Por Arthur Guimarães, Bruno Albernaz, Cristina Boeckel, Diego Sarza, Guilherme Peixoto, Leslie Leitão, Paulo Renato Soares, Pedro Neville e Raquel Honorato, G1 Rio, TV Globo e GloboNews
O ex-secretário municipal de Obras do Rio nas duas gestões do ex-prefeito Eduardo Paes, Alexandre Pinto, foi preso por agentes da Polícia Federal em mais um desmembramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (3). Ele foi preso em casa, na Taquara, na Zona Oeste do Rio, em um condomínio de luxo da região.
Os agentes estão nas ruas, desde o início da manhã, para cumprir nove mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária, três conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão. Nove mandados de prisão estão sendo cumpridos no Rio e um em Pernambuco, onde foi confirmada a prisão de Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do ex-deputado Pedro Corrêa. A operação foi batizada de “Rio 40 graus”. Outro alvo da ação é a advogada Vanuza Sampaio, que foi levada para a sede da PF.
Todos os mandados são expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ªVara Federal Criminal do Rio. Segundo as investigações, os suspeitos receberam R$ 35,5 milhões em propina de obras públicas.
Os procuradores do Ministério Público Federal têm como base a delação da empreiteira Carioca Engenharia e diz respeito a corrupção, com pagamento de propina e desvio nas obras do corredor de ônibus Transcarioca, que custou R$ 2 bilhões, e da drenagem de córregos da Bacia de Jacarepaguá. De acordo com as investigações, o ex-secretário cobrava propina de 1% no valor das obras. Ainda segundo o MPF, 1% do valor da obra também ia para uma pessoa relacionada ao Ministério das Cidades, já que as obras foram realizadas com recursos de Brasília.
PMDB é investigado no estado e no município do Rio
Essa fase da Lava Jato passa a investigar não só a organização criminosa que, segundo os investigadores, era chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, mas também a organização criminosa que teria ligações com o PMDB no município e no estado do Rio de Janeiro.
Em nota, o ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que Alexandre Pinto é um servidor de carreira da prefeitura do Rio e a política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de obras. “Ao contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o resultado dessa investigação.”, disse Paes.
Também há um mandado de condução coercitiva (quando alguém é levado para depor) contra o advogado Luciano Ramos Volk, na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, mas que não foi cumprido. A Polícia Federal entrou no prédio, mas não o localizou. Já o mandado de busca e apreensão foi cumprido no apartamento de Luciano.
Entre os alvos da ação estão são lobistas e fiscais da prefeitura responsáveis pelas obras. Essa é a primeira vez que a Lava Jato fluminense chega na esfera municipal. Os agentes também cumprem mandado em um condomínio de luxo em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, e no bairro de Boa Viagem, em um prédio que fica em frente ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), também em Niterói.
Alexandre Pinto foi citado em delação da engenheira Luciana Salles Parentes, que trabalhava na Carioca Engenharia. A delatora disse que tomou conhecimento da exigência de pagamento por meio de Antonio Cid Campelo, da OAS. Ela afirmou que o então secretário de Obras do Rio exigiu 1% do valor do contrato.
As investigações foram iniciadas há oito meses e os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional do estado.
Setenta e seis policiais federais cumprem mandodos no Rio de Janeiro (Recreio, Centro, Copacabana, Botafogo, Vila Isabel, Barra da Tijuca, Tijuca, Rocha, Jacarepaguá), Niterói (Boa Viagem, Icaraí, São Francisco, Itaipu, Fonseca, Camboinhas) e em São Paulo/SP, Recife/PE e Petrolina/PE.
De acordo com o site da prefeitura, a história do ex-secretário Alexandre Pinto começou no governo municipal em 1987, quando ingressou nos quadros como diretor da Coordenadoria Geral de Conservação (CGC). Ele também foi presidente da Rio-Águas e subsecretário de Águas Municipais, até chegar à Secretaria de Obras, onde assumiu a secretaria no segundo semestre de 2009.