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Manchas de óleo afetam 109 locais em 50 cidades do Nordeste

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As manchas de óleo que chegaram a praias do Nordeste desde o início de setembro já atingiram 109 locais em 50 municípios de 8 estados, de acordo com o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Em todos os pontos, a substância é a mesma. De acordo com o Ibama, trata-se de petróleo cru, e não de um produto derivado do óleo. Em nota, a Petrobras afirma que o material não foi produzido e nem comercializado pela companhia.

Ainda não se sabe a origem da substância, mas a suspeita é que o petróleo tenha vindo de navios que passam pela região, segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), que está analisando imagens de satélite do mar. A pesquisa, no entanto, ainda está em estágio inicial.

Nesta quinta-feira (26) a Marinha do Brasil em Sergipe encontrou três tonéis com óleo em praias de Aracaju e do município de Barra dos Coqueiros. Análises serão realizadas para saber se a substância que está nos tonéis tem relação com a que foi encontrada nas praias do litoral nordestino.

“Pode ter, mas isso tudo precisa ser investigado com bastante cuidado”, disse o capitão dos portos em Sergipe, Guilherme Conti Padão.

Confira quantos locais foram atingidos em cada estado, segundo o Ibama:

  • Alagoas: 10 locais
  • Ceará: 7 locais
  • Maranhão: 11 locais
  • Paraíba: 16 locais
  • Pernambuco: 18 locais
  • Rio Grande do Norte: 43 locais
  • Sergipe: 4 locais
  • Piauí: 2 locais (o estado não consta na lista do Ibama)

No Piauí, foram avistadas manchas de óleo no Delta do Parnaíba, divisa com o Maranhão na quinta-feira (26), e na Praia do Arrombado, no município de Luís Correia nesta sexta (27). Apesar de afirmar oficialmente que 8 estados foram atingidos pelas manchas de óleo, o Ibama não informa quais as localidades foram registradas no estado do Piauí.

Tonel foi encontrado na praia da Barra dos Coqueiros  — Foto: AdemaTonel foi encontrado na praia da Barra dos Coqueiros  — Foto: Adema

Tonel foi encontrado na praia da Barra dos Coqueiros — Foto: Adema

Origem da substância

Há suspeita de que a contaminação tenha relação com navios petroleiros. A hipótese é que algum deles tenha efetuado uma limpeza nos tanques e despejado os rejeitos no mar.

Em entrevista ao G1, o diretor da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco, Eduardo Elvino, disse que o órgão está atuando em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para identificar possíveis fontes do vazamento.

O trabalho envolve analisar imagens de satélite que abrangem 187 quilômetros do litoral dos estados de Pernambuco e Paraíba. Segundo Elvino, ainda não é possível apontar quais navios podem ser responsáveis pela tragédia ambiental porque a análise está em estágio inicial.

“Com essa varredura das imagens de satélite a gente identificou os pontos no mapa que podem ser navios, e aí estamos analisando a existência de pontos pigmentados ao lado desses possíveis navios. Esses pontos coloridos podem ser realmente manchas de óleo, mas também podem ser cardumes de peixe ou concentrações de alga, por exemplo. São várias possibilidades”, explica Elvino.

Segundo o coordenador do sindicato dos trabalhadores na indústria do petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), Rogério Almeida, a prática é proibida, mas ainda é realizada.

“É um óleo grosso, quase um piche. Pode ser rejeito de um navio após a limpeza dos tanques. Muitos navios continuam fazendo isso e deve ter caído em uma corrente marítima”, disse Almeida.

De acordo com Elvino, com a identificação das correntes marinhas, “existe a possibilidade de identificar o navio que fez a referida rota” e tentar rastrear se “o piche encontrado nas praias faz parte do combustível dos navios”. Segundo o analista, pela legislação, o produto deve ser descartado nos portos, onde empresas especializadas recolhem o material.

Animais afetados

O óleo já atingiu ao menos nove tartarugas e uma ave bobo-pequeno ou furabucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração. Segundo o Ibama, uma das tartarugas foi devolvida ao mar e outra foi encaminhada a um centro de reabilitação. Sete tartarugas foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. A ave também não resistiu ao óleo.

  • 1/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Sabiaguaba, Fortaleza (CE) – morta
  • 4/9 – 2 tartarugas marinhas – Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho (PE) – morta
  • 7/9 – 1 ave bobo pequeno – Praia de Cumbuco, Caucaia (CE) – morta
  • 11/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Jacumã, Ceará-Mirim (RN) – viva
  • 16/9 – 1 tartaruga marinha – Ilha dos Poldos, Aroises (MA) – morta
  • 22/9 – 1 tartaruga marinha – Praia de Itatinga, Alcântara (RN) – viva
  • 22/9 – 1 tartaruga marinha – Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) – morta
  • 23/9 – 1 tartaruga marinha – Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) – viva
  • 24/9 – 1 tartaruga marinha – Jericoacoara, Jijoca de Jericoacoara (RN) – morta
Manchas de óleo sujam praias e matam animais em praias do Nordeste

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