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Delator afirma ter pago R$ 115 mil em caixa dois para a campanha de Witzel; governador nega acusação

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Lobista afirma que pagou R$ 115 mil para campanha de Wilson Witzel, em 2018

Lobista afirma que pagou R$ 115 mil para campanha de Wilson Witzel, em 2018

Em delação premiada, um lobista da Paraíba afirma ter pago R$ 115 mil em “caixa dois” para a campanha do governador Wilson Witzel (PSC), em 2018.

O delator afirmou ter entregue o dinheiro a um suposto representante da campanha de Witzel. As informações foram enviadas pra Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. O governador nega as acusações.

As acusações foram feitas pelo lobista atuante na área de saúde Daniel Gomes em delação premiada ao Ministério Público da Paraíba. O acordo foi homologado pelo Superior Tribunal de Justiça. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

Operação Calvário

A delação faz parte da Operação Calvário, que levou para a cadeia no fim do ano passado o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho, do PSB.

O delator afirmou que, em 2018, mandou dinheiro para um suposto caixa dois da campanha eleitoral de Wilson Witzel, ao Governo do Rio de Janeiro. O lobista também disse que esse repasse não foi negociado diretamente com o candidato.

Daniel Gomes contou que foi procurado por Robson dos Santos, na época assessor do então deputado federal e senador eleito pelo PSD Arolde de Oliveira, e que pagou o valor de R$ 115 mil.

Segundo o lobista, Robson é pessoa de extrema confiança do senador Arolde e ocupou também cargo de assistente parlamentar júnior no escritório do senador.

Em depoimento, Daniel Gomes disse que sempre ajudou Robson em campanhas eleitorais apostando nas vitórias dos candidatos que ele apoiava e visando facilidades na obtenção de eventuais contratos com o poder público no futuro.

Doação em três parcelas

O delator entregou como prova imagens de trocas de mensagens com Robson. Ele afirmou, ainda, que a doação não oficial foi paga em espécie e dividida em três parcelas.

A primeira, de R$ 50 mil, teria ocorrido no dia 16 de outubro de 2018. Outros R$ 50 mil foram entregues três dias depois. E a última parcela, de R$ 15 mil, foi paga no dia 26 de outubro.

Daniel Gomes disse também que Robson dos Santos pediu mais dinheiro, e que nas conversas se referia a dinheiro como “pessoas”.

O delator contou que, nas mensagens trocadas nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, onde se lê Robson pedindo ’30 pessoas’ e ’15 pessoas’, deve-se entender, segundo o delator, que Robson estava pedindo ‘ R$ 30 mil e R$ 15 mil”.

O lobista afirmou na delação que Robson dos Santos enviou notícias, pesquisas eleitoras e informações que apontavam Wilson Witzel como favorito.

A intenção era, segundo ele, convencer o empresário a fazer os pagamentos e garantir “um futuro promissor na nova gestão do Estado do Rio com o apoio do senador eleito Arolde de Oliveira”.

Envolvimento de organização social

Em outro anexo da delação, Daniel Gomes cita negociações envolvendo uma organização social chamada Instituto Sócrates Guanaes.

De acordo com o delator, o instituto já estava qualificado na Secretaria de Saúde do Rio, mas nunca havia ganhado licitações por falta de interlocução política.

Daniel Gomes contou que foi procurado pelo lobista Jorge Luz que disse que tinha um bom relacionamento no Governo do Rio, por causa de amizades com o então deputado federal Cândido Vaccarrezza, com o ex-governador Sérgio Cabral e com o então deputado Leonardo Picciani.

Segundo o delator, o instituto passou a controlar o Hospital estadual Roberto Chabo, que fica em Araruama, na Região dos Lagos.

Repasses de valores

Gomes acrescentou que, a partir do início da gestão, faziam uma reunião periódica para distribuir o dinheiro arrecado e, posteriormente, repassar o valor previamente definido a Leonardo Picciani e a Cândido Vaccarezza.

Segundo o delator, os valores chegaram a R$ 167 mil reais em 2015. Leonardo Picciani, do MDB fluminense, atualmente está sem mandato. Cândido Vaccarezza, na época das negociações citadas pelo delator era deputado federal pelo PT. Hoje, filiado ao Avante, também está sem mandato.

O que dizem os citados

O governador Wilson Witzel disse que Robson França não trabalhou na campanha dele, e que todas as informações foram prestadas à justiça eleitoral e as contas aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. O governador afirmou ainda que sua campanha não teve caixa dois e que condena tais práticas.

O senador Arolde de Oliveira disse que Robson não trabalhava com ele na época dos fatos citados. Ele confirma que Robson estava lotado em seu escritório, mas que foi desligado em dezembro do ano passado.

O senador se disse “indignado com o teor da delação, que repudia com veemência tal atitude e espera que os fatos sejam apurados e esclarecidos”.

Leonardo Picciani disse que desconhece as informações da delação e que não teve influência na Secretaria de Saúde, nem no Governo do Rio.

O RJ2 não conseguiu contato com o Instituto Sócrates G, nem com Cândido Vaccarezza, Robson França e Jorge Luz.

G1

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