Curitiba está dividida. As discussões, que antes dominavam as redes sociais, tomaram as ruas nesses dias que antecedem o depoimento do ex-presidente Lula ao juiz da Lava Jato Sérgio Moro. Depois de muita expectativa, adiamento e reforço no esquema de segurança, Lula e Moro finalmente ficarão frente a frente no próximo dia 10, quarta-feira da semana que vem.
Faixas e cartazes em verde e amarelo colorem as ruas da cidade, além de alguns outdoors com uma caricatura do ex-presidente atrás das grades. A iniciativa foi financiada por diversos movimentos sociais. O texto faz a provocação e incendeia ainda mais os ânimos.
“Seja bem-vindo! A República de Curitiba te espera de grades abertas. #Somostodoslavajato”, diz o outdoor.
Nas redes sociais, campanhas reforçam o convite para a manifestação.
“Chegou a hora da República de Curitiba recepcionar Lula e sua militância paga. Vamos todos juntos na resistência civil para garantir todo apoio a lava-jato e ao juíz Sérgio Moro! Junte-se a nós para defender o Brasil dessa corja corrupta! Convide seus amigos e vamos formar o maior comitê de recepção que um corrupto já teve na história do Brasil!!!”, diz uma das páginas criadas para o dia do depoimento.
Apenas no facebook são dezenas de eventos criados por manifestantes pró e contra Lula.
“Torcidas” separadas
A sede da Justiça Federal será o principal ponto de encontro dos movimentos contrários e a favor do ex-presidente, com ativistas não apenas de Curitiba, mas também de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outras capitais. Apenas a Executiva do PT pretende reunir pelo menos 30 mil pessoas para acompanhar o depoimento do lado de fora da Justiça Federal.
O grupo Curitiba contra a Corrupção, o Vem pra Rua, o recém criado Lava Togas, o Movimento Brasil Livre (MBL), a Frente Brasil Popular, além de sindicalistas e membros do Movimento Sem Terra (MST), que irão acampar na Praça Santos Andrade, confirmaram presença.
Os grupos favoráveis e contrários ao ex-presidente vão ficar separados, em pontos diferentes da cidade. O de apoio a Lula devem se concentrar na Boca Maldita. O contrário vai ficar no Centro Cívico. Segundo o Secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, a manifestação será livre, mas qualquer ato de violência será reprimido: “Eles vão ter liberdade para fazer manifestações e comícios, fazer os movimentos próprios. A ideia é que não haja contato entre eles”, afirmou.
A previsão da Secretaria de Segurança Pública (SESP) é que 300 ônibus com cerca de 12 mil manifestantes cheguem à capital paranaense até a próxima quarta-feira. As ruas próximas à sede da Justiça Federal serão fechadas num raio de 150 metros e terão acesso restrito. Apenas a moradores e profissionais de imprensa credenciados poderão circular dentro do perímetro.
“A PM já está fazendo o cadastramento dos moradores, que costumeiramente já faz isso em grandes eventos. A partir do momento que for dar início à oitiva nós vamos ter o monitoramento redobrado”, afirmou o secretário.
Liberdade a José Dirceu
O movimento no entorno da Justiça Federal ganhou reforço desde a soltura do ex-ministro José Dirceu, que precisou ter o carro escoltado por outras seis viaturas da Polícia Federal e chegou a ser cercado pelos manifestantes na chegada ao prédio para a colocação da tornozeleira eletrônica.
A saída de José Dirceu da penitenciária também foi acompanhada por representantes de uma série de movimentos sociais que protestaram contra a liberação do ex-ministro. Houve bate-boca entre ativistas favoráveis e contrários a liberação do ex-ministro.
“A Lava Jato prende e o STF solta. A gente não vai deixar que o STF atrapalhe o trabalho do juiz Sérgio Moro”, afirmou Cristiano Roger, do Movimento Curitiba Contra a Corrupção.
Caso Tríplex
O ex-presidente Lula foi indiciado por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. No inquérito, Lula é apontado como recebedor de vantagens pagas pela empreiteira OAS no triplex do Guarujá. Os laudos apontam melhorias no imóvel avaliadas em mais de R$ 777 mil, além de móveis estimados em R$ 320 mil e eletrodomésticos em R$ 19,2 mil. A PF estima que as melhorias tenham custado mais de R$ 1,1 milhão no imóvel do Guarujá.
Com 149 páginas, denúncia só aborda apartamento do Guarujá a partir da página 92
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