da nova unidade.
Focus – Por que Fortaleza?
Alexandre Motta – Tínhamos um sonho antigo de desenvolver no Ceará era uma base que contemplasse o Norte-Nordeste. Tivemos de dar uma freada por conta situação pandêmica. Mas por que Fortaleza?
Fizemos uma avaliação e elencamos alguns fatores. O primeiro deles é a questão do hub de conexões de voos da Air France-KLM, além de uma malha doméstica muito forte.
O segundo são os potenciais clientes. Há grandes empresas cearenses e do Nordeste. Enxergamos uma grande oportunidade de atendermos esse nicho. Hoje temos em nosso portfólio com a Arco Educação. Completamos um ano de operação. Eles nos motivaram a ter uma base aqui. Misturando tudo isso, chegamos à conclusão da necessidade de uma operação na região.
Focus – Como a pandemia afetou o negócio de vocês?
Alexandre – O turismo foi um dos setores que mais sofreu os impactos da pandemia. Somos o primeiro a sentir e o último a retornar. De abril até julho, rendemos apenas 5% do que fazíamos, totalizando 95% de queda de faturamento.
Mas não baixamos a guarda. Fizemos a lição de casa. Nosso grupo é forte financeiramente. Rapidamente avaliamos as situações e tomamos as decisões. Isso nos ajudou muito nesse processo de travessia de abril até julho, e de julho para cá.
A partir de agosto, com uma lição de casa bem feita, tivemos preservada a capacidade de investimentos. Olhamos o mercado cearense de viagens corporativas como uma oportunidade, considerando que tem crescido mais em relação ao eixo Sudeste.
Focus – Como esperam fechar 2020?
Alexandre – A nossa projeção é fecharmos algo em torno de 40% de faturamento no que diz respeito ao período pré-pandemia. Em 2021, teremos um caminho muito duro. Esperamos chegar no segundo semestre do ano que vem com 80%. Só iremos equiparar a mesma linha de faturamento pré-COVID no primeiro trimestre de 2022, se não acontecer nenhum fato novo.
Focus – E o Ceará em 2020?
Alexandre – A gente projeta uma situação melhor, algo variando entre 65% a 70%.
Focus – Também se interessam pelo turismo de eventos no Estado?
Alexandre – Estamos de olho e trabalhando na segunda onda de chegada com a unidade de eventos. Neste momento, projetamos para o primeiro trimestre de 2021. Mas isso está diretamente ligado ao potencial que a cidade tem.
Focus – O mesmo se aplica ao mercado de lazer?
Alexandre – Sem dúvidas. Hoje estamos conectados ao grupo internacional Egencia LLC. Temos acesso a mais de 65 destinos no mundo, de forma direta ou indireta nas viagens receptivas. Com certeza o Ceará vai estar em nossa vitrine.