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Indonésia: ex-general da ditadura faz campanha como ‘vovô fofinho’ e se declara vencedor de eleição presidencial

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Mais de 200 milhões de pessoas vão às urnas para escolher novo presidente da Indonésia

Os eleitores da Indonésia, a terceira maior democracia do mundo, votaram em um novo presidente nesta quarta-feira (14), e o atual ministro da Defesa, Prabowo Subianto, um ex-general da última ditadura no país, afirmou que foi o vencedor.

O resultado oficial será anunciado no dia 20 de março.

As autoridades eleitorais do país ainda não se manifestaram. Os dois principais concorrentes ainda não admitiram a vitória de Subianto.

Subianto, de 72 anos, participou de um comício na capital do país, Jacarta, e disse que ele é o vencedor de acordo com uma contagem rápida e não oficial.

Prabowo Subianto (direita) após a votação na Indonésia, ao lado do vice Gibran Rakabuming Raka — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Prabowo Subianto (direita) após a votação na Indonésia, ao lado do vice Gibran Rakabuming Raka — Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Terceira maior democracia do mundo

 

Além de ser a terceira maior democracia no mundo, considera-se que a Indonésia tem a maior votação em um único dia no mundo, já que na Índia e nos Estados Unidos (1º e 2º lugares, respectivamente) há possibilidade de antecipar o voto).

O país tem 205 milhões de eleitores (mais do que a população inteira do Brasil).

De acordo com os institutos que fizeram pesquisa de boca de urna, ele teve cerca de 57% dos votos. Para vencer em primeiro turno, é preciso ter mais de 50% dos votos.

Há uma contagem rápida de votos por amostragem de pontos de votação. O resultado final pode demorar um mês para ser divulgado. Desde que começaram as eleições diretas no país, e 2004, a contagem por amostragem foi precisa.

Mesmo com dificuldades logísticas (o país tem 270 milhões de habitantes espalhados em 13 mil ilhas), a votação durou seis horas. Além de presidente, foram eleitos legisladores.

Ex-general da ditadura que fez ‘rebranding’ como vovô das dancinas

 

Subianto foi general durante a última ditadura do país, a de Hadji Suharto, que terminou há cerca de 25 anos. Subianto chegou a se casar com uma das filhas do ditador Suharto.

Ele foi comandante das forças especiais Kopassus até 1998, quando foi dispensado sem honras –o grupo foi acusado de sequestrar e torturar oponentes políticos do ditador.

Em 1998, pelo menos 22 ativistas foram sequestrados, e 13 estão desaparecidos até hoje. Subianto nunca foi levado à Justiça e nega qualquer envolvimento no caso (muitos dos subalternos de Subianto foram condenados).

Durante o período eleitora, Subianto fez muita campanha em redes sociais como o TikTok. Ele tentou se apresentar como um “vovô fofinho” que fazia dancinhas. Ele prometeu 20 milhões de novos empregos.

Na campanha, Subianto se apresentou como o herdeiro político do atual presidente, Joko Widodo (conhecido como Jokowi). O filho de Jokowi, Gibran Rakabuming Raka, é o vice de Subianto.

A economia da Indonésia está em crescimento, e há muitos projetos de infraestrutura no país –entre eles, a construção de uma nova capital, que vai deixar de ser Jacarta para passar a ser uma nova cidade na ilha de Bornéu.

Essa é a terceira vez que Subianto se candidata a presidente. Das duas outras vezes, ele perdeu para Jokowi.

O filho de Jokowi, Gibran Rakabuming Raka, que é o candidato a vice de Subianto, tem 36 anos, e pelas regras do país ele não poderia concorrer, porque exige-se idade mínima de 40 anos. Mas a campanha entrou com uma ação na Corte Constitucional do país, que permitiu que Raka pudesse concorrer.

O presidente da Corte Constitucional é o cunhado de Jokowi. Ele não se declarou impedido, mas um comitê o afastou.

G1

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