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Não somos mais nem menos que os outros poderes’, diz Toffoli em discurso de posse como presidente do STF

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O ministro Dias Toffoli defendeu nesta quinta-feira (13) a harmonia e o respeito mútuo entre os poderes, acrescentando que o Judiciário não é “mais nem menos” que os demais.

Toffoli tomou posse nesta quinta como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e comandará a Corte pelos próximos dois anos, acumulando também o cargo de presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Não somos mais nem menos que os outros poderes. Com eles e ao lado deles, harmoniosamente, servimos ao povo e à nação brasileira. Por isso, nós, juízes, precisamos ter prudência”, afirmou.

Indicado para o STF em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Toffoli é considerado pelos colegas um bom gestor e de perfil conciliador.

No discurso de posse, nesta quinta-feira, Dias Toffoli afirmou que o Supremo é um órgão “moderador dos conflitos políticos, sociais e econômicos”.

Na fala, o ministro também refletiu sobre o atual momento do país.

“Não estamos em crise, estamos em transformação”, afirmou

Citando o psicanalista Jorge Forbes, Toffoli também disse que “o líder atual é o melhor articulador das diferenças, e não o guia de um caminho único”.

“O poder tem sua função na pluralidade. O poder que não é plural é violência!”, concluiu.

Para Toffoli, os tribunais também devem ser plurais, compostos por juízes com concepções de mundo e direito diversas.

“Em um colegiado não existem vencedores e vencidos nem vitórias nem derrotas. Existe o plural. Existe o outro, que sou eu também”, disse.

O ministro Dias Toffoli na cerimônia em que tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal — Foto: CNJ/Agência Brasil O ministro Dias Toffoli na cerimônia em que tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal — Foto: CNJ/Agência Brasil

O ministro Dias Toffoli na cerimônia em que tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal — Foto: CNJ/Agência Brasil

Ética

Ao defender o diálogo, o novo presidente do STF defendeu a ética “intersubjetiva”, que “se preocupa com o próximo, mesmo que ele pense, aja e viva diferentemente de nós”.

Falou ainda em “afetividade, sensibilidade, empatia, gentileza e cordialidade com o próximo” porque, quando a política falha, disse, resta “a autoridade da Constituição e do Direito”.

Para Toffoli, é preciso “conectar cada vez mais com o outro” e “viralizar a ideia do mais profundo respeito ao outro, da pluralidade e da convivência harmoniosa de diferentes opiniões, identidades, formas de viver e conviver uns com os outros”.

“Essa é a essência da democracia”, afirmou.

Ministro Dias Toffoli ao lado do presidente Michel Temer, durante cerimônia de posse como presidente do STF — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro Dias Toffoli ao lado do presidente Michel Temer, durante cerimônia de posse como presidente do STF — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Ministro Dias Toffoli ao lado do presidente Michel Temer, durante cerimônia de posse como presidente do STF — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Segurança jurídica

No discurso, o ministro também defendeu a segurança jurídica. Para isso, afirmou, o Judiciário deve ser “socialmente responsável” e agir com “eficiência, transparência e responsabilidade”.

Citando Cazuza, disse que o Judiciário precisa solucionar conflitos em “tempo tolerável”.

“É dever do Judiciário pacificar os conflitos em tempo socialmente tolerável. Porque o tempo, ‘o tempo não para’, já dizia Cazuza. É a hora e a vez da cultura da pacificação, da harmonização social, do estímulo às soluções consensuais, à mediação e à conciliação. Hora de valorizar entendimento e diálogo. Modernização, dinamismo e interatividade”, afirmou.

O ministro Dias Toffoli, durante a posse como novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ O ministro Dias Toffoli, durante a posse como novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ

O ministro Dias Toffoli, durante a posse como novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ

Transparência

O ministro também aproveitou o discurso para dizer que juízes e tribunais devem prestar contas das atividades, dando publicidade aos atos e informação, favorecendo instrumentos de fiscalização.

Para o novo presidente do STF, é necessário que haja previsibilidade e coerência das decisões judiciais.

Na avaliação do ministro, as decisões judiciais devem “verdadeiramente” chegar à sociedade “e não apenas aos atores processuais”. Aproveitou, então, para elogiar a TV Justiça, dizendo que a transmissão dos julgamentos permite o “escrutínio público”.

“A TV Justiça adentrou o lar das famílias brasileiras. Julgamentos televisionados. Decisões submetidas não apenas aos controles recursais, mas ao escrutínio público”, afirmou.

No início do discurso, Toffoli fez um breve histórico do país, começando a fala em defesa da educação, como caminho para a “construção da cidadania”.

Ministra Cármen Lúcia cumprimenta o sucessor, Dias Toffoli, novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ Ministra Cármen Lúcia cumprimenta o sucessor, Dias Toffoli, novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ

Ministra Cármen Lúcia cumprimenta o sucessor, Dias Toffoli, novo presidente do STF — Foto: Flickr/CNJ

Cármen Lúcia

Num dos últimos trechos do discurso, Dias Toffoli disse que vai dar continuidade e aperfeiçoar o trabalho da antecessora, Cármen Lúcia, no combate à violência, especialmente no ambiente doméstico.

“O Judiciário não pode fechar os olhos à epidemia de violência contra crianças e adolescentes. Não podemos compactuar com a impunidade!”, disse.

Acrescentou, em seguida, que é uma luta a ser travada não só pelo Judiciário, mas pelas famílias, pelos educadores e por setores de comunicação.

Na sequência, Dias Toffoli conclamou autoridades e profissionais de diversas áreas ao diálogo, com debate plural e democrático.

“Antes de tudo somos todos brasileiros! […] O Brasil é maior que o Estado. […] Que todos – independentemente de profissão, gênero, cor, crença, ideologia política e partidária, classe social – estejamos juntos na construção de um Brasil mais tolerante, mais solidário e mais aberto ao diálogo”, completou.

Ao final, agradeceu aos colegas, membros do Ministério Público, advogados, servidores, jornalistas e autoridades.

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