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Governistas tentam blindar PEC da Previdência das declarações polêmicas de Bolsonaro

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A dois dias do fim das férias dos congressistas, o presidente Jair Bolsonaro recebeu na manhã desta terça-feira (30), no Palácio da Alvorada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ), para uma conversa sobre a agenda legislativa neste segundo semestre.

O café da manhã dos chefes do Executivo e da Câmara ocorreu em meio à crise que se instalou em Brasília após Bolsonaro ter dado uma declaração polêmica sobre a morte do pai do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.

As recentes declarações do presidente causaram perplexidade entre os políticos por se tratar de um assunto que reabre feridas e que deveria ser assunto encerrado depois do trabalho da Comissão da Verdade, que reconheceu a responsabilidade do Estado na morte do militante de esquerda Fernando de Santa Cruz, pai do presidente da OAB.

Bolsonaro chama de ‘balela’ documentos oficiais sobre mortes na ditadura
Jornal Hoje
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Apesar do mal-estar gerado por Bolsonaro, a decisão tomada pelos políticos é a de não polemizar com o presidente da República.

“Não vou entrar neste debate, não vou polemizar”, foi a única declaração de Rodrigo Maia sobre o assunto.

Segundo interlocutores de Maia, o presidente da Câmara chegou a manifestar a Bolsonaro sua opinião sobre tais declarações, mas ele próprio reconheceu que, apesar da repercussão negativa, isso não deve ter impacto na votação das reformas.

“A Câmara construiu sua agenda e vamos levá-la adiante”, disse o líder do PP, deputado Artur Lira.

No encontro na residência oficial do presidente da República, Rodrigo Maia reiterou a Bolsonaro a lista de prioridades que anunciou no fim do primeiro semestre:

  • concluir a votação da proposta de reforma da Previdência
  • dar início à tramitação da proposta de reforma tributária, que já tem comissão instalada
  • colocar em discussão uma reforma administrativa

Desde a última segunda-feria (29), deputados que defendem a reforma da Previdência têm conversado por telefone sobre as declarações do presidente da República. Embora reconheçam que gera polêmica e não ajuda, eles querem blindar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera as regras de aposentadoria de eventuais desdobramentos na votação do segundo turno na Câmara.

Já os partidos de esquerda vão levar adiante a polêmica e estão convidando partidos de centro e de direita a participar com eles de iniciativas contra o governo federal.

Por outro lado, os partidos que defendem a PEC da Previdência, mas não são tão aliados assim de Bolsonaro, preferem o silêncio e não pretendem seguir a estratégia da esquerda.

Por Cristiana Lôbo

Jornalista, acompanha de perto os bastidores do governo e a política brasileira. Comentarista do ‘Jornal das Dez’, da GloboNews/G1

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