Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
Câmara aprova PEC que obriga governo a executar todos investimentos previstos no Orçamento
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (26), por 448 votos a 3, o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) que obriga o governo federal a executar todos os investimentos previstos no Orçamento.
Após a aprovação do texto-base, os deputados passaram a analisar os destaques (propostas para mudar a redação original). A Câmara ainda tem de analisar a PEC em segundo turno para, então, o texto seguir para o Senado.
A votação do projeto foi sugerida mais cedo, nesta terça, durante a reunião dos líderes partidários da Câmara.
O objetivo do governo, contudo, era aprovar no Senado a chamada PEC do pacto federativo, que prevê justamente o contrário.
O governo tem defendido o que chama de descentralização da arrecadação, o que pode desobrigar estados, municípios e União de fazerem investimentos mínimos em determinadas áreas.
Deputados reunidos no plenário da Câmara durante a sessão desta terça (26) para votar a PEC que trata dos investimentos do governo — Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Orçamento
Atualmente, o pagamento é obrigatório apenas em parte das emendas individuais dos congressistas. Todo ano, deputados e senadores podem destinar recursos federais para obras e ações indicadas por eles próprios no Orçamento.
Pelo texto da PEC, além das emendas coletivas (feitas por bancadas estaduais e das comissões), toda a parte de investimentos do Orçamento terá de ser executada.
Na prática, a proposta pode engessar o governo federal, que não terá espaço para remanejar despesas e terá que cumprir todo o Orçamento aprovado pelo Congresso.
Apresentada em 2015, a PEC já tinha parecer aprovado em uma comissão especial e estava pronta para ser analisada pelo plenário.
Apoio de líderes
Protagonista de uma troca de farpas públicas com o presidente Jair Bolsonaro nos últimos dias, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça, antes da votação, que a PEC do Orçamento teve o apoio de todas as siglas presentes à reunião, inclusive o PSL, partido do chefe do Executivo federal.
Questionado pela imprensa sobre se a medida seria uma forma de retaliação ao Palácio do Planalto, Maia negou.
“A PEC é uma vontade de todos os líderes, inclusive o [líder] do PSL não ficou contra, restabelecendo prerrogativas do Parlamento. Não tem retaliação contra ninguém, pelo amor de Deus”, ressaltou Maia.
G1