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Análise: eleitores vão considerar experiência e competência na escolha do prefeito

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Maurício Moura é economista, PhD em Economia e Política do Setor Público. Maurício é professor visitante na George Washington University e recebeu recentemente certificado do Programa da Owner/President Management da Universidade de Harvard. Fundador e Presidente do IDEIA Big Data.

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

Presidente e fundador da Ideia Big Data, uma respeitada consultoria em Consultoria em Opinião Pública, o economista Maurício Moura faz uma leitura sugestiva do ano eleitoral que se aproxima a partir das pesquisas que o instituto vem fazendo. A conclusão objetiva é a seguinte: em 2020, não vai bastar aos candidatos a prefeito dizer que “é diferente de tudo que está aí”.

Em texto originalmente publicado pelo blog BR18, do Estadão, Moura explica que “na última década, o mundo ocidental democrático experimentou um esgotamento de representatividade dos partidos tradicionais e uma ascensão dos ‘não políticos’ (outsiders) embalados pela narrativa de ‘que somos diferentes de tudo que está aí’.

Continua: “Exemplos não faltam: o Movimento Cinco Estrelas na Itália, o Podemos e Ciudadanos na Espanha, o AfD na Alemanha, o En Marché na França, o partido do Brexit no Reino Unido, o próprio presidente americano Donald Trump e recentemente a eleição de um comediante para presidente na Ucrania.

“No Brasil, a inesperada vitória de Jair Bolsonaro adicionou o nosso país ao mapa da ‘desconstrução’ do sistema partidário vigente. Todavia, já estamos entrando na ressaca dessa narrativa disruptiva. O que significa isso? E o que podemos esperar para as eleições brasileiras municipais de 2020?”

Para Maurício Moura, baseados nas pesquisas quantitativas e qualitativas do IDEIA Big Data de 2019, e já mirando as eleições de 2020, temos perguntado o que eleitor espera dos futuros(as) prefeitos(as). As respostas vão além de atributos como “honestidade”, “sem escândalos” ou “fora da Lava Jato”. Todos esses muito presentes em 2018.

Ou seja, a opção pelos extremos adotada nas eleições passadas não vai ser o mote de uma grande fatia do eleitorado. Mais maduro e escaldado, os eleitores esperam que “os(as) candidatos(as) terão, de além de mostrar que são honestos, também são capazes de administrar e resolver os problemas do dia-a-dia das cidades. Palavras como ‘experiência’, ‘bom gestor(a)’ surgem muito mais nas pesquisas”.

Ao fim do texto, Maurício lança mão se uma máxima de Aristóteles, o filósofo grego aluno de Platão (autor do clássico “Alegoria da Caverna”): “Se Aristóteles fosse vivo diria: nada deixa os políticos tão absolutamente iguais entre si do que ser governo”.

Por sinal, Aristóteles é apontado como autor de uma frase que cabe muito bem em nossos tempos de fake news e pós-verdades: “O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito na medida em que avança.”

Comentário Focus: Experiência, credibilidade e capacidade de gestão serão fatores determinantes na eleição, por exemplo, do futuro prefeito de Fortaleza? É claro que são elementos importantes a considerar. Quanto mais tais fatores ganham peso, mais forte será a sinalização do grau de maturidade do eleitor.

Porém, há muitas outras variáveis influenciado o processo. Uma delas, bem básica, é o desempenho da atual gestão. Caso seja bem aceita por uma fração significativa do eleitorado, maiores as chances de Roberto Cláudio fazer o sucessor.

De todo modo, se as pesquisas indicam a influência de componentes menos políticos e mais técnicos, podem apostar que RC e seu grupo vão buscar um nome que se enquadre nesse perfil e que seja capaz de agregar o conjunto de valores que o eleitor busca.

Há as variáveis políticas. A retaguarda política dos candidatos tem peso também importante no processo. Nessa área, citemos a inserção social, a dimensão e influência da base política (vereador pedindo voto na comunidade costuma ser fundamental), o tempo na TV, a quantidade de recursos para tocar a campanha, alianças e muitos outros.

Porém, Fortaleza é uma cidade cujos eleitores já mostraram seguidas vezes que não são domesticáveis. Quando o clima de mudança se instala, não tem jeito. Ela se impõe. É o caso agora? Não há elementos para afirmar nem que não e nem que sim. Daqui até lá, muitas outras variáveis vão agir e interagir moldando o gosto dos eleitores.

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