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Parque administrado pelo ICMBio no RS será chefiado por agrônoma indicada por deputado da bancada ruralista

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nomeou a engenheira agrônoma e produtora rural Maira Santos de Souza, de 25 anos, como chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Litoral Sul do Rio Grande do Sul. O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e, até abril de 2019, contava com um chefe ligado ao ICMBio.

Filha de fazendeiros conhecidos na região de Mostardas, Maira trabalha na propriedade de arroz e soja da família. Ela foi indicada pelo deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), que também é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Ao G1, o deputado disse que alguns nomes foram elencados a partir de uma demanda dos próprios produtores da região que pediram alguém de confiança para o cargo. Maira acabou sendo a escolhida.

“Quando o ministro esteve na Lagoa do Peixe, ele conversou com os produtores que estavam lá em virtude de que o pessoal do ICMBio não acompanhou a audiência. E os produtores pediram que para poder fazer uma mediação correta precisava ser alguém da região”, justifica Moreira.

Mais de 255 espécies de aves migram para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no município de Tavares, Região Sul do estado — Foto: Arquivo PessoalMais de 255 espécies de aves migram para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no município de Tavares, Região Sul do estado — Foto: Arquivo Pessoal

Mais de 255 espécies de aves migram para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no município de Tavares, Região Sul do estado — Foto: Arquivo Pessoal

O deputado diz que o parque foi criado de forma irregular, sem participação de moradores. Segundo o parlamentar, a unidade de conservação não conta com um plano de manejo e apenas parte dos moradores do entorno foram indenizados. Diante dessa situação, os produtores rurais defendem duas alternativas.

“Ou de continuar como parque e estabelecer um plano de manejo, e a utilização turística para ter retorno, já que a terra deles está sem valor, e eles não conseguem vender em virtude desse problema. Ou então uma decisão que eles querem transformar em área de preservação ambiental, porque aí o plano de manejo permite que eles possam utilizar a terra adequadamente”, detalha Moreira.

Mudanças na chefia

Ministro visitou o RS em abril de 2019 — Foto: Reprodução/RBS TVMinistro visitou o RS em abril de 2019 — Foto: Reprodução/RBS TV

Ministro visitou o RS em abril de 2019 — Foto: Reprodução/RBS TV

A gestão do Parque Nacional da Lagoa do Peixe está cercada de polêmicas desde que Ricardo Salles participou de um encontro com produtores locais na unidade em abril. No mesmo mês, o ministro mandou exonerar Fernando Weber, que chefiava o parque. O dirigente também era vinculado ao ICMBio.

Questionado, na ocasião, sobre as razões que levaram à demissão de Weber, Salles disse apenas que “cargo de confiança é prerrogativa do Executivo escolher”.

Antes de demissão de Weber, o então presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, já havia pedido exoneração do cargo após o ministro determinar a abertura de um processo administrativo contra funcionários do ICMBio do Rio Grande do Sul.

O anúncio de Salles foi feito na frente de Eberhard durante a visita do ministro à região.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é reconhecido internacionalmente como um santuário para centenas espécies de aves, que chegam em várias épocas do ano, vindas de países como Canadá, Estados Unidos, Chile e Argentina em grandes bandos, em busca de abrigo e alimentação.

Mais de 270 espécies de aves foram catalogadas ali. Algumas delas criticamente ameaçadas, como o maçarico-de-papo-vermelho, conhecido por migrar enormes distâncias entre os hemisférios Sul e Norte.

Por Nathalia Fruet e Joyce Heurich, RBS TV e G1 RS/G1

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