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PF apura se invasão ao Ministério do Trabalho está ligada à investigação de fraude em registros

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Por Camila Bomfim e Ana Paula Andreolla, TV Globo

PF investiga invasão em Ministério do Trabalho

PF investiga invasão em Ministério do Trabalho

A Polícia Federal investiga se a invasão ao primeiro andar do Ministério do Trabalho, em Brasília, na noite deste domingo (15) tem relação com a operação Registro Espúrio – que tenta desarticular uma suposta organização criminosa que fraudava registros sindicais na pasta (veja detalhes abaixo).

A invasão afetou duas salas da sobreloja do prédio onde, segundo o próprio ministério, funcionam “serviços relacionados ao seguro-desemprego e a carteiras de trabalho”. Essas salas pertencem à Secretaria de Políticas para Emprego.

Em 2016, esse setor era chefiado por Leonardo Arantes, sobrinho do deputado federal Jovair Arantes (PTB) – os dois são investigados na Registro Espúrio e negam irregularidades. No mês passado, já como secretário-executivo do ministério, Leonardo foi preso preventivamente por suposta ligação com o esquema.

O atual ministro do Trabalho, Caio Vieira de Mello, afirmou em nota que pediu “apuração rápida e rigorosa do caso”. Questionado pela TV Globo, o ministério não informou:

  • como funciona a segurança noturna do prédio;
  • quantos e quais documentos foram levados;
  • se algum funcionário será alvo de investigação interna.

A invasão

A ação do invasor só foi descoberta quando funcionários do ministério chegaram para trabalhar, nesta segunda. De acordo com a nota enviada ao G1 e à TV Globo, em uma sala, os armários estavam com as portas abertas. Em outra, havia objetos e documentos espalhados pelo chão e pelos móveis.

Polícia Federal analisa área do térreo do Ministério do Trabalho isolada por seguranças (Foto: Letícia Carvalho/G1) Polícia Federal analisa área do térreo do Ministério do Trabalho isolada por seguranças (Foto: Letícia Carvalho/G1)

Polícia Federal analisa área do térreo do Ministério do Trabalho isolada por seguranças (Foto: Letícia Carvalho/G1)

Até as 20h30 desta segunda, nenhuma prisão ligada ao caso tinha sido informada pela PF. Fontes disseram à TV Globo que quatro notebooks foram levados do local.

Ainda pela manhã, peritos da Polícia Federal isolaram a sobreloja do ministério e parte da área externa. A pasta diz que o expediente não foi prejudicado. A perícia recolheu impressões digitais e imagens do circuito interno.

Durante essa etapa, o repórter cinematográfico da TV Globo Guilherme Timóteo registrou um funcionário do Ministério do Trabalho mostrando a policiais, num celular, imagens de um homem andando pelo corredor do ministério às 23h49 de domingo.

Imagem de câmera de segurança mostra momento em que homem força entrada em sala no Ministério do Trabalho (Foto: TV Globo/Reprodução) Imagem de câmera de segurança mostra momento em que homem força entrada em sala no Ministério do Trabalho (Foto: TV Globo/Reprodução)

Imagem de câmera de segurança mostra momento em que homem força entrada em sala no Ministério do Trabalho (Foto: TV Globo/Reprodução)

O homem está de bermuda, sem uniforme da segurança do prédio. Nas imagens, é possível ver que ele tenta abrir uma porta e, sem sucesso, continua andando pelo corredor.

Registro Espúrio

A operação Registro Espúrio foi deflagrada pela Polícia Federal em 30 de junho, e é relatada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Edson Fachin. A PF tenta desarticular uma organização de políticos e servidores para, supostamente, fraudar registros de sindicatos.

Segundo as investigações da Polícia Federal,

  • os registros de entidades sindicais no ministério eram obtidos mediante pagamento de vantagens indevidas;
  • não era respeitada a ordem de chegada dos pedidos ao ministério;
  • a prioridade era dada a pedidos intermediados por políticos;
  • havia um “loteamento” de cargos do Ministério do Trabalho entre os partidos PTB e Solidariedade.

Na semana seguinte, Fachin determinou o afastamento do então ministro, Helton Yomura. A defesa do político “nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade”. No mesmo dia, ele pediu demissão do cargo.

O substituto de Yomura, Caio Vieira de Mello, tomou posse no ministério na última terça-feira (10). Na cerimônia, afirmou que vai administrar o ministério “tecnicamente”, e não “politicamente”. Ainda segundo o ministro, “se for necessário, será feita” uma limpa no ministério.

A emissão de registros sindicais está suspensa pelo Ministério do Trabalho até outubro. A decisão do ministro Caio Vieira de Mello foi publicada no “Diário Oficial da União” na última quinta-feira (12).

G1

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