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Mapeamento traz nova divisão dos bairros de Fortaleza para a realização do Censo 2020

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As ruas e avenidas que delimitam os bairros de Fortaleza foram analisadas pela prefeitura e estão mapeadas de forma mais precisa, conforme apresenta um decreto municipal válido desde o dia 18 de setembro. Essa atualização da base cartográfica da cidade foi realizada para otimizar o trabalho do Censo 2020, relevante para a distribuição de políticas públicas, e culminou com a oficialização de dois espaços: Novo Mondubim e Aracapé. Com a alteração, a capital cearense passa a ter 121 bairros.

Até então, a divisão da cidade estava baseada em uma lei de 1960, como explica Larissa Menescal, analista de Planejamento e Gestão do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor). “Muitos bairros foram sendo criados por decretos legislativos de forma isolada. O que tínhamos hoje era essa diversidade de bases cartográficas no território, ou seja, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) usa uma referência e a prefeitura usa outra. Isso gerava alguns problemas pra sociedade”.

Entre os transtornos citados em decorrência do crescimento da cidade está o desarranjo nos limites entres os bairros. Tanto é que, em Fortaleza, a sala de estar de uma casa pode estar em um bairro e a cozinha em outro. Além disso, a nomenclatura oficial dos bairros ainda é confusa para boa parte da população, como acontece no Mondubim, onde um espaço recebeu o reconhecimento de Aracapé na atualização dos limites.

No local, os moradores costumam identificar os espaços por loteamentos e criam uma identidade própria para trechos do bairro, situação percebida na fala da manicure Maria José Barbosa. “Antes aqui era Parque Santana, aí ficava assim muito pequeninho. Então dissemos, vamos incorporar os dois. Porque o Mondubim já é mais antigo, mais conhecido. Fica mais fácil de ser encontrado”, esclarece.

Fábio Aguiar, comerciante, explica que é preciso detalhar nas correspondências e nos boletos bancários o endereço, pois existe duplicidade nos nomes da ruas dos chamados loteamentos. “Da esquina para lá é Parque Santana, da esquina pra cá é Parque São Mateus e logo em seguida já é Planalto Mondubim. É muito confuso porque o Mondubim é muito grande. Mas tem as divisões para tentar localizar”, reforça. Na mesma região, no Bairro Manoel Sátiro, aconteceu a outra mudança com divisão do espaço para o reconhecimento oficial do Novo Mondubim.

Além de gerar dúvidas nos moradores, os limites desorganizados também geram distorção de dados estatísticos como os de registros de crimes e de doenças. “A forma como estava comprometia a eficiência na gestão pública. Porque há políticas públicas que são orientadas por dados estatísticos, quando o bairro não existe, ele pode deixar de ser contemplado com a política”, ressalta Larissa Menescal.

Avenidas como limites

No Decreto Municipal 14.498/2019, disposto em 801 páginas, as novas divisões são detalhadas para cada bairro com os limites topográficos. “Levou-se em consideração a própria dinâmica da história da área. Não foram mudanças de nomes de bairros, mas correção muito mais de limites”, explica Alexandre Pereira, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Alexandre, também integrante do Observatório das Metrópoles, entende a mudança como relevante e explica que, de modo geral, as vias agora servem de orientação de divisões entre os territórios. “Foi estabelecida uma metodologia aplicada a toda cidade para evitar essas consequências de uma casa está metade em um bairro, metade em outro. Então usaram geralmente as vias e as avenidas, no meio das vias, no canteiro central para estabelecer essa metodologia única”, conclui.

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