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Os investidores cearenses que aplicaram fundos na gestora Miner Investimentos ainda continuam no prejuízo financeiro, após a empresa ter anunciado o encerramento de suas operações no Brasil. Alguns investidores não conseguiram resgatar nenhuma aplicação, conforme tinha sido prometido pela Miner. Em ligações gravadas por uma das vítimas, um dos sócios da empresa admite que perdeu todo o capital financeiro que possuía em sua conta, vindos de aplicações dos sócios, e que está ciente da possibilidade de ser preso pela Polícia Federal.

Em agosto deste ano, a firma anunciou a finalização de suas operações, após ter recebido uma intimação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), comprovando que a empresa não possui autorização legal para atuar no mercado financeiro. Logo após a notificação, a Miner enviou um e-mail a todos os sócios decretando o fim de suas atividades.

Após relatos das vítimas sobre a falta de devolução dos recursos aplicados, a Justiça de São Paulo determinou o pedido de bloqueio dos bens da empresa, assim como as contas pessoais de Geraldo Alves Vieira e Rene Antônio da Silva, proprietários da corretora. Com isso, os dois serão investigados por possível desvio de ativos dos cotistas.

Prejuízos

No Ceará, são cerca de 200 clientes prejudicados com a situação. Em um escritório de advocacia que atende 10 vítimas, por exemplo, o prejuízo estimado é na ordem de R$ 755 mil.

Um dos investidores conseguiu entrar em contato com um dos proprietários da Miner, Geraldo Alves Vieira, para saber se haveria riscos de o percentual prometido pela firma não ser debitado em sua conta. Em resposta, ele afirma que todos os sócios receberiam o valor proporcional e que assumiria todas as consequências judiciais, caso o processo resultasse em sua prisão.

Além disso, também explicou ao investidor que não haveria chances de negociação com a CVM para continuar operando. “A CVM tem autonomia de chegar e falar: olha, você não pode esperar eu te dar um “stop order”, e você não pode atuar nas corretoras. Até provar que lagartixa é jacaré, já era. Não tinha como sair”, afirma.

Contudo, segundo o advogado Rômulo Marcel, que atende os 10 clientes em Fortaleza, alguns investidores não receberam nenhum valor. “Nem todas as vítimas receberam os 25% que foram prometidos pela Miner”, diz. Sobre a justificativa usada para decretar o encerramento de suas operações, ele pondera que a alegação não tem sentido. “Há 10 anos a CVM diz que esse tipo de empresa não pode operar no mercado de capitais. Com isso, usar a desculpa que o órgão alterou seu posicionamento, e isto tornou a operação irregular, não procede decididamente”, arremata.

Nos diálogos, Vieira afirma que, no ano passado, recebeu uma jurisprudência da CVM sobre a proibição de empresas do seu segmento operarem no mercado de fundos, já que a firma atua investindo aplicações de cotistas em outras corretoras. Entretanto, a vítima alegou, no áudio, que não foi informada sobre essa notificação de jurisprudência.

Questionado sobre a falta informação sobre esse detalhe, o proprietário da Miner alegou que todos os clientes sabiam que a empresa operava sem autorização da CVM.

Contratos obscuros

Marcel aponta, porém, que as vítimas não tinham clareza sobre as operações quando firmavam contratos com a firma. “Pouco ficou claro nas ações dos agentes que representavam a Miner. Em verdade, indagados sobre qualquer tipo de circunstância sobre a autorização da CVM, eles diziam que esta autorização era irrelevante ou desnecessária”, aponta o advogado.

Na ligação, a vítima também questiona o valor dos ativos da Miner, diante do número de clientes registrados na firma, que são cerca de mil. O investidor também quis saber se o percentual que a empresa alegou ter disponível em suas contas realmente será debitado. A vítima, que aplicou R$ 150 mil, receberia cerca de R$ 40 mil, equivalente ao percentual de 24,73%.

Nervoso, Vieira afirma enfaticamente que o valor será debitado “Será. Eu tenho R$ 22 milhões na minha conta, das operações que a gente foi liquidando. Esse dinheiro vai ser todo pago aos sócios”, acrescenta. Tentando justificar o prejuízo, o proprietário da Miner afirma, ainda, que a instabilidade do dólar foi um dos motivos para a perda de 75% dos rendimentos dos clientes.

O investidor, contudo, questiona as justificativas. “Se você tem R$ 22 milhões na conta, e operou com fechamento de 75%, você tinha uma carteira de R$ 100 milhões, é isso? É que essa diferença toda eu juro que não entendo onde está”, afirma. Vieira alega que, diante do cenário instável do dólar, os recursos foram desvalorizados. “Você pode perder R$ 1 milhão em um minuto, ou ganhar no mesmo período. É um investimento de altíssimo risco”, aponta.

Acordos não cumpridos

Outro investidor cearense também entrou em contato com o G1 para explicar o seu caso, mas pediu para não ser identificado. Desde o começo do ano, Geraldo Alves Vieira e Rene Antonio da Silva realizavam palestras em diversos pontos do País para atrair mais clientes, inclusive no Ceará. Foi assim que uma a vítima começou a realizar aportes no valor de R$ 10 mil, em janeiro deste ano.

“O Geraldo veio palestrar. Ele me tirou dúvidas por telefone por coisas mais específicas que eu tinha. Uma das dúvidas era como saber que eu estou associado a Miner. Ele disse que o investidor participava dos lucros e prejuízos que viriam a acontecer. Ele confirmou isso nas palestras que ele fez”, comenta.

Para realizar o primeiro lance, a vítima relatou que retirou recursos financeiros de outro fundo de investimento para se tornar sócio da Miner. Além disso, informou que os consultores patrocinavam palestras para clientes e futuros sócios. “O discurso era tão seguro que a gente acabou acreditando. Nas palestras, o Geraldo garantiu que os riscos eram mínimos e que a operação dele era de renda fixa, e isso foi o que me fez investir”, aponta.

Durante seis meses, todos os registros dos rendimentos deram certo. Mas, em julho, algumas atualizações atrasaram. “Neste primeiro período, algumas atualizações diárias atrasaram. Eu tenho um grupo de amigos que também participava. Depois, alguns fizeram retiradas e deu tudo certo. Em agosto, ele chegou com demonstrativo da perda de 75% de rendimentos. E aí a gente foi buscar retornos e foi uma confusão geral”, revela.

Após o anúncio de fechamento da empresa, a vítima teve um prejuízo de R$ 103 mil. No total, ela aplicou R$ 135 mil. “No contrato, ele especificou que a empresa tinha um controle de risco muito bom, ele não poderia ter perdido 75% dos rendimentos. Na minha ideia ele já estava com prejuízo e não estava passando para os clientes. Ele não cumpriu os termos que foram acordados”, pontua.

Em nota, a assessoria de imprensa da Miner informou que todos os sócios da empresa receberão os 25% dos ativos da empresa. “Todos receberão os valores a que tinham direito, descontadas as perdas”, informou. A corretora afirmou, ainda, que está atendendo todas as exigências da Justiça no fornecimento de informações e documentos de suas atividades. Em relação às supostas conclusões das vítimas de terem sido vítimas de golpes, a assessoria esclareceu que “se golpe houvesse, não teria devolução de dinheiro alguma”.

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