Todo mundo conhece a história de Romeu e Julieta, mas muitos esquecem que ela se passa na cidade de Verona. Embora Shakespeare seja inglês, quis ambientar sua peça mais romântica numa cidade que transpira paixão por todos os poros. A começar por sua localização, à margem do rio Adige, cercada por colinas e com uma Arena que lembra um mini Coliseu.
Eu tenho uma relação muito especial com Verona, uma de minhas cidades favoritas e onde morei por seis meses, quando tinha 22 para 23 anos. É uma cidade de pouco mais de 250 mil habitantes, com muitos atrativos e não é lotada como Veneza, por exemplo.
Piazza Bra
Aqui na foto estou na praça principal, a piazza Bra, onde fica a Arena, há cerca de 25 anos. A piazza Bra, fervilha de bares, cafeterias, lojas, gente passeando para todo lado. É exclusiva para pedestres, uma grande sacada de várias cidades europeias. Para mim, isso é o que torna o centro histórico da maioria delas tão vivo e dinâmico.
Via Mazzini
Entrando na rua principal do centro, a via Mazzini, nos deparamos com aquele footing, que infelizmente se perdeu nas cidades brasileiras. Todo mundo circulando, muito bem vestido (o veronês é extremamente elegante), num ambiente chique e calmo. As lojas vão do luxo à moda sóbria que agrada muito no norte da Itália.
Piazza Erbe
Passeando, chegamos à piazza delle Erbe, que já foi um mercado medieval. Ainda hoje conta com as barracas de produtos variados. Ao lado, a piazza dei Signori, também conhecida como piazza Dante, por ter uma estátua gigante do famoso escritor florentino. Exilado de Florença, Dante Alighieri morou em Verona, onde foi acolhido com todas as honras pelos poderosos Della Scala.
Aliás, um dos monumentos mais bonitos de Verona, na minha opinião, são os túmulos desses nobres, os Della Scala, que eram os Senhores da cidade. Construídos entre os séculos XIII e XIV, são exemplos de seu poder. O sobrenome “della Scala” levou ao adjetivo scaligero, para definir tudo que diz respeito à família.
O Velho Castelo (Castelvecchio), também chamado Castello Scaligero, é maravilhoso e muito bem conservado.
Foi construído em 1354 por Cangrande II Della Scala. Dentro funciona um museu com peças medievais. A ponte Scaligera, ou ponte do castelo, é uma obra-prima de engenharia militar, e serviu para proteção da fortaleza. Em abril de 1945, na segunda Grande Guerra, a ponte foi destruída por soldados alemães em fuga. Mais tarde, foi reconstruída exatamente como era, com os tijolos e pedras encontrados no leito do rio. A título de curiosidade, minha ligação com esse castelo é interessante: quando morei em Verona, cheguei a trabalhar como recepcionista do museu. Por isso, posso atestar o frio que faz lá dentro daquelas paredes de pedra…
Quanto à história de amor que se passa ali, os veroneses não perdem tempo quando se trata de explorar os turistas desavisados. É claro que, por se tratar de ficção, não há registros históricos de nenhuma família Montecchio ou Capuleto. Mas as atrações turísticas chamadas de casa de Julieta (onde há até o famoso balcão) e casa de Romeu atraem milhares de turistas todos os dias. Eu já caí nessa também, quando fui pela primeira vez. Mas fica pelo romantismo dos vinte anos…