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OMS recua e retoma testes com hidroxicloroquina contra a Covid-19

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Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou hoje (quarta-feira, 03) a retomada dos testes com a hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. O medicamento foi suspenso pela entidade ligada à ONU com base em um estudo publicado na revista científica Lancet, que havia concluído pela suposta ineficácia do fármaco. Muito questionado, tal estudo está passando uma auditoria devido a fortes indícios de falhas e até fraudes na base de dados.

“Com base nos dados de mortalidade disponíveis, os membros do comitê afirmaram que não há motivos para modificar o protocolo dos testes com hidroxicloroquina. O Grupo Executivo endossou a continuidade e vai comunicar a decisão aos principais pesquisadores. O comitê continuará monitorando de perto a segurança de todos os tratamentos testados no ensaio clínico”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Na semana passada, mais de 150 médicos de diversos países assinaram um manifesto (veja aqui) apontando falhas e erros grosseiros do estudo publicado pela Lancet, que baseou a decisão da OMS de suspender o estudos com a hidroxicloroquina. Vários países, incluindo França e Itália também suspenderam o uso e os estudos acerca do medicamento. No entanto, muitos médicos mantinham o tratamento de pacientes com o fármaco, inclusive no Brasil. Aqui, os planos de saúde privado o mantém em seu protocolo de combate inicial à doença. A experiência e a observação dos médicos indica que o tratamento deve ser feito aos primeiros sintomas da Covid-19.

“Estamos falando de um ensaio clínico para provar a eficácia e a segurança desses medicamentos em pacientes hospitalizados. Precisamos de uma resposta clara a respeito do que funciona ou não. É possível que, no futuro, haja novas mudanças no ensaio. Ele é flexível, pode incluir novos protocolos, suspender outros. Baseia-se em dados científicos disponíveis em cada momento”, esclareceu a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.

Na terça-feira, 2, a Lancet emitiu um “manifesto de preocupação” (veja aqui) sobre o estudo que condenou a hidroxicloroquina após especialistas levantarem “sérias dúvidas científicas” sobre a metodologia utilizada. A pesquisa está sob auditoria independente para apurar a proveniência e a validação dos dados. O “manifesto de preocupação” pode ser lido como um aviso de que algo está muito errado com esse estudo.

Na semana passada, Focus apresentou em primeira mão no Brasil (veja aqui) o estudo intitulado “Tratamento ambulatorial precoce de pacientes sintomáticos devem ser intensificados imediatamente como a chave para a crise pandêmica”. Essa pesquisa, assinada por Harvey A Risch, membro do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Yale, nos EUA, defendeu que o conjunto hidroxicloroquina + azitromicina + zinco é o tratamento mais adequado para a fase inicial da doença. A pesquisa do professor de Yale foi publicada no prestigiado American Journal of Epidemiology.

No Ceará, muito antes do estudo de Yale, um trio de médicos, pesquisadores e professores da UFC produziu um protocolo de orientação e sugestão (veja aqui) para que o coquetel hidroxicloroquina + azitromicina + zinco fosse usado profilaticamente (uso preventivo) pelos profissionais de saúde que estão na linha de frente no tratamento dos pacientes em hospitais do Estado.

O documento foi assinado por Anastácio Queiroz, Odorico Moraes e Elizabete Moraes, três respeitados pesquisadores muito conhecidos de todos os médicos que passaram pelas salas de aulas do melhor curso de medicina do Ceará, o da UFC. O Focus Colloquium fez duas entrevistas com o trio. Veja aqui e aqui. Nas entrevistas, os Drs. Anastácio, Odorico e Elizabete são firmes na defesa do uso da hidroxicloroquina. Sempre com a devida orientação e acompanhamento médico.

Entre uma entrevista e outra, o tempo de observação dos pacientes no uso do medicamento fez uma diferença fundamental no argumento dos médicos: o coquetel precisa ser prescrito aos primeiros sintomas da Covid-19. Na fase mais grave, seus resultados positivos passam a ser bastante limitados. Efeitos colaterais? Claro que é possível. Até um simples analgésico os produz.

Mais tarde, outro protocolo de orientação assinado por renomados medicos que atuam no Ceará incluiu a hidroxicloroquina (e também a invermectina) em coquetéis que devem ser ministrados de acordo com as fases da doença. Primordialmente, até 48 horas dos primeiros sintomas. Assinam o documento, além dos três pesquisadores da UFC já citados acima (Anastácio, Odorico e Elizabete), os médicos Heitor de Sá Gonçalves, Renata Amaral de Moraes, Fernando Antônio Frota Bezerra e Anderson da Silva Costa.

O documento é intitulado “Proposta de tratamento da Covid-19 dependendo da fase, no momento do diagnóstico”. Com a sexta atualização finalizada neste domingo (17), o protocolo fornece “um resumo da experiência clínica atual e orientações de tratamento”. O trabalho é oriundo do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da UFC. “O objetivo do tratamento é antecipar o processo de cura clínica e/pu virológica. O tratamento precoce evita complicações, diminui a necessidade de internamento e de uso de ventilação mecânica”, diz o protocolo que sugere tratamentos para quatro fases da doença.

 

 

 

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