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Ex-presidente da OAS reafirma que reforma do sítio de Atibaia foi descontada de conta de propina do PT; partido nega

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Por G1 PR e RPC Curitiba


Três ex-executivos da OAS prestam depoimento no caso do sítio de Atibaia

Três ex-executivos da OAS prestam depoimento no caso do sítio de Atibaia

Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, reafirmou em interrogatório à Justiça Federal nesta sexta-feira (9) que o valor da reforma no sítio de Atibaia (SP) foi decontado de uma conta corrente de propina que a empreiteira tinha com o Partido dos Trabalhadores (PT).

No depoimento, ele também disse que a reforma do triplex do Guarujá (SP) também saiu dessa conta. A OAS diz ter bancado a reforma da cozinha do sítio, que custou R$ 170 mil. O partido nega as acusações.

Pinheiro e os ex-executivos da empreiteira Paulo Gordilho e Agenor Franklin Medeiros, foram interrogados nesta sexta pela juíza federal Gabriela Hardt, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, que comanda provisoriamente as ações da Operação Lava Jato.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os três ex-executivos da OAS e mais nove investigados são réus no processo que apura se Lula recebeu propina de empreiteiras por meio de reformas e decoração em um sítio em Atibaia, em troca de favorecimento em contratos com a Petrobras.

Léo Pinheiro também explicou que os descontos eram acertados com o ex-tesoureiro do PT, já condenado na Lava Jato.

“Qualquer despesa extra que tivesse a mando do PT, no caso essas duas coisas que foram feitas pro presidente a nível pessoal, como as outras despesas, eu sempre combinava com o [João] Vaccari [Neto, ex-tesoureiro do partido] e fazia-se o encontro de contas.”

Interrogatórios

Paulo Gordilho

O primeiro a falar nesta sexta foi Gordilho, que era diretor técnico da OAS Empreendimentos. Ele repetiu o que já tinha dito à Justiça. Segundo ele, tudo começou depois de um pedido de reforma no lago. Ele e Léo Pinheiro se encontraram com Lula no sítio.

O ex-diretor disse que ficou responsável pelos projetos da cozinha do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia e que apresentou, junto com o ex-presidente da OAS, os dois projetos a Lula no apartamento dele, em São Bernardo do Campo (SP).

Lula foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por receber um triplex no Guarujá como propina dissimulada da construtora OAS. O ex-presidente está preso em Curitiba, desde 7 de abril.

Léo Pinheiro

O segundo a prestar depoimento foi o ex-presidente da OAS, que está preso em Curitiba desde setembro de 2016. Ele tenta fechar um acordo de delação premiada.

Durante o depoimento, Pinheiro também repetiu o que já tinha dito em juízo, na ação sobre o triplex do Guarujá.

Ele disse que foi o próprio ex-presidente Lula que pediu um conserto no lago e a reforma na sala e na cozinha do sítio de Atibaia e que também pediu segredo.

“Em fevereiro de 2014 eu fui convocado pelo Lula para um encontro no Instituto. Chegando lá, ele me explicou que queria fazer uma reforma, não era uma reforma grande, no sitio em Atibaia. E era numa sala e numa cozinha, e também tinha um problema num lago que estava dando infiltração. [Perguntou] se eu podia mandar alguém, uma equipe pra dar uma olhada. Eu disse que gostaria de ir pessoalmente”, afirmou.

Léo Pinheiro voltou a afirmar que foi orientado por Lula, durante uma conversa já com a Lava Jato em andamento, a destruir documentos.

“Se você tiver alguma coisa destrua. Sei que estava comentendo um crime, mas estava preocupado com a Lava Jato em curso, na imprensa. Eu orientei o pessoal da controladoria para fazer um apanhado dos documentos que existiam nesse sentido, algumas planilhas, ‘Zeca Pagodinho’, ‘praia’, estava tudo anotado o que gastou e não gastou. Era uma coisa que nós tivemos que tomar essa atitude por uma solicitação dele”.

Agenor Franklin Medeiros

O terceiro a prestar depoimento foi o ex-diretor da OAS Agenor Franklin Medeiros.

Ele afirmou que a OAS teve dificuldade de entrar nos contratos da Petrobras, que Leo Pinheiro tinha uma ligação muito forte com Lula e que usou disso para fazer com que a empreiteira participasse das licitações.

O que dizem os citados

A defesa do ex-presidente Lula disse que, em vez de se defender, Léo Pinheiro preferiu acusar Lula com afirmações mentirosas.

Ainda segundo a fedesa, é uma estratégia de Pinheiro para convencer o Ministério Público Federal (MPF) a conceder benefícios a ele, inclusive sair da prisão.

A defesa também refutou as acusações feitas pelos ex-executivos da OAS.

O PT informou que nunca teve contas clandestinas, classificou os depoimentos em relação ao partido de mentirosos e declarou que foram negociados em troca de redução de penas e de benefícios financeiros para criminosos confessos.

Já a defesa de João Vaccari Neto afirmou que as declarações de Léo Pinheiro são mentirosas e que são palavras de uma pessoa que nada prova.

G1

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