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Mulher pega mesmo ônibus que o pai desconhecido, desconfia e comprova paternidade com exame em Fortaleza

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A manicure Joana D’arc da Silva Bezerra pegou um ônibus para o trabalho, em julho de 2017 em Fortaleza, e dentro do coletivo viu um homem segurando um envelope cujo nome era Francisco Nazaré Galvão, mesma identificação que sua mãe mencionava como sendo a do seu pai.

Somente no ano seguinte, eles procuraram a Defensoria Pública em busca do teste de paternidade. Em setembro de 2018, dois meses após a solicitação, a confirmação já esperada: seu Galvão era, de fato, seu pai biológico. “Essa rapidez do resultado e esse encontro inesperado mudaram a minha vida. Procuramos um cartório e agora meu nome completo é Joana D’arc da Silva Bezerra Galvão, com muito orgulho”, lembra.

Outro exemplo de reconhecimento de paternidade foi o do filho de Grasiela Gomes. Viver a emoção do nascimento de uma criança é uma experiência transformadora para a família. Ou pelo menos deveria ser. A chegada do primeiro filho tornou Grasiela Gomes, 37, mais forte, sobretudo quando tentou registrá-lo sem o consentimento do pai, que não reconhecia o parentesco.

Foi uma saga judicial de mais de dois anos, desde a solicitação do exame de DNA ao resultado do teste. Assim como a administradora de empresas, outros 10.595 processos também estiveram no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) para investigação de paternidade entre 2015 e o ano passado.

Conforme a supervisora das Equipes Psicossociais da Defensoria Pública, Andreya Arruda Amêndola, os exames de DNA pedidos ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), demoravam cerca de dois anos, desde a solicitação à entrega do resultado.

“Mas, depois que o Lacen licitou o laboratório, deu uma melhorada. Se você fosse lá em 2015, eles demoravam para você marcar, porque era, tipo assim, um ano. Você vai fazer o seu exame em junho de 2020 e você recebia o resultado em junho de 2021”, frisa a psicóloga. Ainda segundo ela, a situação já está normalizada. “Hoje, eu posso te dizer que não temos tido a dificuldade. Eu chego e digo assim, nós estamos precisando de tantas vagas de DNA e eles me dão”.

Laços

Já nos casos em que não há um acordo entre as partes para o registro de um terceiro, é necessário procurar a Justiça. Em Fortaleza, 961 pedidos de reconhecimentos de paternidade foram julgados em 2018. Para Grasiela Gomes, que viu o sobrenome do pai de seu filho somente após decisão judicial, a criança precisa muito mais do que ajuda financeira. “Queria que ele chegasse junto do filho e convivesse com ele”, pondera.

Segundo a psicóloga infantil, Felícia dos Santos, a criança precisa ter referências afetivas primárias, inicialmente representadas nas figuras materna e paterna. “Conhecer o pai é uma ativação da rede de apoio de uma criança, garante a ela uma identificação em padrões de personalidade e a sensação de segurança e de acolhimento”, explica, destacando também que esse apoio repercute na saúde emocional e no desenvolvimento da criança.

G1 CE

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