Ouvir Rádio: Rádio Senado | Rádio Câmara Fale Conosco

LUIZA POSSI: “SER MÃE É ALGO MUITO ALTRUÍSTA, VOCÊ ESTÁ ALI PELO OUTRO”

0
Luiza Possi (Foto:  )

Luiza Possi Abre (Foto:  )

Aos sete meses de gravidez, Luiza Possi encontra a equipe de QUEM enquanto se prepara para um ensaio fotográfico comandado por Danilo Borges. Já sentada no camarim, a cantora, pontualíssima, já engata naturalmente uma conversa e começa a falar sobre a gravidez e a expectativa para subir ao palco com a mãe, a cantora Zizi Possi, com o show Zizi & Luiza. A estreia da minitour acontece no palco da casa Tom Brasil, na cidade de São Paulo (SP), no dia 11 de maio, véspera do Dia das Mães.

Casada com Cris Gomes, diretor do Domingão do Faustão, desde setembro do ano passado, com quem começou a namorar em 2017 após participar do quadro Show dos Famosos, ela lembra que se deu conta do desejo de ser mãe quando soube que não poderia engravidar. “A vontade veio mesmo quando eu fiz um exame dos óvulos e vi que eu não poderia ser mãe. O tamanho do óvulo não chegava nem à metade do que é necessário para a fecundação. Aí, caiu a ficha. Uma coisa é não querer, outra coisa é não poder. Não poder dói, é estranho”, afirma, dizendo que recorreu à medicina antroposófica. “Engravidei dez dias depois do meu casamento. Uma loucura”, diz.

Ao falar sobre como se imagina no papel de mãe, ela lembra da avó materna, Dona Thereza, que participou ativamente de sua criação. “Eu me imagino uma mãe ‘brother’, mas também uma mãe que disciplina, que educa. Minha avó me criou muito e ela tinha um lema: ‘Hoje você me odeia e amanhã você me agradece’. Era ótimo. Estou a fim de preparar o filho para o mundo.”

Você está grávida pela primeira vez. Como tem sido a experiência da gestação?
No começo, eu tinha uma fome! Só queria comer. Pesava 49 quilos quando engravidei. Aí, veio o pensamento: “Estou grávida, dane-se, vou comer!”. Eu ligava para as minhas amigas que já têm filhos e perguntava: “É normal ter essa fome louca?”. Eu tomava leite com leite, sabe? O leite misturado com leite em pó! Isso nunca fez parte do meu dia a dia. Foi muito engraçado porque o meu marido ficou desesperado. Ele falava: “Você tem fome o tempo todo. Já não sei mais o que fazer. Você não era assim. Vou pedir uma cesta básica para Zizi” (risos). Era toda hora. Com o passar das semanas, deu uma acalmada.

Seu marido cozinhava para você?
Ele estava cozinhando para mim, mas coitado. Era o tempo todo: “Tô com fome! Tô com fome! Tô com fome”. O bichinho não sabia mais o que fazer. Teve uma hora em que disse que eu era a responsável pela minha própria fome porque, falando sério, passou dos limites do razoável.

Você gosta de acompanhar o quanto engordou?
Quando vou ao médico, eu me peso de costas. Aí, depois, fico enchendo: “Quanto estou pesando?”. Sei que já engordei 15 quilos (risos). É a primeira vez que falo isso dando risada.

Em relação ao peso, você diz?
Estou achando ótimo conseguir dar risada disso.

A preocupação com o físico chegou a ser uma questão para você?
Nos primeiros dois dias depois que soube que estava grávida, eu já saquei que teria que abrir mão do ego. E acho que essa é a melhor parte de ser mãe, na verdade. Ser mãe é algo muito altruísta, você está ali pelo outro. A Preta Gil, que é minha prima, me falou uma vez: ‘Você tem que ter um filho. Você tem que amar alguém mais do que a você mesma’. Esse amor pelo filho começa já na hora em que você se olha no espelho, abre a mão das suas formas e muda as prioridades de importância. As formas do meu braço e da minha perna não têm mais importância. Depois, terão, mas agora não.

Luiza Possi Aspas (Foto:  )
Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Você não se sente em primeiro plano?
Não, não estou em primeiro plano. Isso me deixou mais permissiva comigo, o que também acabou sendo uma cura. Como o que tenho vontade quando tenho fome. Eu me vejo de outra forma e consigo ver beleza nisso, consigo me achar bem. Conseguir abrir mão do ego é a tarefa mais difícil que a gente tem para cumprir na vida. Ser mãe ajuda muito nisso.

Você falou que a Preta Gil disse que você precisava ser mãe. Por um período, você afirmou que ser mãe não estava em seus planos. Quando veio a vontade?
Eu também fico me perguntando isso. Eu não pensava mesmo, mas acho que lá no fundo… Sabe aquilo que só o travesseiro sabe? Lá no fundo eu tinha a vontade, mas não pensava. Acordava e já não pensava. A vontade veio mesmo quando eu fiz um exame dos óvulos e vi que eu não poderia ser mãe. O tamanho do óvulo não chegava nem à metade do que é necessário para a fecundação. Aí, caiu a ficha. Uma coisa é não querer, outra coisa é não poder. Não poder dói, é estranho. Quando cheguei em casa, liguei para as pessoas que trabalham comigo e falei que não queria falar com ninguém. Nesse dia do exame acho que foi o único dia da minha vida que eu não pensei em trabalho e isso foi estranho. Afinal, desde os 15 anos eu penso no meu trabalho. Mas, desde criança, eu tinha o pensamento: ‘Quando eu crescer, tiver um namorado bem legal, vou parar de tomar pílula e ficar grávida’.

E você falou para o seu marido?
O meu marido vai comigo a todos os exames. Ele me conhece muito por dentro e por fora (risos). Sério! Ele já foi comigo à endoscopia, à colonoscopia, a exames de ginecologia… Ele estava comigo nessa hora em que fiquei bem mal [ao receber a notícia de que não conseguiria engravidar].

E quando foi isso?
Foi em agosto do ano passado. Fiquei mal. O Cris queria muito que a gente tivesse um filho. Queria muito, muito… Aí, fui à dermatologista, que é minha amiga, e ela falou para eu tomar um remédio que é da medicina antroposófica. Era um negócio com um gosto de açúcar. Não achei que fosse funcionar. Parecia uma água com açúcar. Mas sou muito caxias e tomava direitinho. Se eu tivesse que fazer um tratamento hormonal para engravidar, eu tenho dúvidas se iria encarar. Não sei se iria arregar. Marquei uma consulta na ginecologista e quando fui, eu estava grávida. Foi meio sem querer querendo. Estava tomando o remédio, mas não acreditava muito que fosse dar certo.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Você teve um certo baque ao saber que não poderia engravidar. Quando engravidou, teve a preocupação de segurar a informação?
Eu tive esse cuidado, sim. Não contamos nem para a minha mãe. Só que aí, isso começou a me fazer mal. Toda a minha vida estava mudando, mas, por fora, não. O começo da minha gravidez foi difícil. Antes, eu tomava uma série de remédios para dormir e a médica falou para eu parar com tudo. De uma hora para outra, tive que parar com tudo, não contar para ninguém… Minha vida começou a mudar completamente por dentro, mas ninguém sabia o que se passava. A médica me orientou falar, se fosse me fazer melhor. Para a imprensa, eu não queria falar de jeito nenhum. Queria respeitar as 12 semanas e consegui. Meu santo é forte!

Entre o casamento e a gravidez não demorou muito.
Engravidei dez dias depois do meu casamento. Eu me mudei para a minha casa no dia 1º de setembro. Vinte dias depois eu casei lá mesmo, na minha casa, e dez dias depois eu estava grávida. Uma loucura.

E como foram as descobertas neste processo? O sexo da criança, por exemplo.
Eu sabia que seria menino. Se não fosse, eu ficara surpresa comigo. Todos os sinais indicavam que eu teria um menino. Tudo o que eu escolhia era de menino. Teve um dia que eu estava malhando e a bola era azul, o elástico era azul, tudo era azul… Mas isso foi antes da Damares [Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, que causou polêmica ao afirmar “Menino veste azul e menina veste rosa”], tá? (risos). Também comprei dois bichinhos de pelúcia, um com nome de menino e outro com nome de menina. Perguntei pro Cris: “Você acha que é menino ou menina?”. Foi só perguntar que a menina caiu. Eu sentia que seria menino. Sentia a testosterona em mim.

Luiza Possi Aspas (Foto:  )
Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

E a escolha do nome?
Lucca é a cidade do meu avô, na Itália. E o Cris tinha a noia de que o nome da criança teria que ter duas sílabas, no máximo. Sempre critiquei muito os outros. “Fulano chama Marcelo e chama o filho de Marcelinho. Não tem criatividade!”. Dar o próprio nome pro filho, jamais. Aí, escolhi qual? Lucca. Abri mão do meu apelido para dar como nome para o meu filho.

Era um apelido de infância ou você continua sendo Lucca para as pessoas?
Continuo sendo chamada assim. Não sei como vai ser na minha família, vai ser bem confuso. Meu pai, minha mãe, meus avós, meus tios… Todos me chamam de Lucca.

A definição foi sua? Ou em conjunto com o Cris?
Olha, estava lendo um livro e li que o bebê escolhe o nome, sabe? Às vezes, você fala a vida inteira que quando tiver um filho terá um nome. Aí, você engravida, fala o nome e não sente nenhuma emoção. Quando eu falei Lucca, tudo rolou, todos gostaram.

Depois que ele nascer, você imagina que terá muitas mudanças na sua vida?
Não vou ter muita escolha porque minha vida é trabalhar. Sempre foi. É minha referência, é minha identidade, meu sustento. Ninguém me sustenta, nunca sustentou, nunca seria sustentada por um homem na minha vida, nem eu ele fosse o Bill Gates ou o Mark Zuckerberg. Não consigo conceber a ideia de ser sustentada por alguém que não seja eu. Tenho esse exemplo em casa. Minha mãe me amamentou e logo teve que parar para ir trabalhar. Ela não teve escolha porque meu pai [o produtor musical Liber Gadelha]trabalhava com ela. Se ela não trabalhasse, ele também não trabalharia. Eu ia junto e é como eu me imagino. Em novembro, já tenho show. Retomo a agenda.

Luiza Possi Aspas (Foto:  )
Luiza Possi (Foto:  )

Como mãe, você se imagina como?
Eu me imagino uma mãe ‘brother’, mas também uma mãe que disciplina, que educa. Minha avó me criou muito e ela tinha um lema: ‘Hoje você me odeia e amanhã você me agradece’. Era ótimo. Ela não tinha aquela vaidade, aquela preocupação se eu ficaria com raiva dela… Ela me educava. Realmente, ela não era a minha avó preferida, mas depois que entendi que ela estava me educando. Sei falar inglês graças a minha avó. Quando ela me olhava cabulando, ela questionava o porquê. ‘Eu não tive essa oportunidade. Você vai ser burra a esse ponto de não  aproveitar, não estudar?’, ela falava. Aí, eu ia lá e estudava. Tem quem me veja falando inglês e pergunte se eu já morei fora. Não, eu estudei muito. Minha avó virava a noite comigo estudando, falando para eu escrever, repetir… Estou a fim de preparar o filho para o mundo.

Paralelamente à gravidez, você manteve sua agenda de shows e agora, no fim de semana do Dia das Mães, lança uma minitour ao lado da Zizi Possi. É a primeira vez que vão para a estrada juntas, não?
Acho que a nossa relação nunca foi tão boa como agora.  Ela mesma me disse que agora também sou mãe, que podemos falar de igual para igual. Fiquei mais amorosa com ela. A gente já fez participações uma no show da outra, uma no DVD da outra, mas sempre muito cada uma na sua. Eu, pessoalmente, nunca quis estar atachada a minha mãe porque precisava correr atrás da minha identidade, do meu caminho.

Luiza Possi Aspas (Foto:  )
Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

E você conseguiu isso.
Consegui total. Só por ter conseguido é que encarei esse projeto. Tem amigos meus que são filhos de pessoas boas e fazem projetos depois [da morte dos pais]. Aí, eu pensei: ‘Pô, minha mãe está aqui, mas um dia ela vai’. Claro, todo mundo vai um dia. Por que eu esperaria ela ir embora para fazer uma reverência a ela? Ela é minha maior referência, quero fazer essa homenagem em vida. Mais do que lembrar dela, quero estar com ela. Quero criar novos memórias. Depois que a gente cresce, a gente vive memórias, mas também é importante criar novas memórias. E aí, a gente resolveu ter esse show, nesse momento que a gente está se dando ultrabem, porque sabe como é, né? Somos como duas italianas…

Às vezes, o sangue esquenta?
O sangue feeeerve. Tem situações em que a gente nem está brigando, mas falamos alto… As pessoas se olham, assustadíssimas, e eu falo: ‘Está tudo bem’.

Quando você participou do Show dos Famosos, do Domingão, em 2017, um dos números mais comentados foi o que você homenageou a Zizi Possi. Essa parceria nos palcos foi impulsionada depois desta sua apresentação no programa ou não?
Não. Foi bonito fazer este número porque ela me falou: ‘Nunca ninguém me homenageou. Me senti gente grande’. Aquele dia foi muito emocionante para mim. Eu me senti fazendo uma homenagem para a minha família inteira, aos meus ancestrais. Avós, bisavós…

Agora que está você está grávida, Zizi está corujando muito?
Nossa, ela está de um jeito… Outro dia pedi uma comida por aplicativo. E ela: ‘Minha filha é um gênio, ela pediu comida pela internet’. Algo supernormal, mas ela me achou gênio. Vou ter que fazer um filho por ano porque nunca fui tão paparicada por ela.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Como você a imagina no papel de avó? Acha que vai ser daquele tipo que estraga o neto?
Acho, mas também aprendi com ela. Minhas avós queriam me dar doce e não podiam porque ela tirava. Eu farei igual.

Você é filha única, por parte de mãe. Seu marido já tem um filho. Quer que seu filho tenha outros irmãos?
Tudo o que eu falar agora será usado contra mim no tribunal divino (risos). Minha lei cármica é muito rápida. Se eu te falar que não estou pensando nisso, é capaz de aparecer novamente grávida depois de três meses. Realmente não sei dizer. Se ele tiver que ter mais um irmão, ele vai ter. A Mica Rocha (escritora e digital influencer)falou outro dia: ‘Estou pagando o boleto da minha língua’. Eu já estou pagando o carnê todo. Falava que não iria casar, casei. Jamais de véu e grinalda, usei. Dizia que não entraria na indústria do casamento, e aí? Bem-casado, docinho, chuva de arroz… Também falava que não ia ter filho e agora estou esperando bebê.

Ainda mais hoje tem a patrulha das redes sociais. Essa patrulha já te irritou?
Me irrita todos os dias. Eu driblo pensando assim: seguidor não é, necessariamente, fã. Quando leio nos sites que “os fãs de fulano falaram mal de…”. Não! Os fãs não falaram mal. O fã é quem te assiste, é quem economiza para ir ao show, pede sua música na rádio, te abraça… Na internet, tem gente querendo achar um defeitinho, querendo que você fale errado… Ou você liga para isso e fica mal, ou aprende que isso faz parte da sua vida profissional e segue adiante. Tem dias que não posto e não olho. Não quero ficar louca nas mãos das pessoas. Hoje você é o máximo, amanhã você é um merda. Você fica sem nenhum valor.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Você já está no meio artístico há bastante tempo. Acha que isso contribui a ter essa visão?
Sim. E fico vendo essas meninas novinhas, no auge da fama e se importando tanto com coisinhas menores… Dá vontade de alar: ‘Amiga, para, isso não é importante. Vai viver’.

Diz isso no sentido de gastar energia com o que realmente importa e não em querer ser sempre o centro das atenções?
No mundo de hoje, é até complicado você querer ser o centro das atenções. Os motivos que te levam a ser o centro das atenções são questionáveis, são estranhos. Você só vira realmente o centro das atenções quando estiver envolvida em uma coisa muito estranha ou estiver fazendo algo muito, muito, muito bom. Não existe o ‘vamos falar sobre o disco da fulana’ e, sim, o ‘fulana estava sem sutiã’. Como eu lido com isso? Não ligando.

E agora está rolando a produção de um novo álbum. Consegue conciliar?
Estou gravando disco. É um EP. Terão de quatro a seis faixas. Estou conseguindo, não sei como vai ser quando ele nascer. A previsão é lançar antes do Lucca nascer.

Sua agenda está programa para seguir até quando?
16 de julho. E ele está previsto para dia 22 de julho.

Leonino!
Se Deus quiser, ele vai ser leonino. Todo mundo que é de leão ama ser leão. Ninguém que é câncer gosta de ser câncer. Odeio ser canceriana. Câncer é um signo bom para os outros, mas péssimo para a própria pessoa. Você guarda, há aquela sofrência. Eu queria ser de leão. Eu precisava ser de leão! (risos). Sou câncer, com ascendente em escorpião e lua em gêmeos e o Cris é capricórnio.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Durante a gestação, já teve aquele momento em que você disse ao Cris “chega para lá”?
No começo da gravidez, fiquei muito irritada. Não com ele, mas com o mundo. Descontava nele, principalmente, mas sem motivo nenhum. Era uma questão hormonal. Por sete anos, tinha ficado sem menstruar. Do nada, eu parei de menstruar!Meu corpo não produzia mais hormônio feminino. Quando fiquei grávida, veio uma enxurrada de hormônio. Eu brigava: ‘Por que você está lavando a louça?’. Depois foi melhorando, graças a Deus. Aquele lance das 12 semanas iniciais é muito verdade. Depois que elas passam, tudo muda. É impressionante. Durante as primeiras 12 semanas é rock’n’roll. Depois, você volta a ser um ser humano legal.

Esse longo período sem menstruar, foi uma questão de saúde?
Aconteceu de maneira natural. Estranho, mas aconteceu. Acho que foi por isso que emagreci muito. Foram questões hormonais, não foi induzido. Depois, voltei a tomar pílula, voltei a sentar igual menina… Eu me observava e falava: ‘Estou virando uma menina’. Durante muito tempo, fiquei sem conviver com essa energia tão feminina.

E sexo? Foi um tabu na gestação para você?
Zero tabu, zero. Mais libido, hormonalmente falando, inclusive. E o Cris me vê como uma pessoa normal. Tem homem que vê a mulher grávida como uma imaculada, intocável, santa, Virgem Maria… Ele não. Ele me viu como a mulher dele, com 15 quilos a mais, grávida. Para ele, tudo igual, a mesma de sete meses atrás. A gente ainda está em clima de lua de mel. A gente casou e continua tudo igual. Isso manteve minha cabeça saudável.

Com você, então, não rolou a questão de esconder o corpo, ficar de luz apagada…
[nega com a cabeça]. Não é meu perfil. Não é meu estilo. Eu tenho uma autoestima muito boa, graças a Deus. Também oscila, rola uma bipolaridade… No geral, eu seguro a onda. Sou bem-resolvida comigo, mas isso demorou.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Quando passou a se aceitar e sem mais bem-resolvida? Depois dos 30?
Acho quem tem a ver com aquele lance ‘você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui’. Em determinado momento, você olha para trás e percebe que já andou tanto… Pô, já andei tanto, tenho que me dar valor. Ter encontrado o Cris também tem a ver com isso. Você só encontra alguém legal quando você se acha legal.

A gente percebe você radiante. Você se sente mais bonita durante a maternidade?
Estou incrível, estou bonita? Ah, também não. Estou pesada, pô (risos). A lombar dói. Agora, tenho estrias e celulites que nunca tive. O que acho legal é que estou vendo isso com muita compaixão comigo mesma, com muito bom humor, mas não ignoro que vivo em um corpo que não é o meu.

As roupas precisaram passar por muitas adaptações?
As roupas não cabem. A Carol Roquette, que é minha stylist incrível, mandou adaptar todas as minhas calças, colocou colchetes… Realmente, não cabe nada. Não é só a barriga. A minha coxa é outra, meu braço é outro… Tudo mudou.

É bacana não ficar refém da perfeição. Imagina que terá um pós-parto relax também?
Não vai ser relax, não. Antes de engravidar, fazia miha [treino realizado por eletroestimulação que ativa os músculos], pulava corda e fazia luta. Tive que parar imediatamente quando soube da gravidez, mas estou louca para voltar. Quando eu desengravidar, vai ser maravilhoso porque vou dar mamar, dar uns socos nos treinos, pular corda, dar de mamar, cantar, dar de mamar…

Luiza Possi Aspas (Foto:  )
Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

Você realmente gosta dos exercícios?
Eu preciso dos exercícios. Eles dão uma endorfina. Às vezes, vou malhar às 6h da manhã. A Ivete [Sangalo] é minha maior inspiração. Na época em que estava grávida das gêmeas, ela pegava o mesmo tanto de peso que eu. Via e falava que quando ficasse grávida também seria assim. Claro que também tenho supervisão médica, personal… Está tudo certo, faço tudo com responsabilidade.

Você falou da Ivete. Você pediu dicas para amigas que já são mães? Ou você se blinda dos pitacos dos outros?
A única coisa que realmente me incomoda é quando perguntam:”O que você vai ter?’. Dá vontade de responder: ‘Vou ter um pinscher! Vou ter um OVNI! Vou ter catapora!’. Por que não perguntam se é menino ou menina? Também escuto muito: ‘Você não vai dormir nunca mais’. Tenho desespero disso. Teve uma senhora ótima que falou: ‘Não engorda mais, não. Depois que seu filho nasce vai todo mundo para cima dele você fica aí com seus quilos’. Outra coisa controversa é sobre a amamentação. Tem amigas que dizem que é a melhor coisa do mundo, outras odeiam. Não tenho a menor ideia de como vai ser, mas quero dar de mamar.

Luiza Possi Aspas (Foto:  )

E os preparativos finais? Já está com o enxoval pronto?
Não sei nada. O que é o enxoval? Sei que ele vai ter onde dormir, o que vestir. Eu só ando pelada, não sei por que ele tem tanta roupa. Que festa ele vai? Eu sou o menino Mogli e ele vai ser também. Por que está cheio de roupa para vestir? O menino não vai nem sair de casa! Parece que ele vai nascer e já terá uma presença VIP para fazer (risos). Mas ele já tem carrinho de passear, berço, quarto… Fiz tudo bonitinho. Escolhi tudo, é tudo de floresta. Tenho grandes parceiros que são anjos na minha vida. Estão fazendo um verdadeiro “Lar doce lar” [quadro do Caldeirão do Huck]na minha casa. Minha mãe também comprou várias coisinhas, como protetor de berço. Eu adoro comprar roupinhas para ele.

Vai seguir aqueles rituais da sorte: a roupinha ser amarela e usar uma peça vermelha para sair da maternidade?
Mentira que tem isso?! Mas, boa! Já tenho isso tudo aí. Comprei sem ter a menor ideia disso. Ele já tem um macacão amarelo e um sapato vermelho.

Luiza Possi (Foto: Danilo Borges)

E o tipo de parto?
Eu quero e estou trabalhando para ter um parto humanizado. No meu entendimento e na minha escolha, não é necessariamente um parto normal. Se ele precisar nascer de cesárea, ele vai nascer. Não quero ficar em trabalho de parto por horas. Quero que, quando ele nascer, ele continue na mesma sala que eu, com uma luz baixa, um ar condicionado ok… Não quero que coloquem um cano sem que ele precise, não quero que pinguem colírio se ele não precisa… Não quero cortar o cordão umbilical imediatamente. Eu quero que ele se sinta bem-vindo a esta vida. Quero ele se sinta acolhido ao mundo. Se ele vai nascer na banheira, na cama, de cesárea… não cabe a mim. Quero que ele seja muito bem assistido. Tive três obstetras até encontrar uma pessoa em quem confio. O processo do pré-natal é importante para ver se você e seu obstetra têm o mesmo pensamento, se estão alinhados… Meu ego fica de lado nessa hora. O parto será o que for melhor para o bebê. É claro que eu preferiria ter normal a fazer uma cesárea, mas se não der… O que eu não quero é ele passe perrengue.

Falando em perrengue, você passou por algum durante a gravidez?
Ah, teve! Voltei de Porto Seguro para São Paulo de carro. Eu, o Cris e os cachorros. A gente parava em cada posto de gasolina para eu fazer xixi. A gravidez é uma fase e a gente tem que se aceitar dentro dessas fases. Ando igual a um pinguim? Ando. Mas estou achando ótimo, vou lembrar disso com o maior carinho. Não quero fazer drama.

Ao mesmo tempo, você não faz a linha de que gravidez é pura plenitude e que é tudo perfeito.
Liars, liars [mentirosas]! Tem o lado que não é perfeito até em relação a trabalho, sabia? No começo, senti que até os shows deram uma diminuída e fiquei bem desesperada com isso. Rolava aquela dúvida de ‘será que ela vai conseguir?’. Não é possível que tenha esse preconceito, não aceito. Quando perguntavam se eu achava que ia dar [para fazer  show], eu diz: ‘Sim, vai dar’. Quando uma pessoa tem um trabalho CLT, ela não pode ser mandada embora. Sou autônoma e posso ficar sem trabalho. Ouvi muito: ‘Mas você está trabalhando? Ainda vai fazer show?’. Isso me deu um pouco de desespero. Encontrei um tipo de dúvida nas pessoas, que eu achei que não existisse mais. Durante os sete meses, o que eu mais quis fazer foi provar que eu estava apta. Não estou chocando um ovo durante nove meses. Meu filho não veio para acabar com a minha carreira, pelo contrário.

CRÉDITOS

Styling: Carol Roquete
Beleza: Renato Mardonis

LOOK – CAPA
Calça e top Animale; choker Marisa Clermann; brincos A Figurinista

LOOK LARANJA
Vestido Coven; brincos A Figurinista

LOOK VESTIDO PRETO
Vesido Tufi Duen; botas Andrea Bogosian; brincos A Figurinista

LOOK DOURADO
Blusa Animale; brincos A Figurinista

LOOK PRETO
Top Skazi; calça Morena Rosa; brincos A Figurinista

LOOK BRANCO
Conjunto A La Garcone à venda na Choix; óculos Moschino; brincos A Figurinista

Compartilhe

Deixe um comentário