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Dinheiro enviado a cearense financiou campanha no Amapá

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|Podemos| Candidata recebeu R$ 300 mil, mas impasses internos na legenda fizeram dinheiro ir parar em conta de candidata a deputada de outro estado, segundo dirigente

O que leva uma candidata do Ceará a doar R$ 300 mil que recebeu do fundo eleitoral para uma correligionária do Amapá? A movimentação financeira foi feita pela candidata identificada nas urnas como Mamãe. Lucilene Correia da Costa, filiada ao Podemos, fez o repasse financeiro a cinco dias das eleições. O montante foi recebido por Joziane Araújo (Podemos), derrotada na semana seguinte quando disputava reeleição para a Câmara dos Deputados.

Com R$ 1,35 milhão disponível para usar na campanha, a amapaense usou todo o recurso, incluindo o depositado pela candidata do Ceará. Conforme dados fornecidos pela sigla à Justiça Eleitoral, o dinheiro recebido pela ex-deputada federal financiou principalmente a compra de combustíveis e a produção de materiais de divulgação.

A parte do fundo eleitoral que esteve temporariamente na conta de Mamãe foi a única enviada pela executiva nacional do Podemos para candidatas em busca de vaga na Assembleia Legislativa. Desse grupo, somente ela conseguiu mais de mil votos, sendo escolhida por 2.374 pessoas nas urnas. Regina Maia, Vilma, Oneida Pinheiro, Katia Moura e Meire Morais ficaram sem verba partidária e nem sequer atingiram os mil votos.

Presidente do Podemos no Estado e ex-candidato a deputado federal, Adail Carneiro foi o único integrante da sigla no Ceará a receber e fazer uso declarado do fundo partidário de R$ 700 mil enviado pela executiva nacional.

De acordo com Toinho do Chapéu, vice-presidente do partido no Estado, o montante foi repassado inicialmente a Mamãe para que ela dividisse igualmente entre todas as candidatas. Contudo, antes que isso ocorresse os R$ 300 mil na conta dela despertaram suspeitas e até divergências internas no Podemos.

“Ela ia fazer a distribuição, mas começaram a brigar, pressionar e ela sentiu que corria risco de cair em situação vexatória, então decidiu devolver. Se o partido quisesse que passasse direto para as outras candidatas…”, explicou Toinho. O dirigente ainda justificou que a conta dela foi escolhida por ter sido a primeira a qual o diretório nacional teve acesso.

Informados que o dinheiro seria devolvido, os dirigentes nacionais do partido pediram que Mamãe repassasse o montante para a então candidata do Amapá, segundo o vice-presidente estadual da sigla. “Ela fez foi bem, porque se só tivesse vindo isso e ela tivesse dividido, ia ficar R$ 50 mil (para cada), e no final das contas as outras candidatas nem sequer apresentaram votos”, analisou Toinho.

Ainda de acordo com ele, o Podemos não fez novos repasses ao Ceará. “O que fizemos foi simples, lançamos Adail Carneiro a deputado federal, ele recebeu a cota única e dividiu com as candidaturas estaduais, potencializou material de todos”, disse.

O POVO ligou para a candidata Mamãe na tarde de ontem. Ela pediu para que fosse contactada novamente minutos depois, já que estaria em consulta médica. Contudo, as novas chamadas não foram atendidas. A candidata Joziane Araújo também foi procurada, mas não respondeu à reportagem.

Trajetória

Antes de disputar vaga de deputada estadual, Mamãe tentou vaga na Câmara Municipal de Fortaleza em 2008. À época, usando o nome de Cilene, obteve 2.104 votos.

opovo

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