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Obras da Era Tasso como Castanhão, porto e aeroporto foram decisivas para salto de desenvolvimento do Ceará

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O Ceará sofre, historicamente, com a instabilidade dos períodos de chuva. Sem políticas efetivas para a convivência com a seca, a situação se agrava e compromete a sobrevivência de muitas famílias no semiárido. O Ceará já viveu muitos anos críticos de abastecimento de água, mas, na década de 1980, começou a ver uma nova realidade na relação com a seca.

Na terceira e última reportagem sobre os 30 anos desde a primeira eleição de Tasso Jereissati para o Governo do Ceará, quando se iniciou uma série de mudanças na história do Estado, o Tribuna do Ceará e o Jornal Jangadeiro mostram como os cearenses puderam ter acesso à água garantido. Foi na “Era Tasso” – como ficaram conhecidos os governos do atual senador – que o Ceará viu nascer o açude Castanhão.

Confira o vídeo que foi ao ar na TV Jangadeiro:

> Confira as outras duas reportagens que integram o especial de 30 anos do primeiro Governo Tasso:
Há 30 anos, eleição de Tasso marcava entrada do Ceará na era da modernidade
“História do Ceará se divide em antes e depois de Tasso”, define o sociólogo André Haguette

O secretário dos Recursos Hídricos durante a gestão de Tasso, Hyperides Macedo, faz relatos impactantes sobre o cenário encontrado pelo novo governo. “Naquela época, eu vi pessoas morrerem de fome. Foi a última vez que pessoas morreram de fome por conta da seca”, relembra Hyperides.

Trajetória política de Tasso Jereissati

A partir do primeiro ano do “Governo das Mudanças”, em 1987, após medidas drásticas de organização das contas públicas, a gestão traçou estratégias para garantir o abastecimento de água no Estado.

“Não se pode negar que foi o ponto mais alto da nossa política de água. A secretaria (de Recursos Hídricos) montou sua melhor equipe, treinou pessoas no exterior, havia seminários internacionais, todos os técnicos visitaram os maiores centro do mundo. Capacitamos muita gente. Foi uma época de muito prestígio e muito avanço tecnológico para o Ceará”, pontua o ex-secretário.

Foi na Era Tasso, no seu segundo governo, em 1995, que começou a construção do maior açude público para uso diverso do País: o açude público Padre Cícero, popularmente chamado de açude Castanhão, em memória à fazenda de mesmo nome no local da obra. O reservatório de água – que garante o abastecimento de Fortaleza e da Região Metropolitana – foi inaugurado no final de 2002, na gestão de Beni Veras, que substituiu Tasso após eleição para o Senado.

Novos caminhos

A relação com a água passou a ter novas vertentes. Com um litoral extenso: 573 quilômetros de orla e muita água que não pode ser usada para consumo humano, Tasso Jereissati percebeu uma nova possibilidade de investimento: o Porto do Pecém.

“O Ceará, hoje, tem dois grandes portos. O Porto do Pecém é um dos cinco melhores portos do Brasil, é um porto transformador na economia, porque ele não é somente um terminal de transporte de cargas, mas ele é um indutor muito forte do desenvolvimento. Muitas indústrias não poderiam estar aqui se a gente não tivesse um porto nessa dimensão. Um porto que foi de uma atitude corajosa, de uma visão de futuro. Hoje é uma bandeira do desenvolvimento do Estado do Ceará”, ressalta o empresário Maia Júnior, que atuou na gestão de Tasso.

Maia Júnior ressalta que houve investimentos importantes em equipamentos e tecnologia para gerar desenvolvimento. A partir do final da década de 1980, o Ceará viu nascer portos, aeroportos no Interior do Estado, terminais rodoviários, estradas duplicadas e padronizadas entre os municípios, dentre outras mudanças.

“Um dos grandes problemas que nós tínhamos na área da infraestrutura eram os equipamentos. Nós tínhamos deficiência de um equipamento como o aeroporto de Fortaleza na área de transportes, não tínhamos metrô, vias duplicadas de acesso à cidade de Fortaleza, e o planejamento da logística de infraestrutura do Estado na área de transportes contemplou a construção de um porto, de um aeroporto. Ficamos com padrões de avaliação da qualidade das nossas estradas em cima de padrões americanos, porque o Ceará só tinha 10% das suas estradas com padrões ruins ou regulares, o restante eram bons e ótimos”, relembra Maia.

Toda a mudança na infraestrutura mudou o cenário de desemprego. O sociólogo André Haguette ressalta que muitas mudanças se fortaleceram no Estado a partir da industrialização também em cidades do Interior.

“A indústria do turismo foi implantada pelo Tasso. A gente pensa que isso é natural, mas, em sociedade, nada é natural, isso foi um plano elaborado, conscientemente, com estratégias”. (André Haguette)

“Hoje você viaja pelo Interior e vê várias empresas, mas, naquela época, não tinha. Isso foi uma novidade. Em Sobral, você tem a Grendene que emprega 18 ou 20 mil pessoas, quer dizer: são 20 mil pessoas para viver a menos do Estado. A indústria do turismo foi implantada pelo Tasso. A gente pensa que isso é natural, mas, em sociedade, nada é natural, isso foi um plano elaborado, conscientemente, com estratégias, para transformar o Ceará em um lugar turístico”, frisa Haguette.

 

O secretário da Saúde do primeiro Governo Tasso, Carlile Lavor, também pontua a mudança e ressalta o impacto na autoestima do cearense. “O Tasso fez com que a gente tivesse orgulho de ser cearense, principalmente na saúde. Isso foi realmente um impacto muito bom para o Ceará, não só para os profissionais de saúde. O Ceará inteiro se sentiu em outro patamar de auto estima: ‘nós somos importantes, nós podemos contribuir para o Brasil’”, destaca Lavor.

“A maior revolução que o Tasso fez, além da melhora da autoestima, da transformação econômica e social, foi dar ao Estado um paradigma fiscal. Ele quebrou com a rotina fiscal do Estado, perdulário, um Estado que não crescia, onde as pessoas não pagavam impostos e, consequentemente, não recebiam serviços. Foi a melhora na renda, na infraestrutura de serviço público, nos indicadores sociais do Estado, nos padrões de educação, de saúde, de políticas compensatórias com a secretaria de ação social para aquelas famílias mais pobres”, afirma Maia Júnior

Embora o Ceará não tenha posto fim a realidades pobres, as ações com retornos positivos em áreas estratégicas transformaram o Ceará numa referência para outros estados, como conta o sociólogo André Haguette.

“Os governos de Tasso, a ‘Era Tasso’ – como foi caracterizada – significaram um novo modelo, uma tentativa de (sair) de um Ceará rural e pobre a um Ceará modernizado, mais industrializado, mais escolarizado e mais produtivo. Numa época se falava muito que o que um governo fazia, o outro não continuava e, se pudesse, desmanchava. Isso não aconteceu depois do Tasso”, pontua Haguette.

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