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Visita de Papa João Paulo II ao Ceará completa 40 anos; reveja a reportagem

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Relembre a visita do Papa João Paulo II ao Ceará

Relembre a visita do Papa João Paulo II ao Ceará

Há 40 anos, no dia 9 de julho de 1980, o Ceará recebia a visita ilustre do Papa João Paulo II. O Sumo Pontífice desembarcou às 9h42 em Fortaleza, onde repetiu um de seus gestos mais simbólicos: o beijo no chão, sinal de humildade e amor à Terra da Luz. (Veja na reportagem acima)

O motivo oficial para a vinda de Sua Santidade, a única vez que um Papa esteve na Capital, foi o 10º Congresso Eucarístico Nacional, que reuniu cerca de 120 mil católicos no Castelão. Ele veio a convite do então arcebispo de Fortaleza, Dom Aloísio Lorscheider.

A intensa movimentação de fiéis em torno do local começou ainda na madrugada do dia anterior. Mesmo com a entrega de folhetos que indicavam os “10 mandamentos para ver o Papa”, como não correr e nem criar tumulto, houve transtornos na abertura dos portões. Quase 100 pessoas ficaram feridas e três mulheres morreram.

Antes do sermão, João Paulo II recebeu uma homenagem do cantor Luiz Gonzaga, que cantou uma música autoral agradecendo a sua presença. “O povo te abraça, em ti, vê Jesus. Feliz te agradece por nos visitares, e a Cristo adorares, na terra da luz”, exclama um trecho da canção escrita pelo padre Gothardo Lemos.

Homilia

À multidão de leigos e sacerdotes, o Sumo Pontífice partilhou sobre a felicidade plena em Deus e rezou pelo fim das desigualdades sociais no Brasil, além da prosperidade de todos os cristãos.

“Que esta Nação possa prosperar sempre espiritual, moral e materialmente, animada com aquele espírito fraterno, que Cristo veio trazer ao mundo. Desapareçam ou se reduzam gradativamente ao mínimo, no seu interior, as diferenças entre regiões dotadas de particular bem-estar material e regiões menos afortunadas. Desapareçam a pobreza, a miséria moral e espiritual, a marginalização, e que todos os cidadãos se reconheçam e se abracem como autênticos irmãos em Cristo”, intercedeu.

Visita do papa a Fortaleza: assista à reportagem da TV Verdes Mares de 1980

Visita do papa a Fortaleza: assista à reportagem da TV Verdes Mares de 1980

Legado

Para o padre Gilson Marques, 72, que esteve ao lado do Papa como diácono na missa campal, os ensinamentos de João Paulo II ainda fazem morada no coração dos que ali estavam. “Ele deixou para nós essa força maior da sua pessoa, da sua palavra, da sua espiritualidade, motivou e mexeu com o coração de todos. Ele era um Papa da comunicação, da simplicidade”.

Ainda segundo o hoje pároco da Igreja de Nossa Senhora das Graças, no bairro Manoel Sátiro, o Papa recebeu inúmeros presentes da população durante sua passagem pelo Ceará. “Deram uma jangada e não tinha como ele levar para o Vaticano. Tinha peixe, tapioca, bolinho, livro, bilhete… Contam que até um jumentinho foi dado”, detalha.

À época, a TV Verdes Mares cobriu o 10º Congresso Eucarístico Nacional. O empresário Osterne Feitosa Neto, 42, foi um dos entrevistados. Aos dois anos de idade, ele queria pedir ao Papa “um brinquedo, um avião grande para voar com ele para o céu”.

Osterne tem poucas memórias da ocasião, mas garante que o apreço por João Paulo II não parou ali. “Cresci com muita fé nele. Todas as vezes que ele aparecia na televisão, celebrando missa ou fazendo orações, eu o beijava pela tela”, recorda o empresário. Diferente do pedido inocente que fez quando criança, hoje ele suplicaria pela “paz para o mundo, que nos livrasse dessa pandemia e que a vida pudesse voltar ao normal”.

A funcionária pública Nilza Menezes, 46, ouviu a transmissão do evento religioso pelo rádio, que funcionava a pilha por falta de energia elétrica na fazenda onde morava com a família, no município de Apuiarés, Região Norte do Ceará.

“A gente cuidava de animais e de plantações, mas nessa hora, todo mundo parou. Só se falava no Papa em todas as emissoras, só que devido à pilha, o rádio não pegava bem. Às vezes, a gente ouvia mais o chiado do que a própria transmissão, mas eu lembro que fiquei muito entusiasmada com a presença dele. Ficou marcado para sempre na minha vida, principalmente quando ele beijou o solo do nosso Ceará”, afirma.

Nove anos depois de sua morte, o Papa foi canonizado, passando a ser “São João Paulo II” em 27 de abril de 2014. A cura de uma lesão cerebral grave na costarriquenha Floribeth Mora foi o milagre que o tornou santo.

G1

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