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Entrevista: presidente da Associação do Hidrogênio Verde diz que Ceará é protagonista na área e aponta quais setores vão largar na frente

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Por Átila Varela

O hidrogênio verde é o combustível que veio para ficar. Ainda que a produção engatinhe no Brasil, há muito para avançar. É o que afirma o presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio Verde, Luis Viga.

Ao Focus, ele detalhou que setores vão largar na frente e o protagonismo que o Ceará tem construído com grandes players do mercado internacional.

Focus – O hidrogênio verde, assim como foi com a energia eólica e solar no passado, continua caro para produzir?

Luis Viga – Faz um tempo que a tecnologia está no mercado e o preço já vem despencando. Por exemplo, alguns anos atrás, você pagava R$ 800 por MW/h produzido. Hoje esse valor está em 150 MW/h. O que ainda não caiu foi o preço do eletrolisador.  O H2V não é a matriz mais barata, mas vai ser adotada em locais onde favoráveis, como é o caso do Ceará.

Focus – Como você avalia o protagonismo do Ceará na questão do H2V?

Luis – Os investidores entendem que existe um potencial muito grande no Brasil, em especial nos Estados do Nordeste. O Ceará largou na frente, sendo estratégico. Criou-se uma estrutura para dar segurança aos investidores. Não tenho dúvidas que o Ceará está na vanguarda.

O mercado importador vai atrás de locais que são mais em conta, onde os custos de produção são menores.

Focus – Além da energia, quais outras aplicações o senhor considera importante para o Brasil no cenário do hidrogênio verde?

Luis – Produção de fertilizantes é uma delas. Hoje importamos 90%, com a maioria produzida por meio do gás natural. Temos como fazer em um curto espaço de tempo esse volume usando apenas o H2V. Penso também na questão do aço verde, para a siderurgia, além do combustível de aviação.

Focus – Alguns setores podem se sobressair com relação à adoção da nova matriz energética? 

Luis – Sem dúvidas. Alguns vão experimentar a transformação de forma mais célere. Outros, mais lenta. A aviação é um dos primeiros. Existem demandas urgentes para trocar o SAF, o combustível dos aviões, por alguma alternativa menos cara e menos poluente. Até 2030, por exemplo, as companhia que atuam na Europa terão de trocar esse combustível.

Todas as empresas estão preocupadas com ESG. Hoje você quer ser conhecido como o “Mundo Verde” dos carros (referência à loja de itens naturais) e não a “Malboro” (marca de cigarros).

Falando do setor de automóveis, a Mercedes-Benz está para lançar um carro verde. Dentro de alguns anos, esse item vai se transformar numa commodity.

A Fortescue, que trabalha também com mineração pesada, está substituindo os motores à combustão por modelos elétricos. Os transportes pesados são um eixo, assim como os ônibus urbanos. Acredito que eles são mais fáceis de adotar o H2V.

Focus: Com relação à geração de emprego, quanto uma planta de hidrogênio verde é capaz de contratar?

Luis – A nossa estimativa é que a cada 1GW, 5.000 empregos. Isso na construção e operação. Obviamente, na operação, tende a diminuir. Mas numa conta específica, 1GW é capaz de empregar entre 200 a 500 pessoas. Acredito na alta demanda nos próximos anos. 

FOCUS.JOR

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