O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reagiu neste sábado, 19, às críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia à visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
Nas três horas em que esteve em Boa Vista, em Roraima, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o chefe da diplomacia norte-americana endureceu o discurso contra o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, que foi chamado de “narcotraficante”.
Para o chanceler brasileiro, quem se preocupa com a parceria do governo brasileiro com a Casa Branca nessa questão é “quem teme a democracia”.
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De acordo com Maia, a visita do secretário de Estado ao Brasil, a apenas 46 dias da eleição presidencial americana, não condiz com a “autonomia” da política externa brasileira.
O presidente da Câmara também considerou a passagem de Pompeo uma afronta à tradição da política externa e da defesa brasileiras.
Na avaliação de Araújo, o povo brasileiro “tem apego profundo pela democracia e o regime Maduro trabalha permanentemente para solapar a democracia em toda a América do Sul”.
Ernesto Araújo afirma que o governo Bolsonaro busca romper “uma espiral de inércia irresponsável e silêncio cúmplice” com o regime chavista.
“A triste história da diplomacia brasileira para a Venezuela entre 1999 e 2018 constitui exemplo de cegueira e subserviência ideológica, altamente prejudicial aos interesses materiais e morais do povo brasileiro e a toda a América Latina”, escreveu Araújo, em nota divulgada pelo Itamaraty.
Araújo destacou que os Estados Unidos já doaram US$ 50 milhões para a Operação Acolhida (que busca atender venezuelanos que cruzam a fronteira para chegar ao Brasil) e que, na visita, Pompeo anunciou a doação de mais de US$ 30 milhões para essa Operação.
Direitos humanos
Ao rebater as críticas de Rodrigo Maia, Araújo destacou que, na condição de ministro das Relações Exteriores, se sente na obrigação de reiterar o Artigo 4º da Constituição Federal, que coloca a “prevalência dos direitos humanos” entre os princípios que devem orientar as relações internacionais do Brasil.
“Absolutamente nada no posicionamento do Brasil contra a ditadura de Maduro e em favor de uma Venezuela livre fere qualquer dos princípios do Artigo 4º da Constituição. Muito pelo contrário, nossa atuação descumpriria a Constituição se fechássemos os olhos à tragédia venezuelana”, escreveu o chanceler.
Com informações do Estadão Conteúdo
Afonso Marangoni/Revista Oeste